Queen Charlotte's Hospital

- Posso trazer uma lista de nomes para ti - desviei o olhar do dele. Aquele olhar azul ia ser a minha perdição. Olhei para o seu peito e continuei a lava.lo, descendo o seu tronco - Assim ao lermos os nomes pode ser que te venha algo à mente - falei, tentando não olhar para o seu membro ou para a zona da sua cintura em geral mas tornava.se complicado quando estava a tocar.lhe e ele estava ali acordado. Adormecido tinha.se tornado fácil porque não havia como ele reagir mas agora a conversa era outra e eu não podia dizer que o seu tamanho não era impressionante

- Isso podia ajudar. Obrigado - Eu podia estar acordado há menos de três dias, mas ela tinha sempre a minha maior ajuda a agarrar-me à sanidade - Entretanto vou continuar a ser o Mr.Anonymus, como as enfermeiras me andam a chamar, nao é? - pelo menos tinha sido como duas delas me tinham chamado na sala de observações,  sem saberem que falavam demasiado alto talvez. 

Tentei começar a respirar fundo, mas parecia que o ar naquela sala estava a diminuir.  Olhar para America, ver America a tocar-me, mesmo que fosse de um modo profissional... - you're killing me - era suposto terem sido apenas pensamentos, mas...

- Eu não te trato por Mr. Anonymus - disse com um sorriso, corando a ouvir o seu comentário. - E eu ainda não cheguei a zona concreta - aclarei a voz e afastei.me um pouco para o deixar respirar - Eu vou deixar que te acalmes um pouco enquanto te limpo as costas - dei a volta a cama e ajudei.o a ficar direto, encostando.o ao meu ombro - Sabes, não é fácil para ti nem para mim - comentei - sinto que estou a invadir a tua privacidade

- Deves ser a única - Se fosse noutra situação eu até entenderia a ironia do nome, mas como era comigo não achava assim tanta piada. - "zona concreta" ... não era suposto teres-me ouvido - clarifiquei. Ao ficar de costas para ela deu para relaxar um pouco. - Eu sei - Mas a pior parte era que para mim aquilo não era fácil por razões completamente diferentes das dela.

- e um bocadinho dificil nao ouvir quando estou tao perto de ti - disse honestamente. Era impossivel neste momento ficar mais perto dele e mesmo que ele tivesse murmurado o que dissera, eu ouvira como se tivesse a falar normalmente - entao o que e que fizeste durante a minha ausencia ? - perguntei para meter conversa. O silencio naquele momento nao era o melhor para nos os dois

Obrigadainha por me relembrares quão próximos estamos. America nem fazia ideia.

- Tu sabes, o normal - Respondi. Ela sabia que na minha situação não podia fazer nada. Por isso dormira e observara o fantásticamente interessante tecto.

- ah sim, os dias aqui sao extremamente interessantes. Quando saires daqui vais ter tantas aventuras para contar a tanta gente - brinquei com o assunto enquanto lhe enxugava as costas e o voltava a encostar - nao estas com frio, pois nao ? - perguntei nao querendo que ele ficasse doente

Suspirei ao ouvir aquelas palavras - Bom, America, neste momento não sei bem quando é que esse dia chegará nem se terei pessoas a quem o contar.  Não é como se fosse conhecer muita gente neste hospital e se ninguém lá fora me conhecer...bem, tu sabes - Fiz que não com a cabeça à sua pergunta. Já estava a ficar cansado com aquele banho e ainda nem terminara. 

- bom, tens que ter um bocadinho de esperança em como vais voltar a ter a memoria, vais ter familia e vais ser feliz. Se saires daqui e entretanto nao tiveres ninguem, tens.me a mim - olhei para ele para poder ver que era verdade. Eu iria ajuda.lo no que pudesse

Eu estivera em coma oito meses? Das duas uma: ou ninguém dera pela minha falta, ou eu não tinha ninguém. Tremia só de pensar nisso.

Consegui esboçar um sorriso de agradecimento - eu sei - tinha-a a ela, pelo menos por enquanto. 

Sorri para ele e lavei.lhe o braço, passando depois para as pernas . Estava a deixar a sua zona para o fim, ao menos não seria tão mau porque dava para ambos nos mentalizarmos - vamos para aquela zona "proibida", das duas uma ou tentas fazer tu ou eu faco e tento ser cuidadosa o suficiente e mesmo que te cause algum problema geral.. Bem eu vou evitar olhar ou rir.me ou corar

O momento mais embaraçoso da tarde chegara. Eu estava a dramatizar. Be a man. Eu não me reconhecia, e isto não era só por não me lembrar de quem era, mas porque tinha a certeza que esta não devia ser a minha forma de agir. - Sou capaz de rir - Avisei só para aligeirar o momento. - Embora isto seja algo cómico. Sinto que estamos a passar para a terceira base sem sequer termos pensado na primeira - eu era terrivel a fazer piadas, não era?

