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Quarto de Hope
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Quarto de Hope
Relembrando a primeira mensagem :
- Vem - Disse em resposta ao seu pedido. Não parei - nem quando ela se baixou e submergiu o corpo na agua como o meu estava antes. Fiz sinal com a cabeça para que ela se encostasse. Assim poderia pender a cabeça no rebordo do jacuzzi se quisesse. Eu movi-me. Era só a minha mão a trabalhar mas agora também o meu corpo estava muito perto do dela. Eliminei a distancaia entre os nossos lábios.
- Vem - Disse em resposta ao seu pedido. Não parei - nem quando ela se baixou e submergiu o corpo na agua como o meu estava antes. Fiz sinal com a cabeça para que ela se encostasse. Assim poderia pender a cabeça no rebordo do jacuzzi se quisesse. Eu movi-me. Era só a minha mão a trabalhar mas agora também o meu corpo estava muito perto do dela. Eliminei a distancaia entre os nossos lábios.
Julian Campbell- Mensagens : 1920
Data de inscrição : 25/12/2015
Hope Irwin gosta desta mensagem
Re: Quarto de Hope
Apesar do trauma, ela estava lúcida o suficiente e minimamente okay. Era uma durona por dentro e eu sabia disso, não devia estar tão admirado. - Não acredites em tudo o que ouviste. Ela era um psicopata. Vou esclarecer as coisas... Conversamos quando estiveres melhor - Porque sabia que não ia ser uma conversa fácil, nem a conversa que se lhe seguiria: e dali em diante? Respirando fundo e engolindo as dores que sentia, caminhei até à cozinha e enchi o copo de água novamente. - Também há sumo de laranja, se quiseres. Tens de repor energias. Descansa novamente, mas quando acordares novamente deves comer - A sua expressão já estava de si pálida, por excepçao dos hematomas que lhe cobriam partes da face. - Obrigado, Hope. - Disse e sabia que ela entenderia que se devia ao tratamento que ela me dera.
Julian Campbell- Mensagens : 1920
Data de inscrição : 25/12/2015
Re: Quarto de Hope
- Eu não vou ficar bem nos proximos tempos Kenneth, quer dizer, Julian - senti os meus olhos encherem.se de lágrimas - já viste bem como estou. fisicamente vou ficar cheia de marcas, um monstro, além de que não vou conseguir confiar em nada nem ninguém. - só de pensar que teria de sair dali e podiam.me levar outra vez e torturar.me por algo que eu não conhecia, fazia.me estremecer - eu nao sei se vou a andar na rua e a pessoa que esta atras de mim vai so na mesma direçao que eu ou esta a seguir.me, ou se for comprar um cafe é normal ou esta envenenado. Como e que alguem supera isso ? - perguntei, segurando na sua camisola quando ele se aproximou da cama. queria pedir que ele se deitasse ali comigo e me abraçasse mas será que o que ele sentira fora verdade ? alguma coisa da nossa relaçao tinha sido verdadeira ? bebi o meu copo de agua e pousei.o - devias ver se não estas a sangrar, eu nao sei fazer essas coisas bem. eu nao sei se aguentava se tu tivesses morrido, nao morras esta bem ? - pedi.lhe, enquanto me voltava a deitar
Hope Irwin- Mensagens : 1922
Data de inscrição : 25/12/2015
Re: Quarto de Hope
Não precisava que ela me chamasse a atenção para aqueles factos, mas também sabia que ela precisava de libertar tudo aquilo do seu peito. Além disso, Hope merecia todos os esclarecimentos que quisesse. Quanto muito eu devia-lhe isso. - Não estás bem, mas vais ficar bem – Garanti porque acreditava nela e acreditava na sua força. Queria que ela fosse positiva, embora o timing fosse tudo menos propicio. Ela talvez nunca mais fosse a mesma e lamentava profundamente ser causador disso. Odiava-o. Começava a odiar-me por isso também. – Tu vais superar isto. – Não lhe queria mentir, queria acreditar que sim. A verdade era que, mesmo que a Agência saísse do seu caminho, o trabalho do seu pai fazia dela um alvo permanente – Vais aprender a viver com isto. Vais sobreviver. Vais aprender como te defender e proteger – Era a opção que lhe restava. Não queria ser eu a destruir-lhe a noção de uma vida normal, mas também não lhe mentiria mais. Deixei que ela me segurasse como quisesse, que me usasse para descarregar o que sentia. Não a impediria de nada. Quando ela se deitou novamente, aconcheguei a manta para que ela ficasse melhor coberta – Não vou a lado nenhum, Hope. – Não ia morrer. Já passara por pior. Estava mais preocupado com ela – Descansa.
