Cape Cod

Naquele momento o meu coração dilacerou-se um bocadinho. Dei um passo atrás, atordoado. Deixei de segurar na porta do táxi. Ela não podia querer dizer aquilo, certo?  - Eu não acredito nisso, Mer...

Sabia que a única maneira dele me deixar ir, era se lhe dissesse o pior que podia dizer, que eu já não o queria. Eu sabia que era a sua fraqueza. Com as lágrimas a correrem livremente, acabei por dizer -  Eu já não te quero - desviei o olhar - Vai para casa Heath e deixa-me ir. - aproveitei que ele largou a porta para a fechar - vá, por favor. Arranque

Observei, em choque, enquanto ela fechava a porta e o táxi rapidamente desertou, levando com ele o amor da minha vida. Ou assim eu pensara. Doía-me tanto imaginar uma vida sem ela que não conseguia respirar, caí de joelhos no chão enquanto observava a estrada agora livre de carros. O que raios se passara? Não sei quanto tempo estive no chão até começar a chover - a chover, em julho! - e começar a sentir-me gelado. Estava incrédulo, em choque, com o coração destroçado. Fechei-me no quarto, ignorando tanto Jordan como Catherine que me interpelaram pelo caminho. Uma vez à porta fechada foi como se o dique desabasse. Larguei-me às lágrimas e à amargura. Só mais tarde me dei conta da carta que ela me tinha escrito - Ela deixou-me. Ela deixou-me - como é que as coisas tinham chegado àquele ponto? Já nos tinhamos separado uma vez, mas desta vez fora ela a abandonar-me. A dor engolia-me a cada segundo

E assim me engoliu nos dias que se seguiram. Expulsei toda a gente da casa e fiquei sozinho em Cape Cod. Estava a ficar louco. Mesmo que ela me tivesse rejeitado, deixei-lhe mensagens todos os dias já que rejeitava as minhas chamadas. Levei umas semanas até aceitar que estávamos completamente acabados. Eu não sabia viver sem ela.