Coffee Shop

- Uma chega e sobra - ri.me, olhando para eles quando se aproximaram - hey.. queres o habitual Africa ? - perguntei, olhando para as horas. estava quase na hora de fechar e por isso, ela só poderia pedir algo para levar.

- Kenneth! Não te esperava ver aqui - revirei os olhos quando ela me ignorou e acabei por me levantar, murmurando um já volto a Kenneth. Christian veio logo atrás de mim, sentando.se na bancada enquanto eu punha o café num copo para levar

- Christian queres alguma coisa ? - perguntei sem o olhar - Se não vais pedir nada, podes sair do balcão ? É que o meu patrão deve estar aí a chegar e eu não quero ser despedida. - Só se me deres um beijo, ouvi.o dizer sentindo o sorriso trocista que ele tinha no rosto - Sabes que isso não vai acontecer. Amigos não se beijam, por isso - passei por ele com o café de Africa na mão mas ele acabou por me agarrar novamente, prendendo.me no meio das suas pernas - Ainda não percebeste que nós não vamos ter nada ? - perguntei, debatendo.me com ele

Revirei os olhos. Aqueles os dois interromperam-nos por completo. - Africa, olá - Cumprimentei num tom aborrecido. - Este é o melhor café do campus. Havia grandes chances de me veres pro aqui - retorqui, contrariando-a. Pelo canto do olho vi a cena que se estava a desenrolar no balcão - Qual é o problema do vosso amiguito? - Questionei. Ainda não ia intervir. Ainda não.

- Hope não sejas assim. Eu gosto tanto dos teus beijos. Tenho saudades deles - ele agarrou.me no pulso, puxando.me para ele. Maldito jock e a sua força.

- Acontece que nós já não andamos, aliás, isso foi a pior coisa que eu podia ter feito quando éramos putos - resmunguei, olhando para ele - Vai.te embora Christian - pedi - Já chega desta insistência toda

- Entre o Christian e a Hope ? Provavelmente estão ali no flirt. Pessoal arranjem um quarto - revirei os olhos ao comentário de Africa ao qual Christian se riu - Eles saem desde o secundário. Ela está só a fazer.se de dificil

A explicação de Africa elucidou-me sober a relação dos dois. Nos meus ficheiros não constava o nome de Christian. Estava a perceber que já os tinha incompletos.

- Não me parece que seja só isso - Levantei-me e fui até lá. Toquei no ombro de Christian - Não te chegou ontem um murro na cara, já estás à procura de outro? Deixa-a.

- Kenneth é rude interromper - Africa disse, cruzando os braços - E que tal eu e tu irmos dar uma volta e deixarmos estes dois a sós ? - perguntou, pondo a mão no braço dele

- Africa aqui tens o teu café. Eu tenho de fechar, peço.vos que saiam - disse o mais calmamente possível, ainda presa nos braços de Christian - Christian larga.me - voltei a pedir enquanto esticava a mão para Kenneth para ele me poder puxar - Eu não quero confusão, vai.te embora - revirei os olhos. Africa agarrou no seu café e, ainda com a mão no braço de Kenneth, tentou levá.lo

- Vamos Kenneth, ela tem de fechar. Isso é só conversa para eles ficarem a sós - gargalhou, sorrindo para mim

Virei-me para Africa, claramente irritado - Os primeiros a interromper foram vocês - Retorqui. Esta gente era uma cambada de palhaços. Não sabia onde é que encontrava a paciência para aturar tanta infantilidade junta.

- Africa, não vou a lado nenhum contigo - E dito isto, larguei a mão de Hope, colocando-a antes no ombro de Christian. Pressionei exactamente num sitio que provocava uma dor imensa. Ele contorceu-se, gritando de dor.

Arregalei os olhos quando Christian se ajoelhou, a gritar de dor e a agarrar a mão de Kenneth para que ele parasse. Dei um passo para trás e encostei.me à parede, vendo Africa sair dali mais depressa do que nunca - Kenneth.. - murmurei quando ele não o largou - Podes parar - pus a mão junto ao seu pulso e olhei para ele, esperando que ele largasse Christian - Por favor.. - pedi. Nunca tinha sido apologista de violência e nos últimos dois dias já o tinha parado duas vezes de dar um bom enxerto a Christian.

Larguei Christian. Aquilo que eu lhe fizera quase não era nada quando comparado com o que eu poderia ter feito. Olhei serenamente para Hope. Depois sacudi as mãos. - Desculpa - Odiava desculpar-me. 

