Queen Charlotte's Hospital

- Hmm deixa.me pensar. A minha irmã faz tudo o que quer e tem tudo o que quer, por isso, ela vai.te falar de maneira superior ou então vai tentar seduzir.te - revirei os olhos - O meu pai é protetor de nós as duas mas comigo não tanto. Gosta de ver golf na televisão e é reservado. A minha mãe é a tipica mãe, cozinha, arranja as coisas na casa e anda sempre de avental e bochechas rosadas. Acho que ela vai ser a mais facil de conquistar, além da minha irmã

Fui assimilando as coisas que ela me dizia sobre a sua familia - Então as minhas hipóteses não são assim tão más - Comentei. Passado algum tempo finalmente chegámos. 

- eu nunca disse que eram, so te disse o que me disseram - quando chegamos a minha pequena casa, olhei para ele - nao e muito mas garanto.te que e melhor que o hospital. Pronto ?

Esperava que ela tivesse a mesma esperança que eu em como seria apenas uma questão de tempo até que eu fosse aceite. - É melhor do que algo que poderia ter esperado - Não tinha sequer o direito de exigir nada quando era ela que estava a afzertudo por mim sem receber nenhuma retribuição. 

Kenneth estava a fazer de tudo para me sentir confortável mas eu simplesmente me sentia exposta. Ainda conseguia sentir as maos de Christian no meu corpo, a apertar o meu peito, a sua boca a morder o meu ombro e o meu pescoço, ao ponto de deixar marca. Tapei.me com o lençol que me deram, encolhendo o corpo o mais que conseguia enquanto abraçava os joelhos - Não são só os da cara que tenho - disse num tom envergonhado, escondendo a cara entre as minhas pernas

Eu já vira muitas vítimas na minha vida. Quando se tratava de alguém comm quem eu me importava, tornava-se excruciante assistir ao estado em que os abusos as deixavam. Hope estava longe de me ser indiferente.  Muito pelo contrário.  A extensão da sua dor devia pairar pelo corpo todo, embora eu só pudesse ver na cara e no pescoço - Elas podem ajudar-te com esses também  - Não queria sequer imaginar - Se quiseres dou-te privacidade enquanto elas tratam de ti. Estarei mesmo atrás da porta.  - Era a única coisa que eu podia oferecer. 

Assim que ele se ofereceu para sair do quarto, o meu coração disparou - Não! Não me podes deixar sozinha - agarrei na sua mao com força para o obrigar a ficar - Por favor.. - pedi enquanto me levantava devagar. Relutante, virei.lhe costas e tirei o seu casaco, ficando exposta. Sabia que as minhas costas deviam estar arranhadas e queimadas da fricção que o tijolo tinha deixado na minha pele, o meu peito tinha os seus dentes cravados, formando meia luas, os estragos continuavam pela minha barriga onde ele me tinha arranhado, fora os hematomas da cara, braços e pescoço - Eu deixo que me vejam, se ficares comigo

Fechei os olhos quando começaram a tirar fotos e a tirar "provas" que conseguissem para poder provar o que tinha acontecido. Senti uma lagrima cair, enquanto passavam um pente pelos meus cabelos emaranhados para que os residuos que tinham ficado agarrados pudessem ir para um saco de provas. Depois de ter sido submetida a varios testes e me terem tratado de maior parte dos cortes, sendo um dos piores, o da cara, foi.me pedido para autorizar que me tirassem amostra de semen da minha vagina. Apertei a mao de Kenneth com força e comecei a afastar.me - Não chega já o que tem ? - perguntei.

- É o procedimento que precisamos de fazer para ter as provas todas para poderem acusar o abusador. Também terás de tomar a pilula do dia seguinte, uma medicaçao para STD e falar com um psicologo mas podemos falar disso mais tarde se quiseres descansar. Entendo que seja dificil mas tu és forte - disse a enfermeira

- Eu so quero ir para casa e desaparecer - escondi o meu rosto no peito de Kenneth, sentindo o meu corpo a tremer

- Hope, certo ? - perguntou.me e eu assenti - Vamos dar.te um quarto privado para ti e para o teu namorado - olhou para Kenneth com um olhar desconfiado - Só queremos ter a certeza que estás a 100%. O que te aconteceu foi dificil e o teu corpo pode não aceitar isso. Agora estas em choque mas quando te acalmares, podes.te sentir mal e estamos aqui para prevenir isso

O que ela me dizia, fazia sentido mas o que o meu corpo dizia era que eu ali nao estava segura, so estaria quando fosse em casa e me trancasse la - Kenneth.. por favor..

- Eu nao me sinto segura aqui, ele vai aparecer novamente aqui e ele vai.. ele vai.. - afastei.me de toda a gente, encostando.me ao canto do quarto e deslizando pela parede ate ficar sentada no chao, escondendo a cara nos joelhos - ele vai faze.lo novamente

- Tu deixaste.me sozinha, mais de duas horas.. no meu aniversário quando prometeste que teriamos um jantar - murmurei - Eu tentei para.lo, eu juro que tentei. Eu tentei.. - continuei a repetir

Continuei a repetir para mim mesma que tinha tentado para.lo apesar de ter desistido porque ele tinha mais força que eu. Passado um tempo, a enfermeira deve.se ter cansado de esperar e tentou levar.me para a cama porque o chao nao era o melhor sitio. Quando ia para me tocar, foi como se tudo voltasse a mim e de repente soltei um grito de puro medo - Nao.. outra vez nao..

Passei as maos pelo cabelo, aproximando.me dele devagar - Saiam todos! Saiam! - mandei, refugiando.me nos seus braços. Eu só queria que ele me abraçasse e me deixasse chorar porque eu nao sabia como ia enfrentar o dia seguinte. Como é que eu podia esquecer o que tinha acontecido e seguir em frente ?

Apesar das suas palavras confortantes, eu sentia.me tudo menos confortada. Deixei que ele me confortasse nos seus braços, o unico sitio onde neste momento me sentia segura. - eu nao sou assim tao forte, nao sei como passar isto

- Nao podes contar ao meu pai - nem conseguia pensar na ideia, ja era muito mau o que tinha acontecido - nao vai mudar nada, ele nao pode voltar aqui - deixei que me levantasse e levasse para a cama - eu fico bem sozinha.. eu fico bem - disse para me convencer a mim e nao a ele