Queen Charlotte's Hospital

- Aconteça o que acontecer, não te mexas. Não podes levar um tiro, não por te armares em herói - pedi e beijei.o, se aquilo ia acabar ali ele tinha de saber que eu tinha sentimentos por ele - por favor - pedi - não te mexas, aconteça o que acontecer - repeti - se ele me encontrar ou se ele entrar e te destapar, não te mexas ou respires. promete.me - esperei que ele me prometesse para me poder esconder

- Prometo - Disse embora nao soubesse se aquela era uma promessa que conseguisse cumprir pois se Mer ficasse em perigo eu não me conseguiria conter. 

Tapei.lhe a cabeça - fica quieto e se a porta abrir, não respires - murmurei e pus.me debaixo da cama, pondo a mao na boca para não fazer som nenhum. as pessoas continuavam a gritar e os tiros estavam cada vez mais perto. eu só pedia que ele não entrasse no quarto, que ele visse a cama e seguisse em frente porque não estava ali ninguém vivo mas nem sempre tínhamos o que pediamos

Não gostava daquele plano por isso estava já a conjurar o plano B, caso fosse necessário. Assim seria quando me apercebi que alguém estava a forçar a fechadura.

Mordi a mão com força para que não fizesse nenhum som. Porque é que ele continuava a tentar entrar no quarto? Porque é que simplesmente não se ia embora? Tentei ficar o mais quieta e silenciosa possivel quando arrombaram a fechadura, entrando entao no quarto. A cadeira foi derrubada, vindo embater na minha perna quando deslizou. Não me mexi com medo que me pudesse ouvir, tremendo a cada passo que ele dava, aproximando.se da cama. Eu não podia deixa.lo magoar Heath, só esperava que ele fizesse o que eu tinha dito e passasse por morto, era a unica maneira de sair vivo daquela situaçao

Na minha mente estava a rever um hipotético plano over and over again à medida que aquela fechadura se partia, por fim, ao som de uma bala a cortar contra o metal. O atirador já estava dentro do quarto. Sentia a sua presença mas odiava estar "cego" para a situação.  O meu coração batia a todo o vapor, mas não por medo. Tentei, pelo som das passadas perceber a direção a que ia o atirador. Felizmente, veio na minha e não na de Mer. Então, sem que eu tivesse tempo para me preparar, o lençol foi puxado para trás. 

Escondida debaixo da cama, com a mão sobre a boca, a escassos centímetros daquele horrível homem, sentia.me exposta, como se tivesse em frente a ele. Ao olhar para o meu lado direito conseguia ver os seus sapatos ensanguentados a aproximarem-se da cama, a aproximarem-se de Heath. Contive uma lamuria contra a minha mão quando ele o destapou, deixando o lençol cair no chão, ele estava exposto. Sustem a respiração, sustem a respiração, era a única coisa que conseguia pensar. Sustem a respiração.

De um momento para o outro, o homem começou a chorar e caiu de joelhos, como se tivesse inconsolável. Um homem cujo filho ou familiar deve ter morrido neste mesmo hospital. Assim que ele caiu de joelhos, eu fiquei no seu campo de visão e a dor e perda que os seus olhos transportavam passou para raiva cega, tirando.me debaixo da cama. - Não, Heath. Não! Não! - tentei gritar para que ele entendesse que não se devia mexer - Não lhe faça mal - pedi quando me encostou a arma a testa. Todo o meu corpo tremia e as lagrimas não paravam de cair mas eu só conseguia pensar em como Heath morreria se se mexesse daquela cama - Não lhe faça mal. Por favor.

- Quem és tu? - o homem gritou, cuspindo.me na cara

- Eu.. chamo-me America Singer. O senhor viu-me junto da cirurgiã morta. Ele é o meu namorado e por favor, ele morreu. Tem de me deixar dizer adeus - pedi de olhos fechados - Se me vai matar, deixe-me dizer-lhe adeus

- O que lhe aconteceu? - perguntou

- Acidente de carro. Ele estava em coma e eles desistiram e desligaram as máquinas. Por favor não lhe faça mal - pedi, tentando olhar para a cama. As suas mãos estavam fechadas em punhos - Heath. Ele chama-se Heath. - tentei afastar-me mas isso só fez com que pressionasse a arma mais na minha testa.

- Eu preciso de encontrar o escritório do Dr. Riggs.

