Laboratórios

O frio que tinha passado tinha.me valido uma bela gripe. As dores de corpo que sentia tornava o dia ainda mais difcil do que tinha de ser e, além disso, a aula de hoje era suposto ser divertida. Iriamos para um laboratório fazer experiencias. Assim que entrei no laboratorio da faculdade vesti a minha bata e atei o cabelo, esfregando os olhos para afastar a febre e as dores da minha mente e me concentrar. Não podia deixar que o meu estado magoasse alguem

Assustei.me com Kenneth, deixando cair os papéis que tinha em cima da bancada - o que.. parceiro ? - perguntei enquanto me baixava para apanhar os papéis do chão - não, eu não tenho parceiro. costumo trabalhar sozinha no laboratório. hábitos genéticos - disse, lembrando.me de como o meu pai gostava de trabalhar sem ninguém

Não posso dizer que não me tenha divertido com a sua reacção à minha chegada. Ela reagia sempre de maneira caricata. Observei-a a recolher os seus papéis enquanto me sentava na cadeira ao lado da dela e pousei o meu caderno no outro lado da mesa - Esses hábitos géneticos não te vão ajudar no trabalho a pares. Ficas comigo.

- Tu estás a avisar.me que vais ficar comigo ? - perguntei enquanto punha os papeis de novo na bancada e os organizava de novo - Sabes que se eu for ao professor e pedir ele me deixa ficar sozinha, é só bater as pestanas - olhei para ele e sorri.

Às vezes os comentários dela conseguiam ser um pouco irritantes. Irritantes e ingénuos, pois eu tinha completa certeza de que ela não ia fazer o que dizia - Então vê lá se bates as pestanas e encantas alguém, porque como aluno de mestrado tenho prioridade de escolha e se te escolhi a ti, duvido que o professor vá contrariar a minha decisão.

- E porque raio me queres escolher a mim ? Tens alunas melhores que eu nesta sala. - revirei os olhos - entao se queres ficar comigo vais ficar calado e fazer apenas a experiencia e depois logo podes ir ter com a tua namoradinha - avisei e virei.me de costas para ele, ouvindo o que o professor dizia

Porquê que ela estava a ser tão birrenta por eu a ter escolhido? - Alunas essas que aprecem desfalecer sempre que me aproximo. Não tenho que aturar criancices dessas - Respondi de volta. Então era isso: ciúmes de Africa. - Desde quando é que ficaste tão exigente e mandona? - Comentei baixinho embora ela estivesse de costas viradas.

- Aparentemente não te importas de aturar histerismos - disse entre dentes, ignorando a sua pergunta. ele conseguia tirar.me do sério e irritar.me. respirei fundo enquanto esfregava os olhos para afastar a dor de cabeça e o calor que começava a sentir. Detestava quando me sentia irrequieta. Não conseguia parar na cadeira, abanava a perna para cima e para baixo descontroladamente e a minha mente viajava para outro lado, esquecendo por completo o que o professor dizia.

- Pois olha que não aguento e neste momento tu estás quase a entrar nos limites do histerismo - comentei secantemente. Podia perceber que ela estava irritada comigo. Tanto melhor. No fim da aula iria explorar mais essa irritação.

Respirei fundo e controlei.me para não me virar para trás e lhe espetar a caneta naquela carinha laroca que ele tinha e me fazia ter vontade de o beijar por ele ser tão sexy. O professor disse para nós começarmos mas eu não me mexi um único centimetro porque estava tão irritada que era capaz de explodir no momento. Passado uns momentos levantei.me e fui buscar os materiais necessarios para a experiencia

A tensão estava agravada naquele laboratório e não era por estarmos a mexer em materiais químicos explosivos. Enquanto ela os ia buscar, eu preparei os instrumentos. Apesar de estarmos irritados um com o outro, fizemos um trabalho meticuloso que conseguiu a admiração do professor.

Apesar de não nos falarmos até trabalhávamos bem em equipa uma vez que o professor até tinha falado à turma do nosso desempenho, fazendo.me corar ligeiramente. Tinha de admitir que não era assim tão mau trabalhar com ele desde que ele se mantivesse calado. Arrumei a minha mala assim que tocou e sai da sala sem lhe dizer uma única palavra.

Normalmente ela era a última pessoa a sair da aula. Daquela vez foi a primeira. Por muito que fugisse de mim não lhe ia servir de nada. 

Arrumei as minhas coisas e decidi ir para casa. Amanhã ou depois falaria com ela.

Felizmente ele não me seguiu ou não mandou nenhum comentário para o ar depois de eu ter saido e eu agradecia mentalmente. Tinha recebido várias mensagens de Africa mas tinha ignorado todas elas e fui para a biblioteca fazer um dos trabalhos que contava para metade da nota final.