Mer & Heath's

Suspirei e deixei este assunto ir. Ele estava ansioso por casar, eu queria estender o noivado o máximo possível mas talvez não ganhasse desta vez. Já tinha a casa - ok - respondi-lhe - mas se não tivermos dinheiro dentro de um mes, vamos só ao registo civil e ao restaurante, nada de casamento no parque - avisei-o - aceito se aceitares este compromisso - cruzei os braços, olhando-o seriamente. Não nos ia colocar cheios de dividas só por um papel assinado. Nós já faziamos tudo o que um casal fazia. Viviamos juntos, partilhavamos contas. qual seria a diferença depois ?

De certa forma custava ainda mais ouvir aquelas palavras vindas da sua boca. Quem me pudera voltar há quase dois anos, ou maias, quando estávamos a construir a nossa vida a dois em Londres. Aí, sentira que tudo era possível. - Mer - reagi de imediato ao toque da sua mão no meu rosto, encontrando conforto naquele toque. Instintivamente, aproximei-me dela, procurando mais desse conforto. Só ela conseguia tocar na minha alma e isso deixa-me pouco racional, deixa-me eprdido num passado onde fora tão feliz. Por isso eu não estava a pensar, não muito, quando com os nossos rostos tão próximos procurei os seus lábios com os meus.

Quando os seus lábios se aproximaram dos meus, fechei os olhos instintivamente, correspondendo ao seu beijo. Mais de dois anos privada do seu toque, dos seus lábios e era como se nunca tivesse deixado de o ter. Puxei-o para mim, entrelaçando os meus dedos no seu cabelo, prolongando o beijo. Se pudesse nunca mais sairia do conforto dos seus braços, onde me sentia finalmente segura. Lentamente puxei-o comigo até estarmos os dois deitados na cama

Era como se tivéssemos aberto a caixa de Pandora. Uma vez quebrando a barreira do toque, era muito difícil voltar atrás. Eu queria-a tanto, precisava dela. Naquele momento não ia pensar que tudo era uma ilusão, que ela não era minha, mas eu sim, era dela. Seria sempre dela. Voltei a beijá-la, mas agora com menos gentileza, afastando com a língua os lábios dela. Estava sedento por ela. Não me conseguia impor limites. Não conseguia ser racional - Mer - gemi, simplesmente por o seu toque ser o suficiente para lançar um calor desenfreado pelo meu corpo. Estava agora deitado, ela por cima de mim. A minha pulsação acelerou. O desejo fluía nas minhas veias no mesmo ritmo lânguido dos lábios e língua dela.

Quando ambos desistimos de exercer qualquer tipo de auto controlo sobre os nossos corpos, foi como se uma porta tivesse aberto e fossemos assaltados por uma onda de desejo que só o outro podia acalmar. Passei as mãos por dentro da sua camisola, perdendo-me entre beijos e toques. Não havia como voltar atrás, não depois deste beijo

Como eu sentira falta do seu toque, dos seus beijos, do calor do seu corpo contra o meu. Reacendeu uma centelha vital que estava há muito apagada. Porque era isso que ela era para mim: vital. Para o resto da minha vida, havia uma parte fundamental de mim que só estaria acesa com ela por perto. Em tempos fora um milagre, agora provavelmente seria uma maldição. Não que fosse nisso que eu pensava naquele momento. Só queria tudo o que ela me tivesse a dar enquanto a nossa bolha não era rebentada pela realidade. A ânsia que nos guiava levou-nos a remover a roupa um do outro abatolhada e desesperadamente. - Preciso tanto de ti - disse muito baixinho. Passei as mãos pelo seu rabo, por dentro da lingerie, desejoso de retirar aquela camada de tecido que nos separava. 

