Mer & Heath's

Suspirei e deixei este assunto ir. Ele estava ansioso por casar, eu queria estender o noivado o máximo possível mas talvez não ganhasse desta vez. Já tinha a casa - ok - respondi-lhe - mas se não tivermos dinheiro dentro de um mes, vamos só ao registo civil e ao restaurante, nada de casamento no parque - avisei-o - aceito se aceitares este compromisso - cruzei os braços, olhando-o seriamente. Não nos ia colocar cheios de dividas só por um papel assinado. Nós já faziamos tudo o que um casal fazia. Viviamos juntos, partilhavamos contas. qual seria a diferença depois ?

Guardei a caixa quando ele o colocou prontamente. Adorava a sua reação, ele ter ficado entusiasmado por um simples relogio enchia-me o coraçao. Depois das pessoas se começarem a dispersar e ir para as suas casas, acabamos por arrumar as coisas e ter comida para os proximos dias no frigorifico - O que se passa ? - perguntei, sentando-me virada para ele - Tem alguma coisa a ver com o que se passou antes do bolo ser entregue ? Parecias stressado - disse preocupada

- Não, não, não... nada disso. Esquece isso. Devia estar com falta de açúcar no sangue para estar obcecado com a chegada do bolo. Só queria que a nossa celebração fosse perfeita - arranjei uma meia explicação e tentei bloquear a conversa com o Heath Prescott da minha cabeça, embora fosse impossivel. Ao invés, era precisamenre por causa dessa conversa que eu não deixava de pensar que precisavamos de mais no nosso casamento para que ela não o abandonasse se soubesse alguma vez que o outro estava vivo. - Relaxa - afaguei o seu rosto com a minha mão - Como te disse, o meu nível de felicidade é imensurável. Adoro a nossa vida - comecei - E acho que podemos ser ainda mais felizes se preenchermos a nossa casa  - acho que ela já sabia do que eu falava - eu sei que tens evitado o tópico e que a dor da perda da Haven te pesa como nada mais nesta vida, mas amor, eu acho que podias ser feliz tentando novamente. Não quero com isto pressionar-te, mas quero fazer planos de uma família contigo e só te peço claridade nisto. Se daqui a um, cinco, dez anos. O que for, eu posso esperar, mas por favor diz-me que um dia expandimos a nossa familia - roguei.

Não deixava de ser estranho aquela conversa do bolo mas decidi deixar de lado, nao valia apena pressionar o assunto - Mason.. - engoli em seco, baixando o olhar. Como lhe poderia eu partir o coração quando ele tinha colado da melhor maneira o meu ? - Eu.. - não sabia o que dizer - Eu não acho que consigo ter filhos - abanei a cabeça - Não é por ser contigo em vez de.. - não precisei de dizer o nome, ele sabia a quem me referia - mas depois do que se passou - senti os meus olhos encherem-se de lagrimas - espero que percebas - pedi, soltando um soluço - não sei se alguma vez estarei pronta e se isso for um deal breaker.. eu espero que não mas - limpei as lagrimas - eu entendo e é um grande pedido para tu abdicares

EU sabia que havia a possibildiade de ouvir algo que não queria ouvir, mas ao menos agora ouvira-o - De todo, de todo? Nem um dia? adopção? Não sei... - Seria um deal breaker? Eu só queria filho sse fosse com ela. Mas resolvi naquele instante pensar que isto era uma fase, que um dia ela mudaria de ideias. Não deixava de magoar o meu coração, não deixava de custar, sobretudo quando ela fez menção ao homem que lhe dera essa benção anteriormente e que ela julgava morto mas agora eu sabia que nao. Nós nunca tinhamos tido segredos e agora eu tinha um enorme com ele.  - Tu és a minha familía - reafirmei e puxei-a para mim. - Desd eque estejeamos juntos para sempre, isso é que importa -  garanti embora na minha mente corressem vários pensamentos.

- Adoção talvez mas não agora - respondi-lhe, encostando-me ao seu ombro quando ele me puxou para ele - desculpa - pedi, entre soluços, abraçando-o - Mas o que se passou com a Haven foi.. eu pensei que não ia voltar disso e se voltasse a acontecer alguma coisa a um filho meu, eu nao sei se conseguia sobreviver - admiti. ele viu como eu tinha ficado. Se não fosse ele a manter-me viva, eu provavelmente não estaria aqui sentada com ele mas se voltasse a acontecer, provavelmente nem ele conseguiria tirar-me desse precipicio

- Não peças desculpa - implorei, já quando ela estava nos meus braços. Afaguei as suas costas ternamente. - E espero que não penses que estava a sugerir substituir a Haven. Nada disso, meu amor. Nunca diria algo assim - E era verdade. Não queria isso dizer, no entanto, que com o tempo ela pudesse reconsiderar essa opção. Eu tinha esperança... e desde que Heath não se metesse nas minhas vidas, isto não ia ser um problema.

Não sabia o que esperara ao regressar ao Reino Unido. No momento em que pusera o pé fora do avião fora arrebatado por todas as memórias - boas e más - que passara neste país. Entre o meu coma, a minha recuperação e reabilitação, a minha relação com America, até irmos para Boston, já tinham decorrido quatros anos e meio. E os últimos dois passados entre a minha depressão nos Estados Unidos ou a guerra no Afeganistão.

Mas aqui estava de regresso e num impulso, sem sequer pensar duas vezes, ao invés de tentar voltar a chamar o telemóvel de America na esperança de que ela tivesse mantido o mesmo número, algo me impeliu a entrar no primeiro táxi disponível e indicar a morada do lar que eu e ela tínhamos construído anos antes. Pedi ao taxista que esperasse ali até sinal contrário, que mantivesse o taxímetro a contar, enquanto eu abria a porta e saía, demorando um minuto a encarar a casa onde tinha sido tão, tão feliz. Estava igual.

Eu não sabia o que pensar nem sabia o que esperar, mas certamente foi um baque no coração quando a porta abriu e revelou Mason, o melhor amigo de America, pelo menos em tempos, aquele que sempre se tentara meter entre nós, o que sempre a cobiçara e me rogava pragas por a ter levado para longe dele. Mason que a recebera de braços abertos da vez em que nos tinhamos separado. E agora este Mason dizia-me que passara de melhor amigo a marido, exibindo claramente a aliança dourada que na tinha na mão, e eu não questionei. Não consegui processar de imediato. America, a mulher de outro.  A minha America. Eu achava que já tinha o coração partido e irreparavel e que nada o podia magoar novamente, mas ao saber daquilo foi como um novo golpe para o qual não estava preparado apesar de saber que podia ser uma possibilidade.  Tentei encontrar consolo no que Mason dizia ser uma vida feliz a que ela tinha, mas não conseguia e desapareci dali, deixando aquela casa para trrás, assim que consegui para não quebrar mesmo ali.

Senti-me sem rumo e o pobre taxista não sabia o que fazer por isso indiquei-lhe apenas que me deixasse no primeiro pub que houvesse. E assim acabei num pub rasca, com a minha grande mochila militar que continha as roupas para o mês e meio que antecipara. Era meio da tarde mas pedi logo um whisky neat, e depois outro. Mais valia regressar a Boston, embora não fosse também uma casa porque eu sentia-me sozinho e vazio em todo o lado. Iludira-me a achar que isso poderia mudar com um regresso a Londres.

A dada altura, já meio com os sentidos desorientados, mandei mensagem ao único amigo que tinha na cidade, Marty. O grandalhão apareceu no pub e parecia estupfacto por me ver. Só então me apercebi que as notícias da minha morte falsa tinham chegado aqui.

Para a America eu estou morto e enterrado.

Ele fez-me uma careta - Não é o sítio nem a altura para falarmos disto.

Ele suspirou - Ouve, a America não regressou bem dos Estados Unidos. Nunca soube o que se passou entre vocês mas ela não estava bem nem tem estado bem por razões que não me compete a mim revelar. Mas se me perguntares se ela é feliz? Acho que sim. Ela e o Mason estiveram noivos durante o internato e casaram-se há um ano. Não te sei dizier muito porque a America cortou relações comigo mas no hospital são um casal acarinhado  - admitiu o meu amigo.

Mais farpas no meu coração.

Pedi mais um whisky mas depois daquele Marty impôs um limite e disse que eu ficaria em sua casa e não aceitou um não como resposta. Eu caí bebado e de coração gelado na cama na cama do anexo loft que ele tinha na sua casa, a desejar não acordar nunca mais.

Quando ele falou em substituir Haven, chorei ainda mais. Eu sabia que ele não tinha essas intenções mas sentia que a iria trair se simplesmente tivesse um bebé pouco mais de um ano e meio depois do que tinha acontecido. Pouco tempo depois de acalmar, fomos os dois para a cama onde fizemos planos sobre a viagem. O que precisavamos de fazer, e o que precisavamos de levar, o que não era muito porque ele tinha tratado de tudo

Durante uns dias não saí do anexo de Marty. Era embaraçoso, até porque ele me convidava para juntar às refeições da família dele. A esposa de Marty era sempre atenciosa e os dois filhos pequenos dele eram uns traquinas mas adoráveis, só que eu não estava no espirito, ao ponto de uns dias depois lhes ter agradecido a hospitalidade e me ter mudado para um quarto de hotel.

Porque mais triste do que me embebedar no quarto de hotel sozinho era fazê-lo num bar, naquela noite dei por mim num club algures em Londres, nem sabia bem onde andava, tinha apenas seguido o movimento das pessoas. Alojei-me no bar do club que tinha a música demasiado alto para ajudar a bloquear os meus próprios pensamentos. Só tinha vindo para beber em silêncio até me esquecer de tudo. 

Só que o destino tinha outros planos. Outros planos bem fodidos.

Já ia no meu terceiro gin quase sem tónico quando oiço alguém gritar o meu nome ao meu lado. Por momentos, tal era o espanto, achei que estava a sonhar e a ver America. O meu coração parou. Mas depois a voz denunicnou e eu fiquei lúcido minimamente para ver que se tratava, de facto, da irmã dela, Marlee.

- Bom, mas aqui estou eu - disse, mais concentrado no fim do copo de gin tónico do que nela. Vê-la relembrava-me de Mer e lembrar-me de Mer dilacerava o meu coração.

Aí ela ganhou a minha atenção e a minha mão fui muito rapidamente parar à sua e olhei-a seriamente - A America nao vai saber disto - Eu não queria arruinar a vida dela. Eu amavaa-a, mesmo que não quisesse. Se ela estava feliz e me tinha ultrapassado, as coisas que ficassem a si. 
O rosto de Marlee pareceu deliciar.-se Aquela rapariga sempre tivera um lado perverso, America sempre me distanciara tanto possível dela. Mas agora que se lixasse, não? Achei que ela me ia deixar mas ao invés pediu dois shots e quem era eu para dize rque não? Depois mais uma rodada, mais outra, e otura enquanto falávamos mas eu já tinha perdido a ordem aos meus pensamentos. Aliás, a minha acbeça começava a andar a roda e já não sabia bem onde estava sem ser que estaria a dançar? Estava a ver estrelas. Alguém me agarrava. Um apr de mamas contra o meu peito. Meu deus, tenho tanto calor. Tenho tanta sede. Não sabia o que se passava mas aliviava-me estar numa situação em que não tinha controlo sobre a minha consciência. Nunca me tinha sentido assim com álcool antes. De entre estar no meio de uma manada de gente senti-me puxado contra uma divisão mais escura e fria, com um cheiro mais fétido.
- Sempre te desejei, meu querido. Sempre achei que ficavas melhor servido comigo do que com a santa da America.
- America... - balbuciei quase incoscientemente. Foi entao que, ainda a pensar na mulher que amava, senti uma mão agarrar o meu membro e estimulá-lo. Nada fiz para parar, tinha os olhos praticamente fechados a este ponto e a sentir uma leveza tal como se estivesse a voar. Comecei-me a rir-me às gargalhadas. 
- Tem piada, nao tem? Como acabámos assim?  - o meu membro já estava ereto, sentia, e na ausência da mão que o acariciara estivera tentado a ir lá eu próprio mas então uma carne mais tenra e húmida - Que bela foda vais ser, Heath, Sim! Isso! - gemeu. 
O meu corpo estava em modo automático. A minha cabeça estava perdida algura em memórias e eu só pensava como era estar dentro de America, a doçura do seu sabor, como era maravilhoso estar corpo contra corpo. - America, meu amor...
- Marleee, caraças. Fode-me melhor - Gritou entre gemeidos, entre empoleirar-se na minha cintura de modos a que tive de suportar o peso, mas ela era quem controlava as investidas. - Say it, Marleee. 
- A Marlee é a irmãzinha da America - e ri-me novamente como um louco quando ejaculei mas sentido pouco ou nenhum prazer. Tal era o estado do meu corpo, não sabia.

Recuperei a consciência no dia seguinte. Estava na minha cama, no quarto de hotel. Estava vestido mas cheirava a álcool e a ganzas que se fartara. Fui a correr para a casa de banho vomitar tudo o que tinha no estomago, mais do que uma vez. 
- Manhã complicada? - disse uma voz atrás de mim.
Todo o meu corpo gelou ao reconhecer a voz de Marlee e ao reviver pedaçs da noite anterior. 
Vomitei novamente.

Apesar de ser por pouco tempo, no dia seguinte à noite partimos para Florença, para a nossa lua de mel. O ambiente ainda estava um bocadinho tenso depois da conversa que tinhamos tido e, apesar das suas tentativas para aliviar o ambiente, não me conseguia concentrar em mais nada. Quando fizemos o check in no hotel, decidi tomar um duche rapido para me acalmar e quando voltei junto dele, tentei reconciliar as coisas, desculpando o modo como tinha estado. Sendo o marido maravilhoso que é, Mason deixou passar e fomos aproveitar a nossa lua de mel. Foram quatro dias de muito vinho, queijo, uvas, amor e tempo juntos, quatro dias que vinham a calhar para voltamos ao foco. As mini férias tinham sabido muito bem mas agora que voltávamos à realidade, era dificil não sentir a tristeza que tinha enterrado durante esse tempo. Será que o nosso casamento ia durar se não lhe desse filhos ? Foi com esse pensamento que sai de casa, indo em rumo ao hospital

Expulsei Marlee do meu quarto naquele mesmo instante. A minha cabeça doía impossivelmentem a minha garganta estava sedenta por um liquido que acalmasse a sensação da queimadura, e de resto só queria esquecer a merdas das memórias daquela discoteca mas não conseguia. Tomei um duche de água fria e nele consegui enterrar o sentimento de merda que tinha. Eu era um traste. Porquê que sinto como se tivesse cometido a maior tração que podia ter feito?  Era irracional porque eu e Mer não estávamos juntos - ela estava fucking casada - mas nunca me sentira tão como lixo como naquele dia em que me arrastei pelo quarto, sem energia, e completamente enojado por me ter permitido ter tido sexo com a irmã da mulher que amava. Nem quis pensar no quanto aquilo fora uma armadilha, mas a responsabilidade era minha por me ter deixado chegar àquele estado, embora eu não compreendesse como pois nunca, nunca, nunca tinha tinho um blackout por muito bebeda que estivesse, nem tivesse sentido todas aquelas sensações maradas que me tinham tirado toda a racionalidade do cérebro.

Durante dias não aguentei o nojo que sentia. Mas mantive-me sóbrio, enraizando o nojo e a dor que sentia. Eu merecia tudo isto. Eu era um merdas. Tinha que ser por isso que Mer me tinha largado, certo? Também a razão por não ter conseguido aguentar uma relação com Catherine, uma mulher decente? E a razão por não ter consgeuido salvar tantos camaradas como devia ter tido na guerra. Eu era um merdas, um traste. Aguentei a dor, a raiva, mas tive que pedir a Marty para usar o ginásio onde ele andava e dar uns murros nalgumas coisas para não dar em louco. Envolvi-me em lutas com pugilistas no ginásio. Eu, que era um americano medalhado com a Purple Heart, levei com cada abada que o meu rosto e corpo ficou manchado de nódoas negras e de uma das vezes o meu olho esquerdo inchou e arrocheou. 

- Já chega, Prescott. Que merda andas tu a fazer, a arranjar combates a torto e a direito. Não posso deixar que continues asssim - Marty puxou-me para os balneários um dia.

Olhei para o meu pager, estranhando estar a ser chamada por Marty à fisioterapia quando havia várias enfermeiras que ele tinha ao seu dispor. Antes de entrar, respirei fundo e olhei para o meu colar com o H e o anel de noivado de Heath, guardando-o dentro da camisola. Tinha emoções mistas no que tocava aquela zona do hospital. Lembrava-me perfeitamente de estar no estágio e vir visitar Heath - Marty ? - chamei, vendo a sala completamente vazia - Que raio ? - olhei para o pager, confirmando que estava no sitio certo - Marty isto não tem piada

Eu estava do outro lado da sala, talvez ocultado atrás de uma cortina hospital porque não sabia se estava preparado. Então ela entrou, ouvir a sua voz, sentir a sua presença. Algo dentro de mim estalou. Saí do meu econderijo cobrado e enfrentei-a. Pela primeira vez em mais de dois anos olhei para a mulher que mudara tudo na minha vida, também a mulher que me abndonara e fizera perder a cabeça.

- Mer - murmurei, olhando-a, sabendo que seria um grande choque se ainda não lhe tivessem dito que eu tinha sobrevivido. 

Aguentei todos os meus nervos, aguentei a explosão de sentimentos que me iam no peito. Aguentei-me de pé à sua frente que por momentos duvidei ser capaz de aguentar. Ela não mudara nada. 

- Não - comecei a piscar os olhos - Isto não pode estar a acontecer outra vez - fechei os olhos - America concentra-te, não é real, ele está morto - fechei os punhos, cravando as unhas nas palmas da minha mão. Nunca antes as suas visões tinham falado comigo. Comecei a respirar fundo - Marty! - voltei a chamar, tentando evitar olhar para ele. Normalmente ele desaparecia, era uma questão de tempo mas nunca o tinha visto assim, mais velho, mais sábio, mais e melhor, tão realista

Como frequente vítima deles, conseguia reconehcer os sinais de um ataque de ansiedade, se não mesmo de pânco, a formarem-se na cara dela. Ainda só se tinham passado uns segundos e já lhe estava a causar sofrimento. - Mer. America - Aproximei-me dela, mais um passo e outro, e sem ver outra forma de lhe garantir que não era um fantasma, agarrei a sua mão com a minha. - Eu posso explicar como sobrevivi. Foi um erro terem-te enviado a caixa dos meus pertences póstumes - comecei por aí pois já tinha confirmado com Jordan que ela tinha, realmente, recebido a caixa que eu deixara para rás com todas as cartas que lhe escrevera, as fotografias mais importantes e o anel de noivado que lhe tinha destinado. - Sou eu. Em carne e osso. Por favor, ouve-me. 

Olhei para a minha mão envolta na sua. Eu conseguia sentir perfeitamente a sua mão calejada, o calor do seu corpo - Heath ? - olhei diretamente para ele pela primeira vez. Levantei a mão livre e acariciei o seu rosto. Comecei a sentir as lágrimas a cair. Ele estava vivo e ele estava a minha frente. Apertei a sua mão e atirei-me para os seus braços, atacando os seus lábios com os meus

Eu viera sem expectativas ou assim me tentara convencer mas a verdade é que no segundo em que ficámos na mesma divisão toda a minha essência foi consumida pela presença da sua, como se ela fosse um íman do que eu não me conseguia manter afastado. Por respeito tentara dar-lhe espaço mas foi sem dúvida surpreendentemente quando ela avançou para me beijar e oh como eu voltava a estar no céu. Agarrei-a também, apertando-a contra mim tão humanenemente quanto possível, recebendo tudo, tudo o que ela me dava. