Sala de Estar

Apertei o seu casaco até cima, escondendo parte do rosto dentro da gola, sentindo o seu perfume. Cheirava bem. Sorri e rodeei o seu tronco com os meus braços, encolhendo.me para não tapar a sua visão como ele tinha pedido e mal ele arrancou, fechei os olhos e segurei na sua camisola até ele parar à porta da minha casa. Mesmo depois de parados eu continuei na mesma posição, esperando que o meu pânico passasse. não tinha morrido e esse era um sinal positivo mas as minhas pernas tremiam e eu não conseguiria levantar.me neste momento - obrigada pela boleia. - agradeci sem me mexer.

- obrigada - agradeci, corando de uma ponta a outra. decidi que era melhor descalçar os meus saltos, corando ainda mais quando reparei nas meias que tinha, alem de desencontradas eram às bolinhas. agarrei no seu braço, entrando em casa com a minha retina e palma da mão. todo este sistema de segurança por vezes irritava.me. ter de sentir o laser no meu olho todos os dias era incomodativo mas uma pessoa habituava.se - tenho a sensação que estou sempre a agradecer.te

Corei ainda mais quando ele se começou a rir, mexendo os meus dedos dos pés - hey! são quentinhas e aqui está frio - ri.me, encolhendo os ombros - tecnicamente é para ai a quarta vez ou assim mas ninguém está a contar - mordi o lábio quando senti a sua caricia - custou.te gasolina e calor humano por isso o mínimo que eu posso fazer é oferecer.te um chá ou um café

- tudo bem - olhei para trás de mim e tudo estava apagado, lembrando.me o quao vazia estava a casa. e calhar devia ter ficado em casa de Africa - amanhã estou a trabalhar no coffee shop junto do campus, se quiseres lá passar eu não te cobro o café - ri.me - bem, sendo assim.. Adeus outra vez - despedi.me, pondo.me em biquinhos de pés para beijar a sua bochecha. Como tinha tirado os sapatos, estava muito mais baixa do que ele

Eu estava à entrada da sua enorme casa. Quer dizer, à frente do portão que me deixaria entrar na propriedade. Tive que tocar duas vezes na campainha. Eu sabia que ela estava em casa.

Tinha passado o dia com uma sweat larga da universidade, umas leggings e umas meias até ao joelho, o mais confortável possível para estudar. Ouvi tocar a campainha e franzi a sobrancelha, questionando quem estaria à minha porta uma vez que eu não tinha combinado nada com Africa. Aproximei.me do pequeno monitor da entrada, vendo Kenneth pela camara de segurança - O que estás aqui a fazer ? - perguntei pelo intercomunicador

De repente e vinda do nada, eis a sua voz. Olhei para o sitio onde tocara a campainha anteriormente. Devia ser ali que estava a câmara de segurança - Vim ver como é que estavas. Não te vi em Cambridge.

Revirei os olhos e abri.lhe o portão, abrindo depois a porta da casa. - Eu estou bem, fiquei em casa para me adiantar nos estudos - disse quando ele chegou ao pé de mim - Deves ter tido uma boa companhia, ao menos eu não estava lá para interromper nada - disse ainda bitter com ele

Fiquei satisfeito quando ela me deixou passar.  Entrei dentro da sua grande casa, vendo-a lá à minha espera. - Ainda continuas com isso? A sério que achas tive algum interesse em beijar a Africa? - Os esqueces viam-se por toda a sua indiferença. - Nem sei para quê que me dou ao trabalho de vir aqui pessoalmente ver se estavas bem depois da noite de ontem e tu não esqueces isso.

- Já te agradeci pelo que fizeste, não agradeci ? - perguntei - Se não tivesses interesse, não terias beijado. Ela não se cala com isso desde que o fizeste! - resmunguei - Achas mesmo que eu quero saber que os teus lábios são suaves ? Ou que a tua barba faz comichão de uma maneira excitante ? Ou que apesar de fumares a tua boca sabe a um misto sexy de mentol com tabaco ? Achas ? - olhei para ele - A noite de ontem já passou. Já chorei o que tinha a chorar. Já tenho spray pimenta na mala e agradeci.te por me salvares novamente

- Eu não vim cá à procura de um agradecimento - Retorqui, revirando os olhos. Nem sabia porquê que me dava ao trabalho de ficar chateado. Mas ao menos o meu ponto de vista estava esclarecido, já me apercebera que Africa contara tudo a Hope e de maneira bastante floreada. O meu ego estava intacto. - Spray pimenta não chega - Anoitei - Diz-me que vais começar a ir de carro. Pelo menos nos dias em que saíres de noite do campus.

- Também porque é que te preocupas tanto com o que me acontece ? Não é que alguém vá dar por minha falta, por isso - encolhi os ombros - E eu ontem só sai tarde porque o meu patrão me ligou e pediu para ir trabalhar porque eu era para vir para casa mal as aulas acabaram - expliquei.lhe - mas eu prometo.

Cruzei os braços à frente do peito, claramente desgostado com o que ela acabara de dizer - Agora estás apenas a soar patética, Hope. Pára com isso - Eu já não tinha paciência para criancices destas. - Pronto, assim já fico mais satisfeito.

- Não, isto chega - Respondi num tom irónico que rivalizava com o dela. Acabei por respirar fundo e tentar abstrair-me - E só para que fique esclarecido, eu só beijei a Africa porque ela aprece de repente e servia para o que eu estava a querer demonstrar. Não gostei nem um bocadinho nem vai voltar a acontecer. Não quero que penses que sou desses que usa as raparigas como bem quer e lhe apetece.

- A sério ? Para provar um ponto ? Para isso podias.. - suspirei, acabando por me calar. Nem valia apena continuar a falar aquilo - Não, não me podes dizer que não vai voltar a acontecer porque tu não sabias o dia de amanhã. Talvez até comeces a gostar dela quando a conheceres melhor - encolhi os ombros, abraçando o corpo

- Nada. - abanei a cabeça - Nunca digas "desta água não beberei". A Africa não é assim tão má quanto aparenta, aquilo é tudo uma grande fachada. Uma proteção para não a magoarem - expliquei - Então diz.me Kenneth, o que é que tu gostas ? O que é que precisas ?