- Nao pares - implorei-lhe, enquanto tiravamos a roupa um ao outro desenfreadamente. Nenhum dos dois estava a pensar nas consequências dos nossos atos ou do que ambos iriamos sentir quando acabassemos de nos envolver. Acabamos por retirar o resto das nossas roupas, parando apenas para poder recuperar o folego e olhar nos seus olhos - Eu nunca parei de te amar

Era mais do que paixão, era amor, era aquela ligação especial que tínhamos. Se até ali o ritmo fora esfomeado, eu abrandei e parei para a olhar - Eu ainda te amo como sempre amei, talvez mais ainda -  confessei porque o peso da sua ausência fizera o meu amor muito mais profundo, enraizada em todo o meu ser. Sem aguentar mais, selei aquele momento nao mergulhar-me no seu corpo enquanto procurava novamente  afogar-me nos seus lábios. Não havia melhor sensação no mundo do que a união dos nossos corpos.

Estar finalmente com ele, era como se finalmente conseguisse apagar um fogo dentro de mim. Saber que ele ainda me amava era um balsamo no meu coração que me curava a dor que tinha sentido desde o momento em que o perdera a tants anos atras. Suspirei quando finalmente os nossos corpos se uniram, entrando num ritmo que nenhum dos dois tinha esquecido

Naquela bolha intima era como se nada tivesse mudado. Como se ainda fossemos um casal de jovens apaixonado nesta cidade gigantesca, com o futuro todo pela frente. Como era bom estar caído na ilusão e tê-la nos meus braços. Fiz questão de leh dar o meu melhor a mostrar o quanto a amava, de corpo e coração. Não era dificl pois ainda conhecia o seu corpo como a palma das minhas mãos, sabia o que lhe dava mais prazer, e esmerei-me em todos esses passos - America - gemi contra o seu ouvido - Quero-te tanto.

Nada se comparava a estar com ele, nos seus braços enquanto recebia juras de amor. Perdi a conta às vezes que gritei o seu nome e as horas a passar - Nada mudou - disse ja num tom rouco - Sempre foste tu - ja os dois exaustos, deixei-me estar caida sobre o seu peito. A cama estava num alvoroço, toda desfeita. Os nossos corpos suados entrelaçados um no outro nao se afastavam - Senti tanto a tua falta 

Senti que tanto eu como America não queríamos nunca que aquela madrugada passasse e a nossa bolha rebentasse.  Mesmo exauridos, sem fôlego quase, era a melhor sensação do mundo tê-la nos meus braços. Parecia um sonho porque efetivamente eu sonhava recorrentemente com sito desde que ela me deixara. - Não posso viver sem ti. Tentei, mas desde a última vez que te vi em Cape Town que tudo é miserável - confessei. Sentia, agora, que era arriscado falar pois quanto mais falássemos menos a nossa bolha aguentava. Porque naquele momento não estávamos a viver a realidade.

Entrelacei os nossos dedos, olhando para as nossas mãos. Ambas mais envelhecidas, as suas calejadas da guerra e as minhas suaves de usar tantas luvas - Deixar-te naquele dia foi provavelmente das decisões mais dificeis que tomei. O meu coração nunca mais foi o mesmo. Não como quando estou contigo - só de pensar naquele dia novamente, o meu coração partia-se de novo. Pela America mais nova que perdeu a oportunidade de ter uma família com ele, pela felicidade que podia ter tido, por ele. - Eu nunca mas nunca te deixei de amar Heath e estar sem ti não faz sentido.

Teria sido tudo tão diferente se ela não tivesse zarpado naquele dia fatídico em Cape Town, e tudo por algo que não passou de um mal-entendido. Não nos fazia bem regressar ao passado, mas era difícil quando o peso que a sua decisão tivera nas nossas vidas era imenso. Hoje podíamos ser 3 aqui em Londres... Mas ainda assim, por angustiante que ainda fosse e ainda havendo muito a resolver, processar e perdoar, eu não conseguia ver a minha vida sem ela. - Achas que ainda vamos a tempo de uma segunda oportunidade? -  perguntei num tom mais sério, o meu coração a palpitar pela sua resposta. A nossa bolha quase a rebentar. 

- Achas que alguma vez me vais conseguir perdoar por me ter vindo embora naquele dia ? - perguntei-lhe, sentindo o meu coração a bater nos ouvidos - Não há nada neste mundo que eu queira mais do que uma segunda oportunidade contigo. Uma nova oportunidade de poder ser verdadeiramente feliz contigo.