Julian Campbell- Mensagens : 1920
Data de inscrição : 25/12/2015
Re: Quarto de Hope
Eu sabia que as palavras eram suposto relaxar.me, até acalmar.me mas só me deixavam mais chateada porque por muito que eu tentasse, por muito treino que tivesse havia sempre alguem maior que eu e mais forte - Eu sei defender.me, eu tive aulas de defesa pessoal mas já vimos que isso não ajuda em nada ou impediu que me fizesse o que me fizeram - que raio de aula de defesa pessoal podia preparar para assassinos profissionais. Pensar que ainda podia estar naquela sala, presa aquela cadeira com aquela mulher a torturar.me fazia o meu corpo todo doer, o meu coraçao bater mais rapido e eu só me queria enfiar num buraco. Nao entendia porque é que ele tinha arriscado a sua vida para me salvar quando era obvio que aquela mulher gostava dele - Se trabalhas ou trabalhavas com eles e estavas comigo só para reunir informação sobre aquela coisa, porque é que me ajudaste ? Porque é que me tiraste de lá ? - perguntei, enquanto mexia na costura da sua camisola, um habito que tinha ganho com ele - Como é que eu posso confiar no que me vais contar e que não me vais mentir novamente ? Eu pensava que me dizias a verdade, eu confiava em ti porque pensava que tu sempre me dizias a verdade. - agarrei na sua mao o melhor que consegui. Apesar de todas as mentiras, para mim ele ainda era um porto seguro. Ele significava segurança e neste momento eu precisava de me sentir segura, nem que fosse envolta numa manta de mentiras. Deixei que ele me aconchegasse melhor, sentindo os meus olhos a pesar com cansaço. Apesar de pouco, as dores amenizavam ligeiramente, dando lugar a cansaço e o meu corpo neste momento exigia que eu dormisse - Se não vais mesmo a lado nenhum, fica aqui e deita.te comigo. - pedi.lhe
Hope Irwin- Mensagens : 1922
Data de inscrição : 25/12/2015
Re: Quarto de Hope
Não queria ser eu o portador de más notícias. A sua vida sofrera uma reviravolta da qual nunca poderia recuperar a normalidade, pelo menos não a normalidade que ela conhecera até ali - As tuas capacidades não podem ser de mera defesa pessoal - Mas não me iria alongar. Até porque eu próprio odiava pensar que ela tivesse de saber como matar para se proteger. Hope não merecia isso.
Não aguentando mais estar em pé, sentei-me numa cadeira solitária junto da cama e janela. A minha arma estava pressionada contra as costas desconfortavelmente, mas não fiz nada. Não queria que Hope me visse com ela. Estiquei o braço até ao balcão da cozinha onde repousava a minha chávena de café. Precisava deste desesperadamente. - Trabalhava - Esclareci logo de imediato. Não fora premeditado nem antecipado, claramente, mas depois do que fizera no armazém era como se tivesse assinado uma carta de demissão. Acontecera tudo muito depressa, sem planos. Odiava quando isto acontecia. – Parte do meu acordo com eles era que nada te podia acontecer, sobretudo depois de eu lhes garantir que tu não sabias absolutamente nada – Não queria conversar, não ali e agora com ela debilitada. Ela não fazia ideia do que acontecera nos últimos meses à sua volta. – Não podes confiar – Apesar de eu só querer ser honesto com ela. Estava farto de ser uma farsa, mas seria-o para sempre. Perdera toda a sua confiança. Não aguentava o seu olhar: um que sabia que poderia ser de ódio quando ontem era de devoção e amor. – As minhas palavras valem o que valem, as minhas ações a mesma coisa. Mas eu dir-tas-ei de qualquer forma: não te vou fazer mal, vou aliás fazer tudo ao meu alcance para te tirar daqui em segurança. Não vou a lado nenhum sem me assegurar de que estás em segurança. Tens a minha promessa – Como o faria é que ainda não sabia. Nunca tivera de fugir com alguém, só por mim próprio.
Fiquei surpreendido com a sua oferta. A sua gentileza não tinha limites. A cama ainda por cima era estreita. – Tenho de ficar alerta.
Não aguentando mais estar em pé, sentei-me numa cadeira solitária junto da cama e janela. A minha arma estava pressionada contra as costas desconfortavelmente, mas não fiz nada. Não queria que Hope me visse com ela. Estiquei o braço até ao balcão da cozinha onde repousava a minha chávena de café. Precisava deste desesperadamente. - Trabalhava - Esclareci logo de imediato. Não fora premeditado nem antecipado, claramente, mas depois do que fizera no armazém era como se tivesse assinado uma carta de demissão. Acontecera tudo muito depressa, sem planos. Odiava quando isto acontecia. – Parte do meu acordo com eles era que nada te podia acontecer, sobretudo depois de eu lhes garantir que tu não sabias absolutamente nada – Não queria conversar, não ali e agora com ela debilitada. Ela não fazia ideia do que acontecera nos últimos meses à sua volta. – Não podes confiar – Apesar de eu só querer ser honesto com ela. Estava farto de ser uma farsa, mas seria-o para sempre. Perdera toda a sua confiança. Não aguentava o seu olhar: um que sabia que poderia ser de ódio quando ontem era de devoção e amor. – As minhas palavras valem o que valem, as minhas ações a mesma coisa. Mas eu dir-tas-ei de qualquer forma: não te vou fazer mal, vou aliás fazer tudo ao meu alcance para te tirar daqui em segurança. Não vou a lado nenhum sem me assegurar de que estás em segurança. Tens a minha promessa – Como o faria é que ainda não sabia. Nunca tivera de fugir com alguém, só por mim próprio.
Fiquei surpreendido com a sua oferta. A sua gentileza não tinha limites. A cama ainda por cima era estreita. – Tenho de ficar alerta.
