Mer & Heath's

Ela tinha razão: era esgotante, era tóxico, era o pior caminho a seguir. - Entendo que queiras espaço para pensar, mas a ideia de estar longe de ti deixa-me doente - Mesmo que estivéssemos zangados.

Era importante para mim ouvir aquilo, perceber o que a afligia e o que originava as suas inseguranças  - Mer, eu estou bem. Por causa de ti. Estou recuperado. Já passou quase um ano e estou bem, sem crises. Se eu me sentir mal digo-te imediatamente - Prometi. Quanto à outra fonte de preocupação era mais difícil prometer - Eu amo-te com cada fibra do meu ser. Nenhuma memória ou relação antiga pode minar isso - Era a única certeza que, apesar de tudo, tinha.

A minhe leitura da situação era que ela era insegura sobre tudo o que me dizia respeito. Se a minha condição física,  se a minha memória,  se o meu passado, se o nosso futuro - eu também não vou desistir mas não quero que estejas permanente com medo do que possas encontrar, com medo de me perderes se descobrirmos quem eu era. Eu quero, eu penso nim futuro contigo.  Isso importa-me mais do que o meu passado,  consegues entender isso?

Apesar da tensão entre mim e ela, não resisti a aproximar-me e rodear a sua cintura com os meus braços, puxanado-a suavemente contra mim. Queria que ela me sentisse, que soubesse que eu estava ali e para ficar - Quando esse momento chegar, se chegar, preciso que saibas que vou ter em conta todo o tempo que estive contigo,  como me salvaste, como te tornaste a razão do meu viver. Eu amo-te Mer e duvido que isso mude se recuperar a memória. 

Precisávamos daquele momento de reflexão.  Ainda não tinhamos tudo resolvido e eu ainda não lhe contara sobre o part time, mas não valia a pena desgastar mais aquela noite.  Eu acho que continuas linda. Isto não muda nada, embora não goste de te ver chorar- Por issp nada daquilo me demoveu de capturar os seus lábios no segundo seguinte.

Eu até gostava de ouvir aquelas coisas - Tu és linda, sempre. Comigo ou sem mim. Mas preferencialmente comigo - sorri. Peguei na sua mão e levei-nos para o quarto. Não queria que dormissemos separados nem mais uma noite, embora ainda tivesse o receio dos mehs pesadelos.

Tê-la novamente nos meus braços fazia toda a diferença.  Sentia que podia enfrentar o mundo inteiro só para a proteger. Contudo todos os receios que ela tinha eram do único tipo que eu não a podia proteger.  - Boa noite, amor.

Bastante tempo depois de ela adormecer nos meus braços, eu ainda permanecia acordado simplesmente a observá-la. Não de uma maneira de stalker, mas sim de admiração. Sentia-me tão sortudo por tê-la, mas sentia ao mesmo tempo que não estávamos num bom caminho e que eu podia estar a deitar tudo a perder. Só o pensamento de perder Mer era demasiado - ela era a minha vida. Fazia quase um ano desde que acordara do coma e ela era o mundo para mim desde esse primeiro instante. Decidi que lhe ia contar do part-time e que ia fazer com que isso não fosse mais um espinho na nossa relação. Faria-o brevemente. Queria que resolvêssemos todos os nossos problemas para seguir em frente... para onde quer que "em frente" fosse.

Estava precisamente a sair do hospital quando ela por fim me respondeu. Atendi ao primeiro toque - Estou mesmo à saída.  - Fiquei à espera que ela aparecesse.  Recebi-a de braços abertos e reclamei de imediato um beijo. - Hey. Como foi o teu turno?