Sydney Street

- Sabes, não precisas de usar esse charme que usas com as raparigas. - ri.me para evitar que se notasse o meu embaraço - Então se não gostas do laboratorio, o curso que estas a tirar nao e muito indicado. vais passar muito tempo no laboratorio e olha que podes nao gostar da companhia tanto como da minha

- Que charme? - Questionei como se não fizesse a mínima ideia do que ela estava a falar. - E acho que tu já sabes que não te trato como  trato as demais raparigas - Só para ficar esclarecido. - Não importa, o futuro não se resume a uma profissão - Comentei distraído.

Entrámos dentro de um parque de estacionamento privado. A gama de carros que ali estava era impressionante. Estacionei. 

Olhei para os carros que estavam a nossa volta, para as pessoas que entravam - não disseste que isto ia ser formal. apesar de estar bem vestida, não estava de todo vestida para um evento daqueles - olhei para ele, arqueando a sobrancelha - o teu charme natural, não me tratas como as demais mas esse charme vem.te naturalmente, mesmo que nao faças de proposito, as raparigas ficam todas caidas

- Não é formal - Acrescentei. Podia ser um evento para a elite, mas não do tipo realeza. - Incluindo tu? - Questionei divertido.

Revirei os olhos, empurrando.o - Tu sabes muito bem a resposta a essa pergunta, acho que se nota pela maneira como eu coro ou não te olho - abanei a cabeça - Já viste como as pessoas estão a entrar, é formal. Podias ter avisado

Eu sabia. Sabia que já a podia ter tido, se quisesse. Podia já ter cumprido a minha missão. O que me estava a empatar?

- Hope, não te preocupes com isso. Estás bonita e mais do que ao nível desta gente - Completei enquanto lhe oferecia o meu braço para que entrássemos juntos na sala de exposição. Era uma colecção privada de Vincent van Gogh. 

Pus o braço a volta do seu e sorri - obrigada - deixei que me levasse a exposiçao, fazendo com que me sentisse a rapariga mais bela daquela sala. certamente tinha o par mais bonito que ali estava - és tu que me fazes sentir bonita

Elevei o meu copo de champanhe e esperei que o seu copo encontrasse o meu, para brindar - um brinde ao nosso primeiro encontro ? - sugeri enquanto olhava para ele, deixando que o ambiente que nos rodeava, cercar.nos numa bolha de perfeiçao.

Se era isso que ela lhe queria chamar, que fosse. Juntei os nossos flutes até ouvirmos o tlim desse contacto. - Um brinde ao nosso primeiro encontro - Assenti. Não desviei o meu olhar do seu enquanto bebericava o champanhe daquele brinde.

Desviei o olhar do seu, engasgando.me ligeiramente no champanhe. Ele olhava com tanta intensidade que fazia com que me tornasse numa adolescente tonta que não sabia como os seus membros funcionavam, e, aparentemente, isso incluia engolir - Gostas de arte ? - perguntei para fazer conversa

Até era fofinho ver como ela não sabia controlar as suas expressões quando estava na minha presença. Era tão fácil lê-la. - Gosto - Respondi. Crescera inculto, especialmente no que tocava a arte. Mas, como tudo aquilo em que eu não sabia anda ao crescer, instruí-me a mim próprio - Sei que és mais de fotografia, mas gostas de apreciar arte?

- Fotografia é uma forma de arte, pintura não é o meu estilo favorito mas também gosto. Durante alguns anos vim várias vezes com o meu pai a galas, algumas delas de arte - começamos a ver os quadros, passando de sala em sala. Não podia deixar de reparar que nos destacávamos um pouco da multidão, não só por sermos novos mas tambem pelo modo como estavamos vestidos

Eu estava simplesmente a desfrutar a exposição e a companhia. Sabia bem que quando acabasse a minha missão com Hope, deixaria de ter tempo ou oportunidade de vir a eventos. - Hope - Chamei a sua atenção por ela ainda estar a pensar no que as outras pessoas pensariam. Peguei na sua mão - Queres ir a outro lado? - Quando na verdade estava mais a afirmar que iamos a outro lado.

Olhei para ele quando me chamou, assustando.me ligeiramente com a sua expressão. Ele reparara que eu estava a olhar - Se tiveres outros planos - não queria que aquilo acabasse tão rapido. sabia que não devia importar.me com o que pensam mas era algo subconsciente

Apenas assenti. Guiei-nos por entre as pessoas de volta ao parque de estacionamento, mas não para o carro. Saímos por umas das portas. Londres estava à espera de ser descoberta. Já anoitecera mas felizmente não estava um frio insuportável. Estávamos a cerca de dez minutos a pé de Westminster Abbey. Passámos pelo meio daqueles turistas todos até chegarmos ao edifico do Parlamento e passarmos pela ponte até ao outro lado. Era mais calmo e fácil de caminhar. Sabia que ali algures haveria uma pequena banca com alguns dos melhores brownie-doughnuts.   - Prepara-te para ficares mind blown - Comprei uns tantos para mime outros para ela cheios de chocolate. 

Ao sairmos do museu, pensei que iriamos para o carro e voltassemos para casa mas acabamos por ir na direçao contraria. Deixei que me guiasse pelas ruas de Londres até chegarmos a uma pequena banca de rua - O que é isto ? - perguntei ao ver a sua mao com uma caixa do que parecia ser pequenos donuts de chocolate

Donuts com recheio de brownie de chocolate. Não havia anda disto na Irlanda, pensei. O que era estranho porque raramente pensava no meu país. - Apenas prova. - Achava que ela ia gostar.

- Não estas a tentar envenenar.me, pois nao ? - perguntei em tom de brincadeira enquanto dava uma dentada naquela pequena delicacia, sentindo os meus labios ficarem cheios de acucar - hmmm quando é que encontraste isto ?

- Não me dava a este trabalho todo só para fazer isso - Comentei divertido. Ela ficou com açúcar e um bocadinho de chocolate no canto da boca. Parei-a ao colocar o meu indicador no seu queixo e limpei o canto com o meu polegar, lambendo-o de seguida - Não posso revelar os meus segredos. 

Engoli o que tinha na boca, focando.me nos seus labios quando ele lambeu o seu dedo, fazendo com que instintivamente eu lambesse os meus labios. so ele para fazer com que comer um donut fosse tão sexy - moro aqui desde sempre e nunca conheci esta banca, são deliciosos

- Passa despercebida se não souberes o que estás à procura - E aquela frase podia ter tantos significados. - mas diz lá que não são bons? Lembrei-me que hoje ao almoço não te ofereci sobremesa nenhuma. 

- Realmente nunca dei por ela, são muito bons - A rua onde estavamos era calma, uma rua um pouco mais secundária, junto a um parque onde se podia passear - O que te fez vir para este lado da cidade para encontrares este lugar ? - perguntei, olhando a nossa volta - Não tinhas sequer de me oferecer almoço, nem pensei na sobremesa