Última edição por Julian Campbell em Qua 13 maio 2020 - 14:06, editado 1 vez(es)
Julian Campbell- Mensagens : 1920
Data de inscrição : 25/12/2015
Re: Quarto de Hope
Eu só queria alguém em quem pudesse confiar. O meu pai tinha segredos, o meu ex namorado tinha tentado violar-me e agora ele. Mentira-me sobre quem era e ainda admitia que eu não podia confiar nele. - Então estás a dizer que eu tenho de aprender a matar alguém, é isso - disse-lhe, estremecendo só de pensar em tirar a vida de alguém. Ele fazia-me aquela promessa, e realmente as suas ações tinham mostrado que ele me ia proteger, pelo menos tinha protegido daquela mulher e dos outros que compactuavam com o que ela estava a fazer - Estás a contradizer-te, se não posso confiar no que dizes, como posso confiar nessa promessa ? - perguntei num tom provocativo - Então se vais fazer de tudo para me tirar daqui, eu preciso de ir a casa. Eu tenho dinheiro no cofre e um passaporte, o meu pai deixou instruções para caso eu tivesse de fugir. Eu não acho que ele pensou que eu ficasse assim neste estado mas eu tenho meios. - disse-lhe a medo, podia estar a falar-lhe do meu único trunfo mas mesmo que ele fosse a casa, não os acharia sem mim. Deixei cair a sua mão, abraçando-a contra o meu peito - Eu não estava a pedir porque.. eu.. eu só me queria sentir segura por um bocadinho.. como tu sempre me fizeste senti mas fica alerta onde quiseres - virei.me de costas para ele, sentindo os olhos encherem-se de lágrimas - Eu amanhã de manhã vou-me embora, aconteça o que acontecer. - avisei-o - e não me podes impedir.
Hope Irwin- Mensagens : 1922
Data de inscrição : 25/12/2015
Re: Quarto de Hope
Nunca quisera que as coisas chegassem àquele estado. Nunca quisera participar em algo que a arrastaria para uma vida que não aquela que ela merecia - com segurança, com normalidade, com felicidade, com estabilidade. Não fui apenas eu, o seu pai tinha a culpa de a ter deixado tão desprotegida. Rogava-lhe pragas por isso, mas sobretudo culpava-me a mim. Eu devia ter antecipado que Jennifer o fizesse, devia ter estado mais atento... e nunca me deveria ter deixado levar além da missão. Hope não deveria significar nada para mim. Mas mentiria se dissesse que ela não significava. Por isso é que odiava ter de lhe dizer que a sua vida como a conhecia estava acaba - Não quer dizer que o faças. Mas sim, tens de aprender a proteger-te até ao último recurso - Eu sabia o que era matar alguém. Era algo que não se esquecia, era algo que quebrava partes de ti próprio que nunca recuperarás. Quem me dera que ela não soubesse nunca o que isso era. Fixei o meu olhar no seu. Estava tão cansado e ela também, podia ver. - Hope, não é melhor falarmos depois? - Contudo o que olhar determinado e confuso fazia-me saber que ela queria realmente respostas. Neste momento era tudo o que lhe podia providenciar. - Se te pedir que confies em mim, fá-lo-ás? Confia em mim, então. Preciso que confies em mim porque ainda temos um longo caminho pela frente. Não quero mentir-te mais - Por isso tinha de lhe explicar que ela não podia fazer o que queria. - Que pai tão prevenido. - Ironizei num tom amargo. Mr. Irwin era um cobarde, podia ter prevenido tudo isto. - A tua casa é o primeiro sítio que eles têm como vigia. Não podes ir lá. Não podes ir a nenhum sitio que te esteja associado. Esquece o passaporte. Qualquer uso da tua identidade será monitorizado. Saberão de imediato onde estás. - A desilusão que certamente ela sentiria pesava-me no peito. Mas nem sequer o seu olhar vi porque ela virou-me costas mostrando muito claramente que não me queria ouvir mais. - Estás segura, Hope. Tenho camâras de vigilância lá fora, tenho com que nos proteger aqui se alguém vier - Suspirei. Ela não teria energias para sair dali amanhã. Nem por sombras. Mas não lhe quis dizer isso, nem tão pouco dizer-lhe que não a podia deixar ir embora, querendo ela ou não.
Julian Campbell- Mensagens : 1920
Data de inscrição : 25/12/2015
Re: Quarto de Hope
Para ele aquilo já devia ser normal, viver aquela vida. Estar sempre em fuga, enganar pessoas e matar mas não era a minha vida. Ele pedia-me aquilo como se fosse a coisa mais fácil da vida mas eu não iria matar ninguém, não era capaz de o fazer mesmo que a minha vida dependesse disso. Eu sempre bloqueava. - Não, não confio em ti. - disse para o magoar, encolhendo-me na cama onde estava deitada. Eu confiara nele, com todo o meu coração, com todo o meu corpo e depois descobrira que tudo não passara de uma farsa e isso doia tanto como as feridas do meu corpo. Estar com ele neste momento custava demasiado, depender dele era demasiado. - Eu não quero saber o que eles têm em vigilância ou não, eu vou a minha casa. Eu tenho de ir lá, tenho de ir ver o que foi deixado para mim e não tenho roupa, não tenho nada para vestir ou calçar. Não me podes impedir, a não ser que me vás prender aqui como eles fizeram - disse num tom frio, sabendo que aquele era um golpe baixo. - Eu não estou segura em lado nenhum. - fechei os olhos e acabei por me calar, esperando que ele pensasse que eu tinha adormecido ou simplesmente entendesse que eu não queria falar mais com ele. Talvez eu tivesse um death wish mas não ia deixar que ele ditasse o que eu ia ou não fazer, e se isso significava desafiá-lo, eu ia fazê-lo.
Hope Irwin- Mensagens : 1922
Data de inscrição : 25/12/2015
Re: Quarto de Hope
«Não, não confio em ti» Tentei ser racional e sintonizar-me com o facto de que aquilo era expectável. Ainda assim, ter perdido a sua confiança toda quando antes sabia que ela colocaria as mãos no fogo por mim era um golpe que sentia profundamente. Só que um golpe que eu mereço, nisso não havia dúvidas. Não era merecedor da sua confiança, provavelmente nunca mais o seria.