- É no terceiro piso.... No fundo do corredor tem escadas, é só subir até ao piso 3 e depois é só seguir as direções do laboratório e vai passar pelo escritório.

- Obrigado. - ele afastou.se e saiu do quarto, atirando com cadeiras e tudo o que se encontrava a sua frente para fora do caminho. Não tinha reparado que estava a suster a respiração até que respirei fundo porque já não tinha ar. Enrolei.me no meu proprio corpo enquanto começava a chorar.

- Heath. Heath - chamei, tentando perceber se ele estava vivo ou não

Eu estava pronto para agir mas America tomou conta da situação. Custou-me imenso não fazer nada, fingir que estava morto, manter os olhos fechados, quando conseguia pressentir que America estava em imenso perigo. Claro que eu teria feito alguma coisa caso a situação não tivesse corrido como tinha sido. Abri os olhos imeditadamente depois de perceber que estávamos novamente sozinhos no quarto. - Mer - O meu coração estava a esganar-se com a preocupação e a angustia de a ver assim. Saí da cama e aninhei-me ao seu lado no chão firo do quarto. Voltei a abraçá-la, independentemente se ela o queria ou não - Estamos os dois bem. Estamos os dois bem - Repeti - Estás bem - Fisicamente pelo menos. De resto, parecia o oposto. - Temos que avisar alguém. 

Abracei.me a ele quando se veio agarrar a mim, fazendo com que o seu corpo tremesse devido ao meu - estamos bem. Estamos bem - repetia o que ele dizia para me convencer disso mas nos nao estavamos bem - Nao! Nao podes sair daqui, por favor nao vas - so de pensar que ele se podia cruzar com aquele homem - eles sabem que o homem esta, supostamente estavamos em lockdown e eu devia ter ficado onde estava mas tu estavas aqui... ele disparou num restaurante, acho eu e eles vinham para ca e depois.. ele matou uma rapariga, ela era apenas estagiaria como eu e eles sabem que ele esta, ele matou os seguranças. Nao podes ir, nao me podes deixar aqui sozinha. Eu vim ter contigo - estava a comecar a entrar em panico se ensar nele, desprotegido a andar pelo hospital. Nao conseguia aguentar pensar nisso agora. Eu precisava dele ali comigo

Eu estava dividido. Algo dentro de mim impelia-me a agir. Era um instinto tão forte como nunca sentira antes. Lutar. Parar aquela besta antes que magoasse mais alguém, antes que voltasse e magoasse Mer. Mas, por outro lado, podia ver que ela precisava de mim e eu precisava de saber que ela estava em segurança - Okay. Não temos nenhuma forma de comunicar? O teu pager, algo? - O louco encaminhava-se com destino a alguém e esse alguém tinha de ser avisado antes que caísse nas mãos daquela loucura - Não vou a lado nenhum, Mer. O meu lugar é ao pé de ti - Proteger-te, já que até agora falhei em fazê-lo.

Eu não sabia sequer se tinha o pager comigo ou se tinha alguma forma de comunicação. Nós estavamos em lockdown, ninguém devia sair de onde estavam. Tirei a minha bata ensaguentada, procurando pelo pager - Eu não sei. Eu não me lembro onde o deixei - não estava na bata e não estava preso nas minhas calças - Eu tinha-o - olhei em volta, começando a procurá.lo - Eu não sei - voltei a dizer - Estás a ve.lo em algum lado ? Ele deve ter caido aqui ou lá fora - olhei para a porta - Eu não consigo ir lá fora

Por alguma razão eu estava a manter-me extremamente racional nesta situação. Nem o sangue, nem o perigo nem a arma me tinham causado um pânico tal que nem soubesse como reagir. Por isso estava a sentir-me apto para, por agora, assumir eu o controlo da situação, já que Mer já tivera a sua quota parte. - Não está por aqui - Disse depois de olhar em redor. - Ora bem. O balcão das enfermeiras fica a cerca de 43 passos daqui - Eu já os contara e sabia que os conseguia fazer - Têm um telefone. Posso chegar lá e avisar o que se está a passar. O atirador já nem deve estar no piso. 

Aquilo eu recusava veemente - Não, America, não - Eu estava disposto a arriscar a minha vida mas não a dela. Nunca a dela. - Dizes-me o número, qualquer coisa, não sei, mas não vais voltar a sair! 