- Tecnicamente eu já estive na primeira base - disse, sentindo.me envergonhada por já o ter beijado sem o seu consentimento - É que eu já te beijei, ou tentei algo desse género - expliquei enquanto molhava a esponja e o destapava por completo. era agora ou nunca. eu so tinha de deixar de pensar nele como atraente, ele era so mais um paciente e eu nao tinha problemas em fazer isto com mais ninguem - tu é que não te lembras e só conta para mim. eu já tive na terceira base há muito tempo - olhei para ele, sorrindo - novamente, tu é que não sabias

- devo ter apreciado imenso essas tuas viagens por todas as bases... oh espera, estava em coma. Perdi toda a animação - Disse em tom de piada embora estivesse ligeiramente envergonhado. Respirei fundo quando percebi que já estava completamente destapado. O meu corpo ainda podia estar dormente de tantos meses imovel mas naquele momento eu estava complemente sensivel a todo e qualquer toque.

- nao perdeste nada demais. Eu so te contava o meu dia e as vezes desabafava contigo quando algo mau se passava. E so te beijei na testa e os labios uma vez - comecei a limpa.lo suavemente, tendo cuidado com os sitios que tocava - e tu acordaste.. Por isso ou os meus beijos sao tao maus ao ponto de tu acordares para eu nao repetir ou tao bons que acordaste para saber quem eu era - encolhi os ombros e olhei.o - qual e que achas ser mais acertada ?

- Pode soar estranho mas eu acho que te ouvia. Não me lembro do que me dizias mas o som da tua voz... já a conhecia quando acordei - Acabei por lhe dizer. - A primeira é provavelmente a mais... - Fechei os olhos por um segundo. Caramba, o toque dela... - ...acertada.

O facto dele ter dito que se inclinava mais para a primeira opção que eu tinha falado, tinha.me atingido como uma facada. Eu não tinha muita experiência mas Maxon já me tinha beijado e não se queixara. - a primeira opção hein ? - ri.me para disfarçar o quao envergonhada e afetada tinha ficado - é normal lembrares.te da minha voz. eu falava muito contigo, eras como um confidente adormecido.. e dizem que ajuda com os pacientes em coma falar com eles e eu queria ajudar.te - encolhi os ombros como se não fosse importante

Eu não recordava muito desse beijo. mas sabia que fora por causa dele que eu despertara. - Não encontro outra explicação - Pisquei-lhe o olho. - Deves ter uma voz encantada pois foste a única em oito meses que eu consegui ouvir - A única que eu me recordava.

Ela era única, de certeza. 

- Ou talvez eu tenha sido a única a tentar verdadeiramente. - ri.me e tentei não olhar para a sua zona que, diga.se de passagem, começava a ficar algo contente com o meu toque - superaste o banho de hoje. devias ficar orgulhoso - sorri e ajudei.o a por a bata de novo - queres que passe cá depois do meu turno acabar ? - perguntei enquanto preenchia a ficha e lhe verificava o tubo do soro

- Ou isso. Em ambos os casos continuo a dever-te a minha vida - Disse num tom um pouco mais sério. Finalmente aquilo terminara. Já vestido podia deixar de tentar com todas as minhas forças impedir uma ereção enquanto ela podia ver. - Sinto que já te tirei tanto tempo. Ainda não foste para casa descansar. Se calhar não devias passar cá depois - mas sim, vem por favor, pensei. 

- Como eu já te tinha dito antes, não me deves nada - disse, olhando.o seriamente. Não gostava que ele pensasse aquilo, em como me devia algo por ter salvo a sua vida. Era o que eu queria fazer, salvar vidas e a dele não era uma excepção - eu dormi praticamente a noite toda, diga.se de passagem que tu também relaxaste - ri.me - eu depois logo vejo o que faço - aproximei.me da cama e beijei a sua bochecha - tenho de ir dar uma última volta pelos quartos e já te vejo

- Eu é que sei e digo que tu não me deves nada. Acaba aqui esta conversa - avisei.o enquanto lhe apontava a caneta ao mesmo tempo que saia. agora iria fazer uma ultima ronda e depois de mudar para a minha roupa extra que tinha na mala, fui de novo ao quarto. - Já te vieram dar o jantar ? - perguntei enquanto olhava para as horas e não via nenhum tabuleiro no quarto

Apenas me ri quando ela fez a sua última declaração. Depois fiquei sozinho e sem conseguir dormir. Ainda tinha muito presente o seu toque no meu quarto e...era melhor não pensar nisso. Estava meio sonolento quando ela voltou - humm...se pudesse chamar àquilo coisas comestiveis então sim, teria jantado - respondi e fiz uma careta ao recordar o jantar intragvel.