- Claro que não te vou prender, Hope – Estava tão cansado e esta conversa toda reinstalara uma dor de cabeça pujante que me deixava tonto, o que talvez também fosse por culpa do ferimento de bala que me fizera perder ainda uma quantidade considerável de sangue – Mas se saíres por esta porta vou ter que te acompanhar. Estamos os dois debilitados. Não temos hipótese se nos atacarem num sítio que não controlo. Se fores a tua casa podes ter a certeza de que o fazem em menos de cinco segundos – A obstinação dela teria de ser refreada. Entendia que ela quisesse tomar as rédeas, controlar algo, mas de momento esse instinto era um erro, sobretudo porque ela não tinha sequer uma noção completa daquilo que enfrentava. Eu sim. Eu, até há umas horas, fora um deles. Suspirei quando a conversa pareceu ser dada por terminada. Esperava que as minhas palavras fizessem algum eco na sua mente. Era verdade que ela não estava segura, mas as suas hipóteses de segurança eram bem mais elevadas comigo a seu lado, a protegê-la, a tomar conta dela enquanto recuperava.
Com ela adormecida pude finalmente dedicar-me a elaborar um plano. Não era fácil porque estávamos limitados. Ela apontara algumas deficiências claras. Não podíamos ficar naquela casa muito mais tempo. Eu tinha dinheiro num cofre. Não era imenso, mas bastaria para sairmos dali e do país, inclusive. Ficar no Reino Unido era demasiado arriscado já que aqui era o terreno de operações da Agência. Se a levasse para um local onde não houvesse células de operação ativas, teríamos mais hipóteses de não ter encurralados.
Incapaz de sair de casa novamente – só a ida ao supermercado e todas as escadas que isso envolvera me tinham, quase de certeza, feito os pontos soltarem-se um pouco – fiz algumas compras online através de um telemóvel não identificado. Ainda hoje chegariam algumas roupas para ela, outras para mim, e mais algumas coisas que íamos precisar quando partíssemos.
- Claro que não te vou prender, Hope – Estava tão cansado e esta conversa toda reinstalara uma dor de cabeça pujante que me deixava tonto, o que talvez também fosse por culpa do ferimento de bala que me fizera perder ainda uma quantidade considerável de sangue – Mas se saíres por esta porta vou ter que te acompanhar. Estamos os dois debilitados. Não temos hipótese se nos atacarem num sítio que não controlo. Se fores a tua casa podes ter a certeza de que o fazem em menos de cinco segundos – A obstinação dela teria de ser refreada. Entendia que ela quisesse tomar as rédeas, controlar algo, mas de momento esse instinto era um erro, sobretudo porque ela não tinha sequer uma noção completa daquilo que enfrentava. Eu sim. Eu, até há umas horas, fora um deles. Suspirei quando a conversa pareceu ser dada por terminada. Esperava que as minhas palavras fizessem algum eco na sua mente. Era verdade que ela não estava segura, mas as suas hipóteses de segurança eram bem mais elevadas comigo a seu lado, a protegê-la, a tomar conta dela enquanto recuperava.
Com ela adormecida pude finalmente dedicar-me a elaborar um plano. Não era fácil porque estávamos limitados. Ela apontara algumas deficiências claras. Não podíamos ficar naquela casa muito mais tempo. Eu tinha dinheiro num cofre. Não era imenso, mas bastaria para sairmos dali e do país, inclusive. Ficar no Reino Unido era demasiado arriscado já que aqui era o terreno de operações da Agência. Se a levasse para um local onde não houvesse células de operação ativas, teríamos mais hipóteses de não ter encurralados.
Incapaz de sair de casa novamente – só a ida ao supermercado e todas as escadas que isso envolvera me tinham, quase de certeza, feito os pontos soltarem-se um pouco – fiz algumas compras online através de um telemóvel não identificado. Ainda hoje chegariam algumas roupas para ela, outras para mim, e mais algumas coisas que íamos precisar quando partíssemos.
Julian Campbell- Mensagens : 1920
Data de inscrição : 25/12/2015
Re: Quarto de Hope
Não respondi a nada do que ele disse mas fiquei a pensar no que ele disse. Porque é que ele iria comigo? Porque é que ele tinha de ser teimoso e armar-se em herói? Eu não queria que ele fosse atrás de mim, eu não o queria mais comigo. Ele não entendia que a sua presença, estar consigo ao meu lado só fazia tudo doer ainda mais. Era injusto que eu tivesse de sofrer a dobrar só porque ele agora queria salvar-me.
Eu não podia confiar em ninguém, não podia confiar nele, não podia confiar no meu pai e aparentemente, nem em mim podia confiar porque não percebia quem me enganava ou não e agora tinha de depender novamente de Kenneth. Julian. Teria de me habituar ao seu verdadeiro nome, ele já não era o meu Kenneth, ele nunca fora. Apesar de tudo, eu estava agradecida pelo que ele fizera por mim. Escolher-me a mim, escolher tirar-me daquele armazém e fugir comigo não deve ter sido fácil. Se ele não o tivesse feito, eu teria morrido mas só depois de sofrer durante horas nas mãos daquela mulher que se divertia a torturar-me.
