Queen Charlotte's Hospital

- Eu sempre fui só a Mer, aqui ou dentro daquelas quatro paredes. o problema daquelas quatro paredes é que impoe regras - reformulei e inclinei.me para ele até os nossos rostos ficarem perto um do outro - sempre me pudeste beijar, aqui ou lá.. só que lá tens de ser discreto - sorri, olhando para os seus labios - aqui podes não ser

- eu sei, eu sei... - Concordei resignado. Aquelas quatro paredes tinham muito mais do que regras, especialmente para mim. - Nesse caso, Mer... - Sorri largamente e aproximei a minha mão do seu rosto fazendo-a aproximar-se de mim até os nossos lábios se juntarem.

Sorri, encostando a minha bochecha a sua mao. O seu corpo irradiava um calor agradavel que me aquecia o centro do peito. Eu sabia que as pessoas iam olhar e comentar, confirmando muitas suspeitas, mas não queria saber. Durante muito tempo pus os estudos a frente da minha vida pessoal e o meu trabalho tambem, agora enquanto estava apenas a estagiar, queria apenas ser feliz. Heath fazia-me feliz - Estás quase a ser livre daquelas quatro paredes, aguenta mais um pouco - falei contra os seus labios, sentindo a sua respiraçao contra a minha pele

Sempre que os nossos lábios se juntavam daquela maneira eu esquecia-me de tudo o que estava em nosso redor e da minha condição. Era como se fosse pura normalidade e adorava isso. - Obrigado por me relembrares - disse baixinho, ainda a suster ligeramente a respiração. A verdade é que não sabia quando estaria livre, ou se alguma vez estaria. Podia sair do hospital, mas se o meu corpo continuasse enferrujado como estava, ainda lá passaria muito tempo.

- Confias em mim, não confias ? - perguntei, olhando para os seus olhos. Sempre que o olhava, perdia todo o ar que tinha nos pulmoes, eram simplesmente lindos. - Eles não te podem ter aqui muito tempo, principalmente quando tu já estás minimamente recuperado. Vais continuar o tratamento a partir de casa e eu vou ajudar.te - falei seriamente para que ele percebesse que ele ia embora dali brevemente - vais ficar comigo e vais ficar bom

Encarei-a directamente. Ela era a única pessoa neste mundo em quem eu sabia que podia confiar - Confio - Assegurei. Escutei-a atentamente sem saber muito bem o que pensar do que viria aí - Tens a certeza, Mer? Não te quero dar trabalho. Nem tenho como te retribuir. 

- Tenho toda a certeza do mundo. Eu não preciso que me retribuas nada, senão eu não oferecia nada. - acariciei o seu rosto - Vais é ficar comigo, a minha irmã e os meus pais. Se não te importares de aturar uma adolescente, é comigo que vais ficar. - tinha dinheiro suficiente, com todos os trabalhos que tinha tido ao longo dos anos, para alugar um apartamento para os dois mas antes teria de estudar bem a situação.

Quando é que ela deixaria de ser tão espantosa? Não era qualquer pessoa que abriria a sua porta a um estranho. Embora eu gostasse de pensar que não era estranho nenhum. Ela simplesmente tinha um coração enorme - Nem sei como te agradecer, Mer. Aceito a oferta! - Porque, apesar de tudo, não queria acabar num sitio qualquer e deixar de a ver. - Se a tua família for como tu, então acho que não há problema nenhum - Sorri - Mas aceito isto na condição de que vou ajudar em tudo o que possa. Sei que não estou na melhor forma física, mas qualquer coisa que seja precisa eu ajudo. E vou arranjar um trabalho, dê pro onde der, para contribuir também.

- Não, a minha irmã não é nada como eu. Acredito que se não tivesse visto a minha mãe grávida, ia jurar que ela tinha sido adotada ou então sou eu que sou adotada porque os meus pais adoram a minha irmã. - só de pensar nas asneiras que ela fazia e na maneira como ela era comigo e os meus pais mesmo depois de tudo o que eles fazem para a agradar, faziam.me ficar cheia de calores. - não, tu não vais arranjar um emprego sem antes terminares a fisioterapia e o medico te der alta e dizer que sim, podes trabalhar. não te vou por assim em risco.

Notava ali alguma amargura - Não consigo imaginar alguém que seja o oposto de ti, mas também não interessa porque és a única que realmente vai importar para mim naquela casa - Disse a sorrir. - Mer, não vou ficar parado sem fazer nada. Sabe-se lá quanta mais fisioterapia vou ter de fazer.

