Residential Street

O papel com o endereço da casa de Africa estava guardado no meu casaco de cabedal. Assim como a minha arma. Ambos estacam destinados a não ser encontrados por ninguém sem ser eu. Com estas cosias comigo, estava pronto para atura uma festa imbecil. Também já tivera os meus tempos de juventude despreocupada, mas mesmo aí nunca fora muito dado a festas.

Mas desta vez tinha de ir. Hope estaria lá. Se eu queria aproximar-me dela, esta era a oportunidade. Já em cima da hora, pûs-me na minha mota e segui para a festa. Claro, a casa de Africa ficava num bairro chique, de classe alta. Destacava-se logo pela iluminação. Já la devia estar toda a gente.

Deixei a mota num sitio onde estivesse menos propensa a ser atingida por algum imbecil. Então entrei no recinto. A porta estava fechada. Ao invés de tocar à campainha, dei a volta pelas traseiras. 

Africa dava provavelmente as melhores festas dos campus. Passavam pouco das oito e a sua casa já estava a abarrotar de corpos colados na sua sala a dançar ao som de uma música qualquer que o DJ que ela tinha contratado tocava. Tentei passar pelas pessoas no meio da "pista de dança" mas isso era dificil, tendo de dar encontrões e cotoveladas para o poder fazer. Senti alguém apalpar.me o rabo e apenas revirei os olhos, suspirando por estar naquele ambiente e não em casa. Porque é que eu ainda me dava ao trabalho de vir ? Peguei num copo que estava em cima da mesa e dirigi.me até ao sofá mais proximo onde me afundei para fazer o tempo passar sem que ninguem me chateasse.

Já era quase meia-noite pelas contas do meu relógio. Vi imensa gente ao entrar pelo jardim. Havia quem se atirasse para a piscina, outros já estavam podres de bêbados, alguns já K.O. Tentei não demonstrar o meu desagrado com o estado de uma festa assim. Entrei dentro da grande casa. Bebida foi-me de imediato servida e a música atacou os meus ouvidos. Que ruído. Que imensidão de gente. As festas de Africa bem que eram conhecidas, não era verdade? Deparei-me logo com umas miúdas a colocarem os seus decotes na posição mais avantajada que eu podia ter. Só pararam quando Africa lhes barrou o caminho, virando-se para mim. Toda ela era sorrisos sensuais. Não me impressionava.

- Kenneth! - Fingiu-se surpreendida por me ver - Sempre vieste. Que bom! Anda, vem dançar comigo! - Agarrou-me pelo braço, mas eu não lhe fiz caso.

- Calma. - Disse.

As horas passavam e eu já tinha sido atacada por uns quantos rapazes completamente embriagados que tentaram a sua sorte mas eu tinha apenas bebido um copo ou dois, o que me deixava completamente sóbria e consciente que nao queria estar com nenhum deles. Ouvi um grande alarido perto da porta das traseiras e pude ouvir murmurinhos por parte das raparigas mas não liguei, provavelmente era só mais um rapaz que se tinha atirado à agua ou despido a camisola. Começou a passar uma música que eu gostava e decidida a divertir.me nem que fosse por cinco minutos, levantei.me e fui dançar sozinha.

Africa pareceu surpreendida com a minha resposta e por não me arrastar de imediato para a pista - Também podemos ficar por aqui, beber... Claro - Acabou por dizer, tentando remediar a situação. Agarrou num copo para ela mesma enquanto eu bebi o conteúdo do meu. Até era álcool de qualidade. Só que eu não me ia embebedar. Fazia o meu trabalho sóbrio. Sempre.

Precisava de encontrar Hope. E quem melhor do que Africa para me levar até ela? Era um palpite - Está bem, vamos lá dançar - Acedi. Ela quase soltou um gritinho de entusiasmo. Revirei os olhos. Fomos.