Depois de algum tempo de olhos fechados e quieta na mesma posição, acabei por adormecer e dormir durante o dia inteiro. Acordei de madrugada com um pesadelo, obrigando.me a tapar a boca com a mão para não gritar. Limpei as lágrimas com a ponta da camisola e sentei-me na beira da cama, procurando pela casa de banho. Tinha de me habituar à ideia que nunca mais me ia livrar dos pesadelos, mais valia tratá-los como se fosse uma coisa normal. Sentada a beira da cama, fiquei a olhar para a porta da casa de banho que era tão perto mas ao mesmo tempo, parecia tão longe. Se queria fazer-me de forte e dizer que me ia embora, tinha ao menos de parecer normal e eu devia parecer um bicho naquele momento. Precisava de me pentear, lavar a cara e tentar parecer decente, mesmo que tivesse toda negra podia inventar uma desculpa como um acidente de carro. Tentei levantar-me mas todo o meu corpo protestou e mordi o lábio para evitar gemer de dor. Eu tinha de conseguir fazer aquilo, tinha de provar a mim mesma e a ele que conseguia cuidar de mim mesma mesmo que as minhas pernas mal funcionassem - tu consegues - murmurei, sentindo o suor a formar-se na minha testa do esforço que fazia
Hope Irwin- Mensagens : 1922
Data de inscrição : 25/12/2015
Re: Quarto de Hope
Estava preocupado com Hope. Muito preocupado. Observei-a durante o dia inteiro sacrificando o meu próprio descansando. Preocupava-me que as suas nódoas negras estivessem mais realçadas, que o seu sono fosse interrupto fazendo com que ela nada ingerisse nem bebesse. Preocupava-me ainda mais com o que não conseguia observar fisicamente, mas que percebia estar acontecer dadas as forças de como ela se contorcia em sonhos e murmurava coisas que não conseguia perceber mas que não pareciam nada boas. Quem me dera que, estando ela a dormir, fosse um sono sem sonhos.
O dia foi apenas interrompido quando a encomenda chegou. Fora isso, mantive o meu olhar ora em Hope ora no ecrã do telemovel que mostrava as imagens das câmaras no exterior. Tinham-se passado pouco mais de 32 horas desde o armazém. Tinha a certeza de que já éramos procurados, de que já haveria batedores à nossa procura. Tinhamos que nos deslocar antes que descobrissem inevitavelmente onde estávamos escondidos. Nem imaginava o preço que tinham posto nas nossas cabeças - a mim por ser um traidor, a ela por ser filha de quem era. A dada altura adormeci sentado na cadeira com a cabeça apoiada num braço deitado sobre o balcão da cozinha.
Mas era um sono leve, muito leve. Eu estava, afinal de contas, hiper alerta. A nossa sobrevivência disso dependia. Só despertei quando ouvi barulhos e a minha mão foi de imediato até ao cós das calças. Só não saquei da armas porque percebi que o som vinha da cama. Observei-a por momentos sem fazer nem dizer nada. Custava-me ver o quanto ela se debatia por movimentos simples. Nem mesmo quando fora brutalizada por Christian ela ficara assim. - Posso ajudar-te - Nem era uma pergunta porque o faria na mesma. Levantei-me, fazendo primeiro uma careta de dor pela sensação de mal-estar que sentia em todo o corpo. Aproximei-me da cama que nem a um metro de mim estava. - Queres ir à casa de banho? - Questionei vendo para onde o seu olhar antes estava - Queres beber água? Comer alguma coisa? - Gostava que ela fizesse ambos. Não lhe toquei antes de ela se pronunciar.
Julian Campbell- Mensagens : 1920
Data de inscrição : 25/12/2015
Re: Quarto de Hope
Assustei-me quando ele falou, afastando-me instintivamente. Gemi de dor por me ter mexido mais rápido que o meu corpo dorido me permitia mas fora uma reação que não controlara. Eu sabia que ele não me ia fazer fazer mal mas eu não conseguia controlar estas reações - Assustaste-me - disse-lhe, encostando-me à parede para me apoiar. Estava a ficar cansada e nem dez passos tinha dado. - Eu não preciso de ajuda, eu tenho de conseguir sozinha. Se quero ir-me embora não posso depender de ti - sabia que as suas intenções eram boas mas o seu olhar e o seu tom de voz só me faziam sentir como uma coitada que nem à casa de banho conseguia ir sozinha - Porque é que estás a olhar assim para mim ? Eu sei que não tenho boa cara mas bolas, escusas de olhar para mim com pena. Fazes-me sentir ainda pior. Além de que se quisesses ajudar, já o tinhas feito - disse, vendo-o a pairar sobre mim sem me tocar. Até parecia que se ele me tocasse, eu ia começar aos gritos. O pior que podia acontecer era eu enxotar a sua mão. Olhei para a sua cozinha, a sua amostra de cozinha onde tinha apenas um pequeno frigorífico, um fogão e uma bancada para preparar comida. - Eu não tenho fome, acho que não vou ter nos próximos tempos.. Eu como só um bocadinho de pão de um copo de água - Eu nem queria pensar em comida porque continuava agoniada mas tinha de comer se queria sair de ali e parar de me sentir fraca - Eu só vou à casa de banho fazer as minhas necessidades e limpar-me Kenneth, Julian, não tenho forças para fugir pela janela. Não te preocupes que não vais perder o teu trunfo. - disse friamente, continuando-o a ver ali no mesmo sitio. - Desculpa, estou cansada e com dores. Eu só quero que isto pare de uma vez por todas.
