Quarto de Hope

Honestamente nao me interessava muito para onde ele me levava. Queria passear com ele mas nao queria saber se se iamos ver uma exposição ou iamos para um parque- acho uma excelente ideia. Acho que vai ser bonito - encostei.me ao seu ombro e deixei.me ir. Podia ser que aquele dia se tornasse interminavel

Querendo admitir ou não a mim mesmo, foi um alivio quando ela deu um parecer positivo à minha sugestão. Tornava tudo mais simples. Fomos caminhando em silêncio mas de mãos dadas até à National Gallery. Ia sendo observando o que estava em nosso redor, escolhendo propositadamente os passeios que tinham menos gente, indo eu do lado de dentro e ela do lado da estrada. Queria manter os seus níveis de ansiedade social ao mínimo... o que parecia o oposto agora que chegámos ao museu e estava cheio de gente - Ainda queres entrar? - Questionei.

Estarmos os dois a sos, a passear pela cidade  de maos dadas quase parecia irreal. Nunca pensei que este dia chegasse em que ele se sentisse confortável em estar assim comigo, sendo que nao parecia um rapaz de mostrar afetos. Quando chegamos ao museu, este estava cheio de pessoas, o que seria de esperar - se quiseres podemos sempre ir passear ao parque onde me levaste a comer aqueles donuts, lembras.te ?

Não sabia se a sugestão era uma maneira de Hope se esquivar de estar numa multidão, se uma alternativa mais íntima e recôndita para nós os dois. - Parece-me uma boa ideia - Sobretudo pela última justificação em que pensara. Seguimos em direção ao parque. Estava estranhamente, um dia maravilhoso para passear por Londres. - Em breve vais voltar a estar por aqui a fotografar tudo com a tua câmara - Relembrei esse pormenor dela tão característico de quando a conhecera.

- Não sei se é uma boa ideia.. isto é vir para aqui sozinha - encolhi os ombros, olhando a nossa volta. o parque era lindo, um excelente sitio para fotografar mas as memórias que tinham com ele fazia com que fosse dificil voltar aqui sozinha - com quem vou partilhar os meus donuts ?

Talvez não lhe parecesse uma boa ideia mas com o tempo seria. Queria acreditar nisso pelo menos. Parei o nosso caminho e coloquei-me à sua frente para a poder encarar - Pode ser dificil, mas a tua vida vai voltar ao normal, Hope. Vais re-conectar com amigos - de esperança melhores que a Africa - vai conhecer novas pessoas, vais querer fazer novas coisas. E vais partilhar donuts com outras pessoas - Por mais que isso me custasse pensar que podia ser substituído. Isso seria bom, certo? Tinha que pensar assim, para o bem dela.  - Não te feches em copas. O mundo está à tua espera.

Eu não queria chorar, tinha prometido a mim mesma que não o ia fazer e ia ficar feliz por ele - Eu não quero partilhar os meus donuts com mais ninguem - murmurei, sentindo os meus olhos brilhantes. ri.me quando ele mencionou melhores amigos que Africa - sabes que nao sou muito social e isso nunca me incomodou - funguei, limpando os olhos - olha para mim. prometi que ia ficar feliz por ti e não ia chorar e tu estás aqui a deixar.me toda emocional. não podes fazer isso

Pousei as maos no seu peito, deixando envolver.se pelo seu beijo e pelo momento. Encostei.me a ele, abraçando.o - Eu prometo que vou tentar ser mais social do que sou - era o que lhe conseguia dar de momento. Não conseguia prometer que ia ser uma social butterfly mas conseguia prometer que ia tentar - Vamos aos nossos donuts ? - perguntei, tentando usar um tom leve com um sorriso

- Fico muito mais descansado se souber que o farás - Disse em resposta e era verdade. Não era só o Kenneth que o diria, mas eu próprio também. Mentalmente pelo menos. Respirei fundo e quebrei o abraço - Sim, sim, vamos - E lá fomos. Passámos o resto do dia nisto, simplesmente a conviver e aproveitar cada minuto.

Tentei absorver todos os segundos que pude daquele dia com ele, se era para ser dos últimos dias que ia ter com ele, ia ser aproveitado ao máximo e ia ser um dia feliz. - Dança comigo - disse de repente, parando em frente a ele, olhei a nossa volta e estavamos sozinhos. O sol começava a por.se, as luzes dos candeeiros do jardim começavam a acender e era o sitio perfeito no jardim para o fazermos - Vá lá, dança comigo

Já estávamos de regresso ao estacionamento onde tínhamos deixado o carro quando de repente ela pára e faz aquele pedido. Por momentos fiquei apenas parado a olhar para ela com descrença mas depois percebi que ela não estava a brincar. Que figuras vais tu fazer, Campbell? - Hope - Ri-me baixinho e avancei até ela, estendo a mão para que ela a agarrasse. Não havia ninguém à volta e também não havia música. 

- O que foi ? - ninguém nos vai ver e mesmo que vejam, não vao ligar a dois jovens no meio do parque. Tirei o telemóvel do bolso e meti uma musica a tocar enquanto pegava na sua mao - Era o que faltava para o final do nosso dia

- O que foi? Nós nunca dançamos. Eu nunca danço - Sublinhei como se isso fosse um dado adquirido do universo. Mas lá me desenvencilhei. Estávamos praticamente abraçados um ao outro e balança ao ritmo da música. Não era grande dançarino por isso não podia fazer mais do que aquilo. Hope não parecia importar-se.

- Já dançámos. Na festa da Africa, acabamos por dançar os dois - ri.me - Quer dizer, eu rocei.me um bocado e tu abanaste.te mas dançámos - encostei a cabeça ao seu peito e fechei os olhos, deixando que ficassemos a balançar ao som da música até que esta acabasse

- Uma vez sem exceção. Ou assim pensava eu - Comentei perante a sua recordação. Tinha sido um bom momento esse também. - Hoje estamos mais graciosos pelo menos - Humorei. Pendi a minha cabeça contra a sua e assim ficámos a balançar sob aquela noite  auspiciosa. Até que a música terminou mas nós continuámos.

Ri.me - Não podemos sempre ser mais arrojados - Quando a musica parou, pensei que ele fosse parar mas ele continuou agarrado e a dançar e algo dentro de mim cantou. Queria ser egoista e pedir para que ele ficasse comigo, mas não podia. Estavamos a falar do futuro dele e da carreira dele. - Obrigada Kenneth - murmurei

Senti falta do seu corpo assim que ele se afastou de mim. Abracei o meu corpo e sorri.lhe - Sim, estou pronta - nao me podia queixar de nada. Tinha sido o dia perfeito - quando é que tens de ir ? - perguntei

Seguimos para o carro. A noite já estava a ficar fria por isso soube bem ter o aconchego do carro. Não a fitei quando a informei da data - Daqui a 3 dias... - Já a contar que não seria interrompido por Jennifer até lá. 

- 3 dias ? - perguntei surpresa - Uau, não estava a espera que fosse assim tão rapido - suspirei - Vamos ter de preparar a tua despedida, um bocadinho a pressa mas ainda temos tempo de o fazer. Como é que vais fazer com a tua casa ? Precisas de ajuda a arrumar alguma coisa ?

Liguei o carro e arranquei para a estrada, seguindo o caminho até sua casa. - Não, Hope, nada de grandes despedidas. Por favor - Seria melhor assim. Além disso, odiava despedidas. De nada serviam. - O meu contrato de arrendamento estava a terminar, de qualquer dos modos. Só tenho de empacotar a roupa, de resto não há nada que queira levar.

- Não, não vai ser nada em grande. Algo a dois. Deixa.me fazer.te uma surpresa, um jantar especial - sugeri apesar de não saber cozinhar muito bem - Não podes perder essa oportunidade, ver.me a cozinhar é inédito - salientei - ah ok. Então parece que o timing foi perfeito

Parte de mim não queria nada que ela o fizesse mas também não lhe conseguia dizer não - Está bem. O que quiseres - Concedi. Depressa chegámos à sua casa - É, parece que sim...

Sorri - Podes descansar que não vou pegar fogo à cozinha - tentei descansá.lo. Não iria ser capaz de cozinhar como ele mas podia tratar de uns extras para que fosse extra especial. Podia usar a lingerie que ele me tinha oferecido, usar uma roupa bonita e arranjar.me para ele. Acender umas velas e criar um ambiente mais romantico tambem nao faziam mal a ninguem - não quero que fiques assim. vamos aproveitar os dias como se te fosses embora, pode ser ?