Vi o pessoal desviar.se e Africa ir para a pista de dança praticamente aos saltinhos de tão entusiasmada que estava. Olhei para quem ela agarrava e fiquei surpreendida quando vi Kenneth atrás dela, pronto para a pista de dança. Quando o vi falar com ela na faculdade pensei que ele não fosse na conversa dela, talvez se aborrecesse um pouco com ela mas agora que o via na pista de dança com ela, talvez ele se tivesse a fazer de dificil só para juntar ao look de misterioso. Suspirei e fiz um thumbs up quando ela olhou para mim e começou a gesticular para ele

Tal como eu esperara, Africa fora a peça que me conduzira mais rapidamente até à verdadeira rapariga que me levara a ir àquela festa. Hope estava a uns metros, no meio de todas as pessoas naquela pista de dança improvisada. 

Africa já estava um pouco tocada. Dançou muito, muito próxima a mim. Às vezes colada. Eu não a achava nem um pouco atraente. Até um pouco irritante. À primeira oportunidade ia-me livrar dela. 

Virei costas quando ela se começou a roçar nele, dispensando ver o que ia sair dali ou de qualquer outro rapaz e rapariga que aparecesse no meu campo de visão no marmelanço. Fui procurar algo para comer no meio do alcóol mas a comida parecia ter desaparecido toda. Eu podia jurar que quando tinha chegado uma das mesas estava cheia de comida mas agora estavam cheias de garrafas e copos com bebidas e talvez algo mais, se um tarado qualquer se aproveitasse da situação. Tentei passar por entre os corpos, recebendo olhares de raparigas quando interrompia algo, dirigindo.me para a cozinha.

Não me estava a divertir minimamente. Estava farto de que Africa se roçasse em mim. Às tantas ela já estava tão tocada que nem se apercebeu de que eu me afastara. Já estava entregue aos braços de outro tipo que aprecia desejoso de lhe pôr as mãos em cima.

Eu, entretanto, procurei por Hope. Não a vendo em sitio algum, procurei na cozinha. Entrei descontraidamente, apanhando-a de costas pelo que ela não me sentiu chegar - Já estás aborrecida com a festa?

Eu já era uma pessoa desastrada por natureza mas quando me assustavam, passava a outro nível. Deixei cair a taça que tinha preparado com snacks, espalhando tudo pelo balcão e chão. - Kenneth - disse, surpresa, virando.me para ele - não está ninguém interessante ali e eu tinha fome - encolhi os ombros e peguei num pretzel, pondo.o na boca - Tu não estavas a dançar com a Africa ?

Não contive um sorriso divertido quando ela deixou cair  taça, mostrando-se atarantada com a minha presença na cozinha. Não estava surpreendido por ela se lembrar do meu nome.

- Duas coisas em que concordo contigo - Aproximei-me, não a desfitando, e roubei um dos snacks que estava em cima do balcão da cozinha. - Estava - Disse apenas. Claramente já não estava a dançar com ela - Mas é como dizes, não estava lá ninguém interessante.

Dei um passo para trás quando ele se aproximou, embatendo com a minha zona lombar na bancada, ficando assim encurralada - sabes, isso não faz sentido. Se foste dançar com ela é porque a achaste interessante logo.... estava alguém interessante lá se ela estava contigo - disse, começando a pensar em hipóteses de escapar daquela prisão

A sua observação fez-me soltar um sorriso sarcástico. - Faz todo o sentido. - Contra-argumentei - O mundo não é tão literal assim. E se fui dançar com ela apenas porque queria que ela me desse espaço? Caso contrário ia-me perseguir a noite toda. És amiga dela, deves saber que estou certo - Retorqui. 

Semicerrei os olhos e inclinei ligeiramente a cabeça - provavelmente tens razão, ela iria ficar a falar contigo até tu finalmente dançares com ela - conseguia sentir algumas pessoas a observar.nos e isso incomodava.me ligeiramente - mas se não querias dançar com ela podias não vir - sugeri - tinhas ficado em casa ou assim e ela tinha percebido a dica - encolhi os ombros.