Hope Irwin- Mensagens : 1922
Data de inscrição : 25/12/2015
Re: Quarto de Hope
- Desculpa, não era a minha intenção – Lamentei quando percebi que reagira demasiado rápido e consequentemente assustara-a. Teria de ter mais cuidado com isso dali em diante. Apesar de ela dizer que não queria eu a ajudasse, eu simplesmente não conseguia ficar parado a vê-la passar por aquilo quando com a minha ajuda o faria bem mais depressa. No entanto acabei por não o fazer. Ajudei apenas ao abrir a porta da casa de banho e ao ir preparar um bocado de pão no qual pus compota e um copo de água. – Conversamos quando regressares – Eu ouvira tudo o que ela dizia e, embora soubesse que tinha de ser paciente porque ela estava traumatizada, não significava que aturasse tudo o que ela fosse dizer ou presumir coisas. – Por isso aguardarei novamente sentado na única cadeira da casa. Estava a tentar gerir a minha frustração, impaciência e compaixão. – Se precisares de ajuda basta chamares – Ela estava demasiado magoada para conseguir lavar-se sozinha e fazê-lo bem. Mas pronto, não ia quebrar o seu espaço sem a sua permissão. Isso só faria pior.
Julian Campbell- Mensagens : 1920
Data de inscrição : 25/12/2015
Re: Quarto de Hope
Agradeci a sua oferta mas não a ia aceitar, eu tinha de provar a mim mesma que conseguia fazer sozinha. Ele, ou melhor o meu Kenneth, tinha-me ensinado que eu não me podia deixar ir abaixo e que eu era mais forte do que pensava e ia provar isso, a mim e a ele. Depois de ter feitos os básicos, sempre sem me olhar ao espelho, sentei-me na sanita a descansar. Queria entrar no duche e lavar-me mas precisei de me sentar por uns minutos e respirar fundo, tive medo que a qualquer momento fosse perder as forças e cair para o lado. Estava a entrar numa espiral de pânico e isso não ia ajudar ninguém. Fechei os olhos e deixei-me ali estar durante uns momentos. Eu sabia que o tempo estava a passar mas eu precisava daqueles minutos para respirar.
Quando me consegui recompor e me sentia capaz, levantei-me e liguei finalmente o duche, esperando que a água aquecesse um pouco. Despi-me e pela primeira vez, nas últimas horas olhei para mim e fiquei com vontade de chorar. Estava pior do que pensava. Nem quando Christian me atacara, eu tinha ficado assim. Questionava-me como é que não tinha uma hemorragia interna e se tinha, como é que ainda não tinha morrido porque estava toda negra e já percebia porque me custava tanto a mexer. As minhas costelas partidas protestavam com cada movimento mas eu tinha de o fazer. Entrei na cabine e deixei que a água corresse pelo meu corpo. Não me mexi, nem me tentei lavar. Deixei que a água corresse até que voltasse a ser transparente, isso provavelmente significava que estava limpa. Não o chamei, não ia utilizar o seu pedido de ajuda
Quando a água começou a correr limpa, sai e sem me limpar, voltei a vestir a mesma t-shirt porque não tinha outra mas também não me importei. Começava a ficar exausta. Não tinha feito nada, tinha sido uma tarefa inútil e estava exausta como uma velha de 90 anos. Não quis saber que a t-shirt tivesse colada ao meu corpo ou que o cabelo tivesse a pingar, só queria voltar a sentar-me ou então deixar que acabassem o que começaram. Sai da casa de banho e vi-o sentado na única cadeira do apartamento, além da cama que eu ocupara maior parte do dia e, ao lado dele, na mesa de cabeceira, havia uma sandes e um copo de água. Muito vagarosamente fui até à cama e sentei-me, pegando no prato - Obrigada pela sandes - agradeci, debicando-a pois o meu lábio ardia onde tinha sido rasgado.
Hope Irwin- Mensagens : 1922
Data de inscrição : 25/12/2015
Re: Quarto de Hope
Depois do que pareceram horas, ela finalmente saiu da casa de banho. Estivera durante todo aquele tempo do outro lado da porta a ouvir tudo. Caso ela se tivesse magoado eu teria conseguido intervir. No entanto, Hope safou-se sozinha, ou assim parecia. O meu olhar seguiu-a quando voltou para a cama e pegou nas coisas que lhe prepara. – Tenho isto para ti – Indiquei ao colocar um conjunto de roupas femininas (em tamanho, pois de resto eram muitíssimo básicas, em preto e azul marinho). – Encomendei enquanto dormias – Informei para que ela não estranhasse. Eu ainda tinha a mesma roupa ensanguentada. – Também te comprei isto – Coloquei em cima da pilha de roupa um produto de coloração do cabelo destinado a uma tonalidade mais clara. Decidi então dar seguimento à conversa dela de há pouco. Tinha muitas coisas para lhe dizer – Disseste que eras um trunfo para mim. Precisa de ficar aqui esclarecido que não estou a ganhar nada, NADA, com isto – Não sabia se ela acreditaria em mim ou não mas o meu tom era o mais honesto possível, o mesmo tom que lhe reservara em alturas muito raras quando me sentia mais eu com ela e não um agente infiltrado. – Não te mantenho prisioneira. Não estou à espera de receber um resgate em teu nome… porque a não ser que o teu pai – dizia sempre esta palavra num silvo irónico – que ele tenha decidido saber do que se passa e emitido um. Mas estou aqui. Depois do que fiz o mínimo é garantir que te manténs viva, que não voltas a ser atacada. Por isso sim, quer queiras quer não, estás dependente de mim porque sou a única pessoa que neste momento está do teu lado e que sabe exatamente como agem o tipo de pessoas que te querem fazer mal. – Odiava ser eu o portador destas notícias. Odiava saber que o facto de ela estar presa a mim era uma merda para ela. – Eu quero ajudar-te, a sério que sim. Não tenho feito mais nada se não isso nas últimas horas – disto ao menos ela não podia negar – Tens de recuperar forças e sarar tanto quanto possível, mas teremos de sair daqui em breve e não vai ser fácil. Temos de ser discretos, passar despercebidos por isso – apontei para a tinta – achei que isto fosse uma boa ideia. Se querer sobreviver Hope tens de confiar em mim nisto e temos de trabalhar em conjunto. Se sais por aquela porta sozinha não te aguentas. Sê realista – Suspirei. Ia revelar-lhe o plano todo – Tenho cerca de quinze mil euros guardados num cofre – Apontei para um quadro medíocre por cima da cama - É o suficiente para arranjar-te uma identificação falsa e levar-te para fora do país por agora.
