Mer & Heath's

Não sabia se a ia encontrar em casa, se me cruzaria com ela. Fui cautelosamente entrando, decidindo chegar ao quarto - Mer? - perguntei baixinho para ver se ela estaria acordada.

Ponderei se, à semelhança dos outros dias, teria de dormir no sofá.  Ponderei se somente a minha presença a enfureceria. Mas, ao mesmo tempo, não queria desistir tão facilmente por isso despi-me, deixando apenas ficar os boxers, e deitei-me no meu lado da cama.

Com aquilo ficou muito claro o que ela sentia. Ao menos não me expulsou do quarto, pensei.  Indaguei se seria a altura para falar ou não mas no fim não me consegui manter calado - Eu despeço-me do café se achares que é o que devo fazer. - disse num tom resignado,  sem tom culpatório.

- eu nao tenho de achar nada. A vida e tua, fazes o que quiseres dela - disse sem olhar para ele. O meu telemovel vibrou e respondi a mensagem de Mason. Aparentemente eu e que estava a exagerar, ate o meu melhor amigo que nao gostava do meu namorado estava do lado delegado

- Mer... - Não a podia estar a acusar de irrasionabilidade pois o erro fora meu mas... - A vida é minha mas tu és a parte integral desta. Eu sei que achas qur não estou capacitado para trabalhar e eu fi-lo nas tuas costas o que torna pior. 

Grunhi frustrado - O ponto é que preciso de te dar justificações.  Quero far-te justificações porque a mim importa o que pensas - Não sabia como dar a volta à situação.

Luzes apagadas, conversa terminada e nada resolvido. Não preguei olho a noite toda e desconfiava que Mer também não.  O ambiente no quarto estava super tenso. Dei mil voltas à cabeça a tentar perceber o que podia fazer para remediar isto, mas quebrara a sua confiança e isso seria difícil de facilmente remediar.

Tive o dia só para mim. Sem fisioterapia nem turno no café, sem planos. Passei horas a pensar no que poderia fazer para resolver a minha situação com America, mas traíra a sua confiança e isso não era algo que pudesse recuperar facilmente. Como não conseguia encontrar respostas para este problema,  dediquei-me a outro. Passei horas a fio no portátil a pesquisar p meu nome em bases de dados de pessoas desaparecidas,  a pesquisar sobre as coisas que às vezes apareciam na minha mente e tentar conecta-las.

Por muito que me tentasse concentrar no trabalho, não conseguia. Por muito que tentasse só conseguia pensar em que mais mentiras ele me tinha contado. Será que já se tinha lembrado de mais alguma coisa sobre ele e escondido ? Será que os sonhos eram como ele dizia ou eram só mais uma mentira ? Acabei por ser dispensada mais cedo por fazer asneira atrás de asneira e fui andar por Londres, precisava de pensar se iria ficar com ele ou nao, se confiava nele ou nao. Estava demasiado confusa

O meu coração batia rápido de mais. Por um lado porque estava no frenesim da pesquisa de computador até agora infrutífera, por outro lado pela ânsia de saber que Mer voltaria para casa naquela tarde e se sim, como seria. Dediquei o resto do tempo na única coisa tangível: a pesquisa. Pouco sabia sobre mim: Nome Heath, provável origem norte-americana, transtorno do stress pós-traumático, uma coma de oito meses depois de lesões bastante graves, transportado de Gibraltar... Os meus sonhos eram violentos, turbulentos, num sítio onde só havia ruínas e pó. Sei que a assistente social já fizera pesquisas ela própria, mas tentei ir mais longe, fazendo a busca associando-me ao mundo militar. Não podia não deixar de ter algumas esperanças.