Mer & Heath's

Suspirei e deixei que aquele gesto me confortasse. Encostei.me a ele, fechando os olhos - Se calhar são o cansaço e os nervos a falar, esquece - esfreguei os olhos - Nem deve ter passado assim tanto tempo, com a ansiedade é que parece que estamos aqui a uma eternidade - encolhi os ombros - Não ligues

Queria ajudá-la a descontrair. Era uma experiência stressante para ambos embora de maneiras diferentes. Às vezes só gostava de poder ler os seus pensamentos. - Vai correr bem - Garanti uma vez, embora esta fosse uma promessa que não dependia só d emim cumprir.

Dito e sabido, cerca de meia hora depois apareceu um militar (que eu não conseguia adivinhar o rank) a indicar-nos que o voo descolaria dali a meia hora e que nos encaminharia para o avião militar, mas antes disso fez-nos assinar novamente um contrato de confidencialdiade. Nada do que ouvissemos ou vissemos seria possível reportado sob pena de prisão por crimes de traição.

A minha vontade era responder.lhe que a unica coisa que poderia falar era a falta de hospitalidade e falta de respeito que tinham com os cidadãos mas acabei por ficar calada, assinando tal como Heath fez. Tinha o estomago as voltas dos nervos e estar naquela sala fechada, sem uma unica janela nao estava a ajudar - São todos muito simpaticos, nao haja duvida - murmurei quando ficamos sozinhos

O ambiente estava algo tenso. Não me incomodava muito a mim mas nao gostava que Mer estivesse a isto exposta. - Já saímos daqui a pouco - O tempo parecia levar séculos a passar naquela sala. Finalmente lá nos voltaram a chamar. Dali até ao avião foi uma viagem curta mas cheia de militares a fazer-me a saudação. Senti-me impelido a fazer o mesmo. 
- Liutenant Prescott, bem-vindo a bordo. É uma honra voltar a tê-lo connosco - Foi uma recepção estranha. Conhecer-me ia aquela pessoa? Não tive tempo para perguntar. Eramos os últimos a embarcar. Não era um avião comercial, eramos apenas cerca de vinte passageiros e enchiamos tudo. Eu e Mer tinhamos lugares na última fila. 

No meio daqueles militares sentia.me pequenina, pequenina e inferior. Mantive.me ligeiramente atras de Heath, deixando.o a liderar o caminho, sentando.me ao seu lado. O avião era pequeno e parecia que no voo iam apenas pessoas importantes, dai tanto alarido com o contrato de confidencialidade - Daqui a pouco estás em casa - sorri, ficando a olhar para o avião a descolar

Se eu achava estar desconfortável antes de embarcar, lá dentro era um novo nível. Tentei seguir em silêncio a contar as horas para aterrar. Ainda faltavam sete horas. - Daqui a pouco - Sorri mas não era genuino, era para esconder o nervosismo.

Assim que a assistente de bordo disse que podiamos tirar os cintos de segurança, foi o que fiz, virando.me para ele - Que achas de fazermos a nossa lista agora ? - perguntei, percebendo que nao era a unica com os nervos em franja. Tinha de ser forte por ele e mostrar que ia correr tudo bem. Levantei o separador entre os assentos e puxei do caderno

A minha capacidade de respirar parecia danificada por estar confinado àquele espaço tão limitado. - Isso, isso - Agradeci a sua distração como sempre - Ora, coisas que quero perguntar à minha familia?  - Tentei pensar em algo - De que música gosto? - Era uma pergunte completamente irrelevante e desnecessária mas foi a primeira coisa que me ocorreu.

Comecei a escrever - Ok, música. Música é importante porque se só gostares daquela barulheira vamos ter um problema - fingi.me de ofendida. Comecei a olhar para ele, o seu panico a aumentar - Vais ter de te acalmar Heath - acariciei o seu rosto - respira fundo. Olha para mim, vai correr tudo bem. Fazemos esta lista com tudo o que há para saber sobre ti e depois - espreitei para ver se alguem estava a olhar para nos e beijei.o, lentamente - podemos namorar para te distraires

Sorri ao de leve com o seu comentário que eu sabia que ela tinha feito para me distrair. Era muito apreciado. Fiz como ela indicou e cruzei o meu olhar com o seu e depois deixei-me levar pelo seu beijo - Era uma boa ideia, mas não com esta gente toda aqui - Não era nenhum púdico mas não me sentia confortável. - podemos continuar com as perguntas - Ponderei mais alguma coisas - Quero perguntar-lhes pela minha infância. Pelos meus estudos. O que é que me levou a ser militar?