- O problema é que eu não teria paciência para ouvi-la mais de dez minutos - Admiti despreocupado. Seria uma tortura. - Sei que ela é tua amiga, mas é a verdade.

Percebi que a atenção de Hope recaía nas pessoa que começavam os burburinhos à medida que passavam pela cozinha. - Preferi vir, avaliar o ambiente. Ela vai perceber a dica também. E se é isto que me espera das festas universitárias aqui em Cambridge, então...ugh.

- Esta provavelmente é uma das festas mais desejadas do ano, depois as festas na faculdade mas essas são diferentes como é óbvio - encolhi o ombros - não me faz diferença o que achas dela - expliquei mas até que me agradava o que ele dizia - acho que és os dos poucos que não se está a babar para ela - suspirei, passando a mão pelo cabelo. as vezes ser amiga de Africa tinha os seus pontos negativos e esse era um deles

Não precisava que ela me desse explicações sobre festas universitárias. No entanto, ia ouvi-la e fingir-me interessado até a ter pelo beicinho. A curto, médio e longo prazo. 

- Pois, sobre isso já percebi. Parece que para muitos ela é a única rapariga da festa - Olhei Hope nos olhos - mas não para mim.

Engoli em seco, rindo.me para disfarçar a minha timidez - devia ser, ela é.. única - passei por ele para poder ganhar espaço e começar a apanhar os snacks do chão antes que alguém caisse. No estado que metade daquelas pessoas estavam, já deviam tropeçar no próprio pé, não precisavam de snacks no chão para ajudar - porque é que não gostas dela ? - perguntei para virar o assunto para Africa. Era fácil falar sobre ela.

Estava com o olhar no chão a questionar.me porque é que realmente me importava e quando levantei o rosto, ele estava mais perto do que o que eu pensava, fazendo com que os nossos narizes praticamente roçassem um no outro. - não me importo, apenas acho estranho e diferente do que estou habituada a ver - expliquei

Estávamos muito próximos. Permitia-me ver e analisar melhor os contornos do seu rosto. Para uma britânica, ela tinha aquele ar fofinho e amoroso que raramente chamava a atenção.

Ajudei-a a apanhar parte das coisas caídas no chão. Levantei-me. - Não me digas que sou o único a contrariar a tendência? - larguei as coisas na bancada. - Porquê que estamos a falar de Africa, Hope? Estás sempre atrás dela. Porquê que não falamos de ti, ao invés?

- És dos poucos que quebra a tendencia sim. Ela quando quer a atenção de um rapaz, ela tem. sempre foi assim e como tem aquele ar bronzeado e loiro destaca.se mais porque vamos ser honestos, não faz muito sol aqui em londres - ri.me, levantando.me - não há muita coisa a saber sobre mim Kenneth - encolhi os ombros

Encostei-me ao balcão. Parei de a fitar por momentos. Saquei do maço de tabaco do bolso traseiro das minhas calças. Tirei um cigarro e o isqueiro. Coloquei o cigarro na boca, inclinado a minha outra mão para depois o acender. - Importas-te? - Perguntei, embora não me importasse realmente.  Depois prossegui com a conversa - A mim parece-me que te deixas ofuscar pela tua amiga, e que aceitas isso. Não está certo. Estou certo de que deves ser interessante. Se não fores, vou ficar muito decepcionado pois é sinal de que esta festa não tem mesmo ninguém de jeito.

- Hmm não - fiz uma careta. não gostava muito do cheiro mas depois do que já tinha passado, que diferença é que fazia ? - não sou do tipo de rapariga que gosta de chamar muito à atenção, a Africa fica com essa atençao e ajuda.me a passar despercebida - encolhi os ombros. um rapaz meteu.se entre nós, metendo a mão na minha coxa - o que é que estás a fazer ? - perguntei enquanto o tentava empurrar - Christian sai de cima de mim