Christian ainda estava meio choroso, agarrando no ombro enquanto saia do coffee shop dizendo que depois falavamos - não precisas de pedir desculpa - engoli em seco e fui lavar a sua caneca de café e a taça de snacks que agora estava vazia - só não estava à espera.. daquilo - falei de frente para o lava loiça

- É que não suporto ver gajos que não entendem um "não" - Isto era desde sempre. Fazia parte da minha personalidade verdadeira, não só de "Kenneth". - Ele não ouve o que dizes. Tu também não és firme, Hope. Não admira que ele volte sempre. Diz a Africa que vocês estiveram juntos...?

- Eu já lhe disse que não temos nada e que eu não quero nada com ele mas ele não entende - suspirei - sim, conhecemo.nos mais ou menos quando eu tinha doze e depois começamos a namorar só que ele era a estrela da escola e eu a nerd.. sabes aquela cena cliche em que ele me trai mas diz que não foi nada ? foi isso que aconteceu, várias vezes e eu acabei tudo só que ele ainda pensa que estamos na escola e eu volto para ele - expliquei rápido - só que eu não quero voltar para ele.. ele já não é especial, é só irritante

E assim, bastante facilmente, já podia completar a minha base de dados sobre as pessoas da vida de Hope. No que tocava a Christian, já estava marcado.

- Acho que deixaste isso bem claro Kenneth, apesar dele ter dito aquilo ele nao deve voltar, obrigada. - agradeci, virando.me para ele com um sorriso. - Ate a Africa entendeu pelo teu tom de voz. Saiu daqui a correr! - ri.me

- Acho que a tua amiga também já percebeu o significado de um "não" - Era bom que sim pois eu não tinha paciência para a aturar. nem mesmo em prol da missão. 

Fui buscar o meu livro e caderno. Pu-los debaixo do braço. - Vais demorar a fechar?

- nao, vou so desligar as luzes e vou sair. Porque ? - perguntei - vais fazer.me companhia ? - sorri, tirando o avental. sentia.me mais segura se ele ficasse comigo até o autocarro chegar - eu tenho um autocarro daqui a um quarto de hora, se quiseres podes ir embora que eu fico bem

- Duvido que depois deste momento ele hoje volte aqui mas eu vou aceitar, obrigada - sorri - não estás a abusar da minha coragem ? - perguntei - ontem andei de mota e bem, quando sai dela ia caindo. hoje possivelmente ainda desmaio. eu tremo só de pensar nela - fiz uma careta - devias pensar investir num carro, é muito mais seguro

- ah.. vieste de carro.. - sorri - boa opção. é muito mais cómodo admite - disse, enquanto vestia o casaco e fechava o café - podias ter metido no banco ou debaixo do rabo, sei la - encolhi os ombros - ahm.. Kenneth posso fazer.te uma pergunta ? quer dizer, além destas perguntas que acabei de fazer ?

Eu tinha um carro e uma mota. Tecnicamente, só a mota é que era minha. O carro fora-me dado como apoio à minha missão. Eu preferia a mota.  - Pode ser mais cómodo mas não tão bom de conduzir. Não era assim tão simples colocar estas coisas na mota - Expliquei. - Claro. Pergunta.

- Ahm.. queres ir jantar lá a casa ? - perguntei, falando rápido para não evidenciar a minha vergonha - é que estou sozinha.. temporariamente e assim até podias fazer.me companhia e podiamos estudar um bocado - sugeri, mordendo o lábio

O convite surgira ainda mais rápido do que eu esperava. Desta vez não faria mal aceitar. - Só porque é uma paga pela boleia, vou dizer sim. De qualquer dos modos a minha noite também ia ser passada sozinho a estudar.  - Encolhi os ombros. - Estás pronta?

- Sim, estou pronta - tranquei a porta do café - Aviso já que eu não sei cozinhar muito.. talvez seja melhor encomendar take out, não ? ou contentas.te com uma comida básica ? - perguntei enquanto olhava para ele, corando quando as nossas mãos roçaram uma na outra

- O quê, não tens empregada? - Acabei por perguntar mas era mais no gozo do que propriamente a sério - Por acaso eu sei cozinha e bem. Posso preparar alguma coisa se me forneceres os ingredientes.

- Tenho. Ela vai uma vez por semana e limpa a casa toda, não tenho propriamente um mordomo. Sou só eu em casa, era um desperdício - fiz uma careta - a sério ? - perguntei, surpreendida - tenho uma grande dispensa e um frigorifico cheio, posso ser a tua assistente