- A tua infância, a pergunta crucial é: fazias xixi na cama ou não ? - disse em tom de brincadeira, tentando distrai.lo o mais possivel - Estudos, se eras inteligente ou o palhacinho da turma. Muito bem. Militar, isso até eu tenho curiosidade e gostava de ver fotos porque ficas muito bem com um uniforme - pisquei.lhe o olho - Hobbies ? Toda a gente tem hobbies

Com aquilo ela láa me conseguiu arrancar uma risada - A resposta a isso é determinante para a maneira de como me vês? - Apreciava imenso o esforço que ela estava a fazer - Talvez tenhas sorte e haja algures uma farda para eu colocar novamente. Podes arrancar-ma depois - Sugeri. - Hobbies. Boa questão. Se calhar sou um autentico nerd e não sabia - Improvavel mas nunca se sabia - Quero saber quem são os meus amigos, ou quem foram. Com quem cresci.

- Claro que sim, não posso namorar com um mijão. O que seria da minha reputação ? - fingi vergonha, sorrindo quando ele se riu - Eu gosto bastante dessa ideia até porque chegou a altura de trocarmos os papeis, já arrancaste muitas das minhas fardas de enfermeira, apesar de nao serem sexy's. Agora é a minha vez - mordi o labio - Amigos. De Infância e Adultos. Pessoas com quem cresceste. Podemos acrescentar à lista Fotografias embaraçosas para mostrar à namorada

- A tua reputação, claro. Não a poderias danificar com algo assim - Concordei já hum tom bem humorado. - Estás loucas se achas que não te acho sexy mesmo de farda - Ela até poderia estar vestida com um saco de batata que eu gostaria. - Com alguma sorte vivem todos na área e posso voltar a vê-los... - O que me deixava ansioso mas também entusiasmado.

- Sim e mesmo que não vivam, arranjamos maneira de os ir visitar. - Gostava de o ver assim, mais relaxado - Podemos tentar ir visitar as escolas onde estudaste, ou os professores que tinhas e eles tambem podem ajudar. - entrelacei os nossos dedos - Vamos arranjar maneira de fazer tudo, nem que tenha de percorrer o mundo inteiro a procura da ultima peça do puzzle

Encostei a cara a sua mao - Nao tens de agradecer, eu sei que farias o mesmo por mim - encostei-me ao seu ombro - Podiamos tambem perguntar aos teus pais se tiveste algum animal de estimaçao ou se querias e eles nao deixavam. Se querias irmãos ou nao

- Faria pois - Porque a amava igualmente. - Mas espero que nunca seja preciso fazê-lo - Assenti perante a sua sugestão - Saber tudo sobre mim. Será que era muito idferente do que sou agora?

- Não sei, se calhar tens algumas diferenças. A falta de memória pode ter afetado um pouco a tua personalidade, tendo em conta que não te lembras do que passaste enquanto tiveste no exercito mas eu acho que isso é bom - fiz uma careta só de o imaginar na guerra. o que seria que ele tinha sofrido - não te lembrares do que fizeste ou te fizeram enquanto andaste no exercito é bom, a meu ver. O resto das memórias é que podiam voltar. - comecei a mexer na costura da sua camisola, tentando evitar a pergunta que eu mais tinha feito na minha cabeça - será que tinhas uma pessoa importante na tua vida ? uma namorada ? noiva ? talvez até já fosses casado.. - murmurei esta ultima parte

- Como é que podes ter tanta certeza disso ? - perguntei - Podias ter mas simplesmente estar assoberbado pela nossa relação, eu salvei a tua vida e isso fez com que olhasses para mim com outros olhos - custava.me dizer aquilo mas era verdade - Pode existir uma mulher que sofreu horrores quando lhe disseram que tu nao ias voltar para ela e tu agora nao te lembras mas quando chegares e a vires, pode voltar tudo - engoli em seco, olhando para ele - Eu nao questiono que me ames, eu sei que amas mas eu só quero estar preparada para o pior. Podia haver alguem no meu lugar e tu nao te lembrares

Para mim aquilo fazia sentido. Era um sentimento demasiado forte para ser simplesmente apagado pela mente, certo? - Mer, o que sinto por ti é bem mais do que gratidão por me teres salvo a vida. É um sentimento que me deixa sem fôlego - Tentei explicar - É por isso que me custa acreditar que já o tenha sentido antes. - Ou a minha teoria não fazia sentido nenhum? - Se tiver havido alguém antes... - Não quis continuar pirque não fazia ideia do que aconteceria. - Eu sei muito bem com quem quero estar, memórias em falta ou não.

Eu sabia que ele estava a ser honesto e o que eu sentia por ele, nunca tinha sentido por ninguem. Era muito mais do que um simples amor, era algo profundo. Eu nao conseguia imaginar o dia de amanha sem ele mas quem era eu para me meter entre ele e o seu passado? - Heath.. - murmurei - Falamos melhor disto quando tivermos sozinhos - procurei os seus labios, num beijo rapido - Eu tambem sei com quem quero estar mas vamos viver um dia de cada vez, isto a partir daqui vai ser uma montanha russa

- Tenta descansar - pedi, entrelaçando a minha mao na sua. Encostei.me ao seu ombro e comecei a passar um dedo pela sua mao, ainda faltavam umas horas de voo. Nao sabia quanto tempo tinha passado mas acabei por adormecer, encostada a ele