Julian Campbell- Mensagens : 1920
Data de inscrição : 25/12/2015
Re: Quarto de Hope
Olhei para a roupa que ele tinha comprado. Roupa escura e discreta. Apesar de no dia a dia eu vestir roupa básica, esta era desportiva e nada o meu estilo. Acho que o objetivo era esse mesmo, eu não podia parecer comigo. As roupas não me faziam confusão, já a tinta era toda uma realidade que eu não conseguia alcançar. Ele queria que eu pintasse o cabelo? Deixei que ele falasse, encolhendo-me quando ele mencionou o meu pai com desdém. Eu sabia que o meu pai não era o melhor e ele não estava ali para me proteger mas quando se tinha ido embora nós tínhamos discutido isso e, na altura, nenhum de nós, pelo menos eu, nunca pensaria que as coisas tomariam estas proporções. Eu podia responder-lhe ? Podia, mas o que é que eu ganhava com isso ? Eu não ia conseguir fugir dali e por muito que ele dissesse que não era sua prisioneira, era isso que parecia porque ele estava a decidir tudo por mim. - Eu tenho uma identidade falsa. Clara Oswald, está no cofre na minha casa, não precisas de gastar o teu dinheiro em mim. - Foi a única coisa que lhe respondi - Obrigada pela sandes, estava ótima - agradeci apesar de a ter comido só porque sim, era o mesmo que ter comido cartão. Bebi o copo de água e deitei-me de costas para ele. Como é que eu podia confiar nele depois de todas as mentiras que ele me tinha dito ? Tinha mentido em tudo na nossa relação e por muito que ele tivesse em negação, se calhar eu não quisesse aguentar-me fora destas paredes. Estava cansada.
Hope Irwin- Mensagens : 1922
Data de inscrição : 25/12/2015
Re: Quarto de Hope
- Mas precisamos dos documentos em nome de Clara Oswald. Vai ser muito difícil aceder ao cofre da tua casa. - Seria mais suicida do que possível caso esta estivesse monitorizada pela Agência.
Depois de a ficar a conhecer ao longo de meses, sabia que o silêncio de Hope não era sempre algo positivo e isso preocupava-me. Ao mesmo tempo não sabia se havia de lhe dar espaço ou tentar pressioná-la a dizer-me o que se passava dentro da sua mente. Aguentei durante algum tempo mas, fosse pela falta de espaço que fazia sentir como se estivéssemos um contra o outro embota não nos tocássemos, quer pelo facto de o silêncio já me irritar, optei por tentar, apostando as consequências. Ia tentar distraía-la enquanto a fazia desabafar - Posso ver os teus pontos? Podem estar a precisar de retoques - Ela tinha tomado banho e devia ter visto, mas dado o seu estado seria sempre difícil ver tudo já que alguns ficavam fora do seu campo de vista. Aproximei-me da cama, ainda ela estava de costas para mim.
Julian Campbell- Mensagens : 1920
Data de inscrição : 25/12/2015
Re: Quarto de Hope
Suspirei, fechando os olhos. Não era novidade nenhuma que eu precisava desses documentos, tal como precisava do meio milhão que tinha juntamente com os documentos e mais uma papelada que me deixavam em segurança. Apetecia-me gritar com ele, atirá-lo contra a parede com toda a força que tivesse e começar a bater-lhe até que me sentisse exausta. A culpa era toda dele. Porque é que ele me tinha seduzido? Porque é que ele simplesmente não tinha juntado a informação que precisava e tinha desaparecido? Era preciso ter gozado ainda mais com a minha cara e ficar os meses todos a ver enquanto eu me apaixonava por ele, enquanto fazíamos amor, enquanto dançávamos no parque. Ele deve ter pensado tanta coisa estúpida. - Não há nada para retocar. - Eu não queria saber que os pontos tivessem soltos, por mim, até podiam cair. Quando os vira no banho, tinha pensado duas vezes antes de os puxar, só porque devia ser doloroso. A minha pele já ia ficar arruinada de qualquer maneira, mais marca menos marca, que diferença faria.
Hope Irwin- Mensagens : 1922
Data de inscrição : 25/12/2015
Re: Quarto de Hope
Hope não ia facilitar nada as coisas, pois não? Entendia que ela se estivesse a proteger, mesmo que fosse de mim, mas não significava isso que não me incomodava, embora o merecesse. - Quanto mais depressa recuperares, mais depressa saímos daqui - Queria convencê-la, queria ajudá-la, queria que ela me deixasse ajudá-la. Aproximei-me ainda mais. Estava tão perto dela, a centímetros das suas costas - Hope... Queres mais comprimidos para as dores?
Julian Campbell- Mensagens : 1920
Data de inscrição : 25/12/2015
Re: Quarto de Hope
Conseguia sentir a sua presença perto de mim, como se o seu corpo fizesse o meu vibrar. Tinha o meu rosto enterrado na almofada e para conter um grunhido, abracei-a com mais força. As suas perguntas eram insistentes e já tinha percebido que ele não me ia deixar em paz, pelo menos até que eu o deixasse inspeccionar o belo trabalho que me tinham feito e as marcas que iriam ficar da tortura que eu tinha passado.
Talvez tivesse a exagerar, ou então fosse apenas um bold move mas acabei por não me conter. Pus-me de joelhos na cama e despi a camisola dele que tinha vestido, ficando apenas com as cuecas vestidas. Quando me virei para ele, não esperava que ele tivesse tão perto de mim mas estava cansada dele insistir na minha recuperação - Está tudo no sítio. Não vês sangue, pois não? - perguntei, olhando-o nos olhos - Eu não vejo sangue em lado nenhum e se começar, pois, deixa lá.. também não hei-de morrer. - encolhi os ombros. Também se morresse, ninguém sentiria falta, acrescentei mentalmente. - Os comprimidos, eu aceito
Hope Irwin- Mensagens : 1922
Data de inscrição : 25/12/2015
Re: Quarto de Hope
Parei de me aproximar mais ao ver a tensão que retesava o seu corpo. E então ela virou-se, por pouco não me acertando enquanto o fazia, e despiu-se. Apanhou-me de surpresa ao fazê-lo e podia ver pelo seu olhar que não estava satisfeita com nada disto, o que só o tornava pior. Ela queria chocar-me, irritar-me, dar-me uma lição? Não tinha a certeza, apenas sabia que Hope não estava bem. – Não vejo sangue e ainda bem mas os teus pontos estão vermelhos, podem infetar se não forem desinfetados regularmente – Tentei explicar em saber se ela me levaria a sério. – Não é nada que se deva deixar para lá – Reafirmei utilizando a sua expressão. Eu preocupava-me com ela e com o seu bem-estar, tanto quando podia. Suspirei e fui buscar mais dois comprimidos juntamente com um copo de água que depois lhe passei – Se me deixares, quero limpar e desinfetar os pontos, assim como as feridas ligeiras. Ainda tenho um bocado de álcool e betadine no kit. – Apesar da extensão das suas feridas seriam suficientes. Observei o seu corpo desta vez não de uma forma luxuriante, mas de uma modo analitico.
Julian Campbell- Mensagens : 1920
Data de inscrição : 25/12/2015
Re: Quarto de Hope
Encolhi os ombros e aceitei os comprimidos, tomando-os. Não eram fortes mas deviam fazer algum efeito, nem que fosse minimo - Que diferença faz ? Também não te vejo a desinfetar o buraco que tinhas na barriga - comentei, apontando para a sua camisola - E olha que eu devo ter feito um trabalho pior do que o teu mas faz o que te apetecer - acabei por me sentar na ponta da cama e esperar que ele fosse buscar o kit de primeiros socorros com o desinfetante. - Faz o que quiseres, desinfeta. - respondi-lhe, ficando a olhar em frente. Se calhar não devia deixa-lo desinfetar nada, nem devia deixa-lo tocar-me. Se infetasse, ao menos acabaria com isto num instante, ele teria de me levar para um hospital e não teria de andar a fugir.
Hope Irwin- Mensagens : 1922
Data de inscrição : 25/12/2015
Re: Quarto de Hope
- Eu aguento-me - Não era a primeira bala que me trespassara e provavelmente não seria a última. Apesar da dor que provocava, sabia que não era fatal. - Fizeste um bom trabalho - Se o meu ferimento não me incapacitara fora por causa do seu tratamento. Fui buscar o que precisava: alcool, betadine e compressas. Era o que restava do kit médico. Como ela se sentou, coloquei-me de joelhos no chão de modo a que a minha visão ficasse mais perto do ferimento. Dali em diante tive tanto cuidado quanto podia ao tocá-la, focando só nas suas feridas e nada mais, sendo o mais gentil possível porque sabia que aquilo ia arder e doer. Não a queria magoar mais.
Julian Campbell- Mensagens : 1920
Data de inscrição : 25/12/2015
Re: Quarto de Hope
Fiquei a olhar para a frente, deixando os braços caídos ao meu lado - Deve ter sido um óptimo trabalho, com as mãos a tremer e sem saber o que estava a fazer - respondi-lhe, revirando os olho. Respirei fundo o máximo que conseguia e preparei-me para a dor que ia sentir quando ele me começasse a desinfetar as feridas. Não queria que ele o fizesse, nem queria que ele tivesse tão perto mas ele não pararia de me chatear enquanto não o fizesse. Retesei o corpo quando ele tocou com o alcool na primeira ferida, fazendo uma careta e agarrando no seu pulso - Se vais desinfetar as minhas, também devias desinfetar as tuas - disse, de dentes cerrados
Hope Irwin- Mensagens : 1922
Data de inscrição : 25/12/2015
Re: Quarto de Hope
Não queria que ela duvidasse de si mesma - Foi melhor do que nada. Fui melhor do que já fiz. Além disso, no estado em que estavas, ainda me custa imaginar como é que arranjaste energia para tratares de mim - Era impressionante. Apesar de avançar devagarinho sobre as suas feridas sabia que doía. Cruzei o meu olhar com o seu quando me apertou o pulso - No fim, se ainda houver, faço-o - Mas não era uma prioridade, não quando ela estava naquele estado. - Isto vai magoar. Vou dar o meu melhor mas... vai doer. Desculpa - Aquele desculpa podia servir para tantas coisas...
Julian Campbell- Mensagens : 1920
Data de inscrição : 25/12/2015
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