Quarto de Hope

- Já te disse que nao vou sair - voltei a dizer - Não me podes obrigar a faze.lo - respondi, voltando a tapar.me - Eu so vou sair quando ja nao tiver isto - apontei para a minha cara

- Eu estou bem aqui. Porque é que queres tanto que eu saia ? - perguntei, sentando.me - Porque e que te incomoda tanto que eu esteja em casa ? - eu nem sabia se conseguia meter os pes fora da porta sem entrar em panico

- Se nao ficasse aqui fechada, ficava no hospital e aqui estou mais confortavel. Eu nao vou sair, se queres faze.lo, podes.te ir embora. Nao és obrigado a nada - respondi.lhe - eu vou tomar banho - disse, indo fechar.me na casa de banho

Grunhi de frustração quando ela fugiu ao meu pedido uma vez mais. Saí do quarto e dei por mim a andar de um lado para o outro na sala. Resolvi mandar um sms à enfermeira Singer. Hope precisava de interagir com outras pessoas, e talvez assim funcionasse. 

Tomei todos os cuidados necessários antes do banho. Sequei bem a pele, tirando os restos de creme, cobri todas as feridas com a pelicula e fiz tudo o que tinha a fazer em termos de cuidados pessoais. Tudo para demorar o maximo tempo possivel no banho. Quando sai da casa de banho, tinham passado 40 minutos e ele não estava no quarto. Suspirei, ficando embrulhada na toalha enquanto me voltava a deitar. - Eu so quero ficar aqui, segura.. - murmurei para mim mesma

Esperei pela enfermeira Singer na sala. Quando ela chegou encaminhei-a para o quarto. Como da outra vez, entrei primeiro e vi que ela já saíra do banho apenas para se enfiar no mesmo sítio. - Hope, vou sair para fazer umas compras mas...uh, está aqui a enfermeira Singer - fiz-lhe sinal indicando que podia entrar - Não vou demorar, mas assim sempre podem as duas ter alguma privacidade. - Seria a primeira vez naqueles dias que estaria fora de casa, longe dela. Iria ser rápido - Até daqui a pouco. - E saí.

Olhei para ele, arregalando os olhos - vais sair ? - perguntei, sentindo o pânico começar a borbulhar no meu estomago - porque é que a chamaste ? eu nao preciso de mais nenhuma consulta - olhei para mim em toalha e tapei.me. Olhei para a enfermeira e depois para ele - nao me podes deixar.. - pedi - Kenneth - chamei mas ele ja tinha saido

Foi dificil transportar-me para fora dos enormes portões da mansão Irwin. Tinha ativado no meu telemóvel o sinal das camaras de segurança em redor da propriedade e estaria em máximo alerta caso alguém tentasse chegar perto da mansão. Por agora estaria apenas Hope e America Singer. O que me distraiu ligeiramente foram as compras de supermercado e, para meu contragosto, um longo telefonema com Jennifer só para me lembrar do meu prazo com Hope. Ainda nem uma hora passara quando regressei e fui bater à porta do quarto. Esperava mesmo que Hope tivesse aproveitado aquela hora com a enfermeira.

Ele nem voltou para tras apesar de ser notavel o panico na minha voz. Engoli em seco, olhando para a enfermeira que sorria para mim, esperando a minha autorização para entrar - Eu não sei porque é que ele lhe ligou mas eu não preciso de babbysitter - disse num tom um bocadinho arrogante - agora se não se importa, eu vou a casa de banho para me poder vestir - peguei novamente numas calças de fato de treino e uma t-shirt, indo vestir.me. Estava na minha casa, podia vestir.me como quisesse

Depois de me ter vestido e voltado para a cama, convidei America - como ela me pedira para chamar - a sentar.se, não era assim tão mal educada. Percebi que Kenneth a tinha chamado porque eu me recusara sair de casa e, apesar das suas tentativas em fazer com que falasse, mantive as minhas respostas curtas. O tempo passou mais rapido do que eu pensara e, mal dara por isso, Kenneth estava de volta - Kenneth - estiquei os braços para ele

Abracei o seu pescoço, encostando o meu rosto ao seu peito. Suspirei de alivio por ele estar ali e acabei por revirar os olhos - nao teve o efeito que tu pretendias - garanti

Claramente, pensei para mim mesmo depois da sua declaração. Teria de pedir desculpas a America por ter vindo perder o seu tempo.  - Já falamos - Tive que me afastar para levar a enfermeira até à porta.

Suspirei, dizendo adeus a enfermeira - cordialmente como sempre tinha sido -, acabando por me embrulhar num cobertor. O seu "ja falamos" fazia.me lembrar quando eu fazia asneira e o meu pai nao queria falar a frente das outras pessoas para nao me envergonhar. Suspirei, virando.me de costas para a porta, fechando os olhos

Agradeci novamente à enfermeira Singer pela sua disponibilidade.  Ela tinha uma série de conselhos para mim mas eu nem sabia por onde começar se Hope nem sequer tentava. Regressei ao quarto. - Não adormeças- pedi.

- Falaste exatamente nesse tom de voz, como se tivesses a dar.me um aviso. - revirei os olhos - Eu não preciso da ajuda dela e não gosto que a tenhas chamado novamente cá a casa. Eu estou melhor - pelo menos era o que eu dizia a mim todos os dias. Que tudo ia ficar melhor, que tudo ia passar - Já te disse, não es obrigado a ficar aqui comigo

- Não entendes que não consigo ? - perguntei num tom de voz alto - Não entendes que eu nao me consigo sentir segura para la daquela porta, só de pensar em ter de sair da porta da rua, começo a entrar em panico - gritei, sentindo as lagrimas turvarem.me a visao - Nao consigo! Eu não consigo! - solucei, escondendo a cara entre os meus braços

Todo o meu corpo tremia - Eu nao quero que a chames cá. Não preciso da ajuda dela, eu preciso de tempo. Dá.me tempo - pedi - Eu prometo tentar quando ja nao tiver marcas