Quarto

Levantei o pescoço, olhando para ele do avesso - Acho que não seria boa ideia dizer ao meu pai que tinha passado a noite com um rapaz. - fiz uma careta. apesar de nao termos feito nada, eu ainda tinha dormido na mesma cama que ele - e deixa.me dizer que és a estátua mais jeitosa que eu ja vi - mordi o labio, olhando para o telemovel para esconder as minhas bochechas rosadas

Fiz um ar de quem estava divertido com a situação - E porque não? Já és crescidinha. E não é como se tivéssemos feito alguma coisa - Estava realmente divertido com a maneira de como ela estava a reagir - Obrigado pelo elogio mas podias dizê-lo olhando-me nos olhos, sabes? Ou não consegues? - Provoquei.

- Porque o meu pai se tinha passado e o mais provavel era querer falar contigo e depois ias passar por um interrogatorio. ah e para terminar ia querer saber todo o teu historial, se foste preso, quantos dedos dos pes tens, tudo. E ia verificar isso tudo com algum amigo dele ou assim - expliquei, empurrando a sua perna - Claro que consigo - revirei os olhos. Ainda era estranho elogia.lo abertamente e o facto dele me pedir que o olhasse quando o fizesse so me tornava ainda mais timida

Tinha a certeza que o seu pai faria exatamente isso. Pelas informações que reunira pelo misterioso Mister Irwin, era isso. - És mesmo uma menina do papá, hein? - Ri-me e devolvi o olhar diretamente. Sabia que a fazia sentir-se desconfortavel talvez pro um segundo, mas que ao memso tempo fazia Hope compeçar a confiar em mim. 

- Cala.te - ri.me - Eu não sou a menina do papá, ele é que é protetor, sou filha unica provavelmente entendes isso - revirei os olhos e sentei.me, cruzando as pernas a chines - E para de me olhar assim - empurrei o seu rosto para ele nao estar mais virado para mim - fazes.me sentir estranha

Na verdade não, não entendia. Além de ser afastado da minha família, não era filho único. De todo. Por isso simplesmente encolhi os ombros porque não queria ter de inventar mais pormenores sobre uma familia que não existia. - Mas tu és estranha. De uma maneira positiva, Nunca conheci ninguém como tu.

- Eu não gosto de ser estranha - mesmo que fosse pela positiva, ser estranha nunca era uma coisa boa. - Há várias pessoas como eu, talvez não tem um pai cientista que viaja frequentemente mas sao nerds timidas com problemas de confiança - encolhi os ombros. o meu telemovel tocou novamente mas desta vez era Africa a ligar. oh não, isto era mau. eu esperava mesmo que ela nao se lembrasse de nada

As coisas que ele dizia de mim fazia as borboletas do meu estomago voarem que nem loucas. - Eu só sou provocativa depois de um bocadinho de coragem liquida, se é que me entendes - senti os seus braços a volta da minha cintura puxarem.me para si e eu prendi a minha respiraçao. quando ele me tocava, eu arrepiava.me toda - só te fiz frente porque tu me magoaste. depois do que ja me aconteceu, e dificil estar assim contigo mas ao mesmo tempo e dificil estar sem ti

A noite anterior fora um exemplo muito claro dessa coragem liquida. Limitei-me a esboçar um sorriso como de quem acha muita piada e puxei-a para mim - Vais-te decidir pelo quê, Hope? - referia-me à sua última declaração, de que ela estava magaoda comigo mas ao mesmo tempo queria-me.

Se toda a minha missão não dependesse de Hope, a conversa que estaríamos a ter agora seria muito diferente. Se calhar nem estaríamos a conversar de todo.

- Também consigo ser complicado... - Encarei-a nos olhos - Mas tu és linda. De todas as maneiras e eu desejo-te, Hope. Não espero que entendas porquê que não avanço já para mais, mas não quero que sejas só mais uma que levo para a cama. - Esperava que aquela explicação a apaziguasse minimamente. 