Parte de mim quase não conseguia acreditar que estávamos a falar disto. Por tanto tempo fora algo que eu quisera. Aliás, viera a Londres precisamente com uma centelha de esperança que isto acontecesse. Afaguei a sua cara, afastando uma mecha do seu cabelo que a tapava - Acho que temos um longo caminho a percorrer, mas não seria a primeira vez. Eu amo-te, eu quero estar contigo. Eu quero resolver os nossos problemas. Com tempo. - Sabia que não seria tão simples assim e na verdade não antecipava como seria gerir o ressentimento que sentia pelo abandono dela, mas era-me tão claro que eu preferia trabalhar isso do que perdê-la para sempre. - Mas, e..? - Ela tinha que saber que me referia ao seu casamento.

- De facto já passámos por muitos altos e baixos, só acho que precisas de processar o que sentes em relação ao que perdemos - expliquei. Sabia que a questão do meu casamento ia surgir e não era que eu não amasse Mason mas o amor que sentia por ele não era o mesmo que sentia por Heath, era um amor diferente. - Quando eu descobri que o Mason me tinha mentido sobre ti, eu separei-me dele. - As coisas entre nós já não andavam bem mas depois das mentiras de Mason, algo dentro de mim tinha quebrado a ligação. - Desde aquele almoço de familia

Não havia mais baixo do que a nossa situação atual, não com a perda de Haven. Mas tampouco podíamos permitir que isso se colocasse no caminho de uma reconciliação. Eu sabia, bem no meu âmago, que ela era a mulher da minha vida, a minha pessoa. Os meus olhos arregalaram-se quando ela me contou que se tinha separado. - A sério! - Exclamei, talvez demasiado contente. - Não quero saber se é egoísta, mas a única forma de funcionarmos é se te divorciares.

- Não é egoista. Faz todo o sentido mas vais ter de me dar tempo. - pedi-lhe - Preciso de encontrar um advogado e fazer bem as coisas. Não quero nada que seja dele. Eu vou partir-lhe o coração, não é justo ficar com o resto também - expliquei-lhe. Como poderia explicar o que queria fazer sem soar que nem maluca

Compreendia o seu pedido por tempo, mas a minha vontade era nunca mais perdê-la de vista. - Ok, tempo. Ok. -  Concedi -  Eu vou manter-me em Londres, o tempo que precisar. Aliás, vou começar a ver Airbnbs -  que viver no hotel não era mais sustentável. - Ele é milionário, o que precisa ele?  - se bem me lembrava, o seu amigo era um herdeiro mimado.

- Ahm.. ele não é milionário. Os pais dele deserderam-no quando ele quis casar comigo - expliquei - Eles tentaram pagar-me para o deixar, tal como a tua mãe fez comigo, e ele simplesmente negou-se e preferiu ficar sem nada a deixar-me - baixei o olhar - Eu não o posso deixar sem nada depois do sacrificio enorme que ele fez por mim

Não esperava ouvir aquela história. Por muito que eu não gostasse de Mason, não pude deixar de reconhecer que ele fizera um sacrifício daqueles para estar com Mer, e para apoiar numa altura em que ela estava sozinha. Continuava a não gostar dele, mas podia dar-lhe algum crédito. No entanto, aquela situação também complicava a nossa. -  Compreendo - Compreendia apesar de não gostar da situação. Agora sim a nossa bolha estalara, mas a realdiade não me assustava tanto quanto antes porque ela ainda estava ali, comigo. - Precisamos de um plano.

- Sim - beijei o seu peito em agradecimento pela sua compreensão - Um plano que não o magoe mais do que já o vou magoar - pedi. olhei para as horas, percebendo que Mason provavelmente já tinha saído para o hospital. - Ele hoje trabalha um turno duplo, acho que só chega amanhã a casa - expliquei, sorrindo ligeiramente. - Temos o dia só para nós e para pensar num plano, depois de comermos.

Se por agora pudessemos recuperar um pouco da nossa bolha, ficaria agradecido. Ficar o dia todo na cama com ela era precisamente o que me apetecia - Soa a um primeiro plano -  ri - Comer e depois dormir, que ainda nenhum de nós pregou olho.