Coffee Shop

Hope conseguia ser mesmo teimosa. De certeza maneira, era tão irritante quanto encantador. Afastei-me um pouco dali, mas sempre de modo a poder ver a paragem onde ela estava de longe.

Olhei para trás, vendo que ele se tinha afastado e continuei em direção à paragem, esperando que o autocarro aparecesse rápido porque eu estava a morrer de frio.

A noite estava realmente fria. Até eu me sentia enregelado. Tomara que o táxi ou o autocarro aparecesse depressa. Passado uns cinco minutos avistou-se um ao virar da esquina.

Apesar da paragem abrigar a aragem fria, o ar conseguia gelar.me até aos ossos. Continuei a andar de um lado para o outro e a assoprar para as mãos numa tentativa, falhada, de me aquecer. Avistei o autocarro passado uns cinco ou dez minutos e apressei.me a tirar os bilhetes para poder entrar mal ele se aproximasse. Esta noite mal chegasse a casa iria ligar o aquecimento no máximo.

O autocarro parou e apanhou Hope. Desta vez correra tudo sem incidentes mas não podia descartar essa hipótese caso eu não estivesse ali. Hope mal sabia dos perigos que corria e odiava ter de fazer o papel de guarda-costas, algo que não estava suposto na minha missão.

Finalmente podia ir-me embora. Fui até ao meu carro. Eu não estivera à espera de ninguém, mas sim à espera de ir ter com alguém. E essa pessoa ia tirar-me logo o frio... Finalmente fui-me embora.

No espaço de uma semana tinha.me distanciado o mais possivel de Kenneth, falando com ele apenas quando as aulas de laboratório me obrigavam a tal. Possivelmente esta teria sido uma das melhores decisões que tinha tomado até agora porque precisava que a minha vida voltasse ao que era, drama free. Africa continuava a fazer comentários sobre ele mas eu simplesmente ignorava ou então imaginava ser outro rapaz. Nunca pensei ter ciúmes da minha melhor amiga por causa de uma crush que durava desde o inicio do semestre.

- Africa eu preciso de trabalhar, já acabamos de falar - disse, desligando o telefone para poder atender os clientes que entravam

Entrei no café e avistei de imediato Hope. Visto ser sexta-feira não haviam assim tantos clientes. Dirigi-me ao balcão mas fui atendido por outra empregada. Pedi o normal, o café forte.

Pelo canto do olho observei Kenneth ao balcão ser atendido por outra colega minha que estava deliciada com a sua presença. Suspirei e sorri à senhora quando esta me deu uma gorjeta pelo atendimento. Agradeci e disse para voltar sempre que quisesse, voltando a entrar na cozinha para atender os pedidos mais complicados - Cece dás conta do café por uns momentos ? - perguntei - preciso de ir ao armazém buscar uns produtos

Cece, a minha empregada designada, nem se importou e ficar sozinha. Já eu apercebi-me da frieza de Hope que agira como se eu nem estivesse ali. Aproveitei para mandar uma mensagem a Hope.

Estava no armazém quando recebi uma mensagem. Suspirei porque Africa não sabia esperar nem que fossem cinco minutos. Peguei no telemóvel e fiquei surpreendida ao ver que a mensagem não era de Africa mas sim de Kenneth

A resposta foi rápida mas não me agradou. Aproveitei uma distracção de Cece para me escapulir para trás do balcão. Passei pela porta que dizia "só para funcionários".  Apareci atrás de Hope. - Eu não me referia apenas a hoje.

Não estava à espera que Kenneth aparecesse ali uma vez que ele não podia estar ali, fazendo com que deixasse cair o que segurava nas mãos - Merda! - resmunguei - O que é que estás aqui a fazer ? Não podes entrar aqui assim - disse.lhe, baixando.me para poder apanhar o que tinha caido ao chão - Sai daqui antes que eu me meta em problemas Kenneth, este espaço é só para empregados.

Era impressão minha ou sempre que eu aprecia inesperadamente ela perdi o controlo das mãos? Acontecia sempre ela deixar cair alguma coisa. - Calma, ninguém vai dar por nada. A Cece estava entretida com uma mesa - Disse - Eu vou-me embora se depois te encontrares comigo. 

- Eu não me vou encontrar contigo em lado nenhum Kenneth. Pede à tua namorada para ter um encontro ou assim - resmunguei enquanto passava por ele - Porque é que és tão insistente. Pensei que afastar.me de ti tivesse chegado para entenderes que eu simplesmente não quero falar ou estar entre ti e a Africa

- Engraçado como estás sempre a bater na mesma tecla. Sabes perfeitamente que eu e a tua amiguinha não somos namorados. Mas está visto que isso te incomoda bastante - Fiz notar. - Não tens de estar entre nós os dois porque não existe um eu e África.

- Sim, incomoda.me bastante - disse.lhe honestamente, virando.me para ele - Há algum problema com isso ? - ri.me, abanando a cabeça - Eu vi.vos Kenneth, no parque, juntos deitados na relva e depois a Africa ligou.me e disse como tu tinhas ficado todo frustrado mas que depois logo lhe ligavas. É a isso que dizes não estar juntos ? - perguntei - Eu não tenho nada a ver com isso de qualquer maneira. Incomoda.me mas deixa lá que os incómodos passam

- Nao me interessa o que se passou ou se passa entre voces Kenneth. Tenho um problema Kenneth, tenho sim e não tenho problema nenhum em admiti.lo - Sai do armazém, deixando.o a falar sozinho. Estava a ficar farta disto tudo. Se pudesse voltar atrás aceitava a proposta do meu pai para ir viajar

- Qual é o teu problema ao fim de contas? - Questionei exasperado. Mas ela deixou-me ali. Porra. Saí porta fora. Peguei num papel e deixei-o no balcão para ela ver. Tinha a minha morada e as dizia para ela lá aparecer à noite. Paguei o meu café e fui-me embora. 

Peguei no papel e amarrotei.o, metendo.o para dentro da mala sem querer saber sequer o que estava la escrito. Continuei o meu turno e so quando terminei e que peguei no papel e vi o que ele tinha escrito. Ia la ou nao ? Decidi que antes de decidir lhe ia ligar para saber o que raio era aquilo

Kenneth não aparecera nas aulas, Africa não tinha mandado mensagem, andava tudo estranho. Na aula de laboratório acabara por ficar sozinha uma vez que o meu "parceiro" não tinha aparecido e já todo os outros grupos estavam a pares. O dia tinha passado devagar, as horas arrastavam.se e eu ainda tinha mais umas horas no coffee shop antes de ir para casa. Quando lá cheguei, Kenneth estava sentado ao balcão e Cece andava de olho nele enquanto atendia os outros clientes. Seria possivel que toda a gente se interessava por ele - Hey Cece. - sorri e pus o meu avental - Já podes ir, há alguma coisa que eu precise de saber ou está tudo na mesma ? - perguntei, pegando num dos blocos de notas e caneta

Kenneth olhou para mim e eu pisquei.lhe o olho, sorrindo timidamente. Cece fez uma careta quando viu a nossa pequena interação mas acabou por sair, dizendo que estava tudo na mesma e que me via depois - Tu consegues criar um grande impacto nas mulheres - disse a Kenneth enquanto limpava o balcão à sua frente - Cece já está de beicinho caido por ti. Incrivel como todas te desejam