- Eu não posso deixar que tu vas para ali! Não entendes que se tu morreres, eu não sei o que me acontece ? - perguntei.lhe retoricamente enquanto sentia os olhos encherem.se de lagrimas novamente - por algum motivo o homem não me matou. duas vezes ele me apontou aquela arma e não me matou, eu não sei se ele te vir o que vai fazer. Eu não sei o que me acontece se tu morreres, por isso tu não podes morrer e aqui é o único sitio que eu sei que não vais morrer - limpei as lagrimas enquanto o empurrava para tras para o afastar da porta

Naquele momento nem queria entender o seu ponto de vista pois estava demasiado stressado só de pensar na possibilidade de a perder. Ela já escapara ao homem duas vezes, não sabia se conseguiria uma terceira - Mer, ele já nem deve estar neste piso. Este quarto nem sequer é um bom esconderijo. Se ele voltar nada garante que estejamos a salvo - Tinha que a dissuadir. 

- Por favor não podes ir - abracei.o com força, tentando mante.lo comigo - É o único sitio seguro que eu encontrei. Tu... tu podes ir outra vez para a cama se ele voltar. Tu não sabes se ele não nos enganou e ficou lá fora, não podes arriscar. Heath não podes, eu... - abanei a cabeça, agarrando.o com toda a força que tinha. Ele tinha de ficar ali, nós podíamos ficar ali até a policia chegar

- Não posso ficar se não estiveres aqui - Ponto assente. Nunca conseguiria ficar ali parado sem saber o que se estava a passar com ela.

- Então eu fico aqui, ficamos os dois aqui. Heath, a policia sabe que ele esta aqui. Eles vão para.lo mas eu não posso perder.te, nao posso deixar que vas la para fora - olhei para a porta, tremendo so de pensar que teria de enfrentar aquele homem novamente - Eu não posso perder.te. Eu não posso Heath. És tudo o que eu tenho - Nada daquilo era suposto acontecer, hospitais eram suposto ser seguros, onde as pessoas se vinham curar e recuperar de doenças, não morrer porque as pessoas se passam e começam a disparar

Senti-me como um cobarde naquele momento, dividido entre a vontade de ajudar e a vontade de ficar para trás e proteger America. Voltei a abraçá-la, envolvê-la nos meus braços - Não me vais perder - Só queria que aquilo rpaidamente acabasse e o lock out acabasse sem mais vitimas.

Abracei.o e fiquei com o rosto escondido no seu peito durante o que pareceu horas mas não demorou até a policia de choque aparecer e nos escoltar dali para fora. Assim que saimos do hospital, comecei a ver macas atras de macas com sacos de cadaveres. Aquele homem tinha matado várias pessoas e porque ? Não conseguia entender nada daquilo. Comecei a olhar em volta a procura de Mason mas não o via - Ves o Mason ? - perguntei, ainda sem largar Heath. Depois do que tinha acontecido, não era capaz de o largar, não o podia perder de vista - Mason ? - chamei mas ele não estava em lado nenhum

A situação estava caótica. Pessoas de um lado para o outro: médicos e enfermeiros a ajudar, entes queridos em busca dos seus amados, pessoas simplesmente em choque, jornalistas... - Não - Respondi depois de muito procurar no meio de tanta gente. Queria dizer-lhe que ele ia estar bem mas não queria poder esta a mentir. Tive que me encostar pois já me estava a doer as pernas de tanto tempo em pé e a andar. - Liga-lhe.

- Hey, estás de pé há quanto tempo ? - perguntei, ajudando.o a encostar-se - Eu preciso de uma cadeira de rodas aqui - gritei, tentando tomar algum do seu peso com o meu corpo - Não tenho o meu pager, não tenho nada - ajudei.o a sentar-se quando me deram a cadeira, encostando a minha testa a sua - Obrigada por tudo, hoje foste um herói - fechei os olhos, acariciando o seu rosto - Fica aqui, não deixes ninguém levar.te. Eu vou só ver onde está o Mason, só preciso de saber se ele está bem

Hoje foste um herói. Por alguma razão aquelas palavras ressoaram bem no âmago da minha alma, mas eu não fizera nada. Nada de nada. - és a pessoa mais corajosa que conheço - sentia o meu peito inchar de orgulho e amor. Assenti quando ela dispersou no meio daquela multidão caótica.