- É exactamente isso que vais fazer. Ficar quieto, ler livros, pesquisar no computador, ver filmes, tudo o que quiseres menos algo que envolva que te esforces demasiado. Não vou arriscar a tua saúde, não depois dos sustos que já me deste - acusei, atirando.lhe um morango - pois mas quando ela te vir... - suspirei, nem queria pensar nas coisas que ela dizer ou fazer

Apesar de não gostar do rumo da conversa, tinha de aceitar o seu ponto de vista. - Olha só para ti toda preocupada...até é fofo - Sorri. - O que é que tem quando ela me vir?  By the way, os teus pais aceitam que leves um estranho para casa? Tenho a sua autorização?

- Tu depois vais entender o que eu estou a dizer - abanei a cabeça e comecei a atirar.lhe uvas - é, muito fofo mesmo. se fosses tu a ver.me morrer, o que é que fazias depois ? - perguntei - não é nada engraçado ver.te assim, por isso promete.me que fazes tudo o que o médico te disser

Certamente que a sua irmã não poderia ser tão duvidosa quanto Mer a pintava. Mas também não estava lá muito interessado, para dizer a verdade.

- Hey... não morri, ok? Nem vou morrer tão cedo - Disse-o com muitas certezas para me assegurar que ela não pensava mais nisto. - Ok, eu prometo.

- Tecnicamente morreste. Durante cinco minutos para ser mais precisa - deitei.me na manta e olhei para ele, vendo.o de uma nova perspetiva, de cabeça para baixo. - obrigada - sorri e fiquei a olhar para ele, apreciando aquele momento - gostaste das surpresas ?

Ela fazia parecer com que aqueles cinco minutos tivessem parecido horas. Eu simplesmente acordara e não me apercebera do impacto. 

- Adorei. Obrigado por este momento - Sorri e acariciei o seu rosto - É bom respirar fora das paredes do hospital. 

Era engraçada a perspectiva dela das coisas - Fizeste mais por mim do que eu poderia alguma vez poderei retribuir. Posso não te ter conhecido "antes", mas sem dúvida que adoro a pessoa que és agora, Mer.

- não perdeste grande coisa. eu estudava, trabalhava, passava o tempo com o Mason e pouco mais. Tinha os dias tão ocupados que era dificil fazer algo assim até que comecei a estagiar e tive de me despedir porque não conseguia conciliar as duas coisas - expliquei - mas sempre fui assim, em termos de personalidade. Podes perguntar ao Mason, apesar de achar melhor não o fazeres porque ele não gosta muito de ti - fiz uma careta

Eu, pelo contrário, achava que tinha perdido. Podia não fazer ideia de como era a minha vida antes, mas de certeza que se tivesse uma presença tão positiva como ela, que seria mais feliz. - E porquê que não vivias simplesmente?

- Ora, deixa estar que é mútuo - Também não era nada fã daquele enfermeiro, de certeza.

Aquilo até era de esperar. Eu já percebera que America era daquelas raparigas que se esforçava para ajudar tudo e todos. Era admirável que tivesse suportado todos aquelas despesas - Agora está na altura de pensares um bocadinho em ti, também. Ou deixa essa parte comigo - Sugeri com um sorriso provocador. 

Desmanchou.se com o que ela disse - Ugh. - Foi tudo o que consegui dizer - ou melhor dizendo, grunhir - tal e qual como um miúdo de 5 anos. 

- Podes cuidar de mim quando tiveres bom - suspirei, revirando os olhos - Não comeces com coisas Heath. Vá la, faz um esforço por mim. Ele é o meu melhor amigo e tu... bem, tu és tu e eu não quero perder nenhum dos dois mas também não me obriguem a escolher - fiz beicinho enquanto me chegava a ele na esperança de o chantagear. Eu sabia que a aversão que tinham um pelo outro era grande mas eu esperava que o que sentiam por mim, fosse maior porque eu recusava-me a escolher um dos dois

Era sempre ela a cuidar de mim e eu queria retribuir o favor, especialmente agora que percebia melhor que ela precisava disso também. - Eu estou tão bom quanto é necessário - Embora ela achasse que não. 

Vendo o seu ar tão dividido sabia que teria de fazer um esforço para me dar com o enfermeiro - Pronto, okay. Não prometo que ele se converta na minha pessoa favorita, mas vou-me dar bem com ele. Por ti.

Olhei para ele e o meu sorriso comecou a florescer quando ele cedeu e prometeu que iria tentar. Guinchei, atirando.me para o seu colo, beijando.o por toda a cara - Obrigada. Obrigada. Eu amo.te. Obrigada. Obrigada. Obrigada. - repeti mil vezes entre beijos