Suspirei e deixei.me estar encostado a ele, desligando as chamadas de Africa repetidamente. Quando ela me ligava mais de três vezes seguidas era porque as coisas estavam a ir de mal a pior mas eu não queria atender, não ainda. Não queria ter de lhe explicar que gostava do Kenneth ou que ele me tinha beijado. Não queria explicar que não me queria manter afastado dele ou sequer que ela não tinha hipoteses. - Para de me ligar - resmunguei para o telemovel e atirei.o para o outro sofá

Africa era um problema insignificante para mim e só esperava que Hope a conseguisse ignorar. Sinceramente, estava farto de ter de aturar aquela rapariga que fora apenas um meio para um fim - Precisas que a despache? - Ofereci num tom divertido.

- Acho que se tu atenderes o telemóvel só vais piorar a situação - o telemóvel tocou novamente e eu levantei.me para lho dar - toma, se quiseres atender, atende. eu já venho - desculpei.me e sai da sala, indo para o corredor. por um lado tinha curiosidade em saber o que ele lhe dizia, por outra, se não fosse uma coisa boa que ele dissesse, ia ser uma desilusão.

Atendi o telemóvel. Quando Africa percebeu que era eu do outro lado passou-se. Lá começaram os seus guinchos e reclamações.  - É tempo de perceberes que  não está a rolar nada entre eu e tu, nem vai rolar. Nunca - Dei sobretudo ênfase a esta parte - Não quero saber o que achas ou queres. Mas quero - e vais - deixar a Hope fora destes teus joguinhos de menina birrenta, percebeste? Deixa de ser patética.  - Disse-lhe mais umas quantas cosias que ela certamente não gostou. Estava a ser um bruto, era verdade, mas talvez assim ela aprendesse pois de outra maneira ainda não chegara lá. 

Quando percebi que ele realmente não estava a dizer nada de mal, fui até a casa de banho para lavar a cara e pentear.me. Calculando que ele não se importaria, lavei os dentes apenas com os dedos e pasta de dentes, era o minimo que podia fazer para ficar decente. Voltei para a sala e o telemovel estava em cima da mesa - Talvez seja melhor eu ir para casa.. ou queres que fique cá ?

Esperava que o problema "Africa" ficasse resolvido pois não precisava de mais um inconveniente para a minha relação com Hope - Se quiseres, fica. Preparo-nos uma refeição. Qualquer coisa.

Entre ir para casa e estar sozinha ou te.lo a cozinhar.me uma refeiçao, eu escolheria a segunda opçao e ele sabia disso - vais.me fazer o almoço ? - perguntei enquanto me sentava no sofá  - vais fazer com que eu fique mal habituada, alem de ficar gorda

Esbocei um semi sorriso divertido - Claro que sim. E até já sei o que fazer. - Respondi - Não vais ficar gorda de maneira nenhuma. Até porque nos vou preparar algo saudável. Mas para isso preciso de ir às compras. Fazemos assim: fica aqui e ambienta-te. Eu vou à loja num instante e quando voltar preparo tudo.

- E o que é que vais fazer para o almoco que seja saudavel ? - perguntei uma vez que eu era esquisita com comida e ele tinha tendencia para gostar de me fazer surpresas. - o que é que eu posso fazer para ajudar enquanto tas fora ?

A sua questão quase fazia parecer com que as opções fossem poucas - Salada Caesar mas em wrap. O que achas? - Era simples e saboroso e não dava muito trabalho - Prepara a mesa, talvez. Põe-te à vontade. 

- Tu és incrivel. Estás mesmo no curso errado. - levantei.me e dei.lhe a mao para o ajudar a por-se em pe - sim, pode ser o que tu quiseres - sorri - desde que não me peças para fazer porque senao passamos fome

- Ninguém se ia importar se fosses assim - comentei, seguindo os seus movimentos com o olhar. os musculos das suas costas contraiam e relaxavam com os seus passos, fazendo.o parecer tão sexy visto por trás. ve-lo assim fazia.me ter vontade de o massajar só para poder sentir a sua pele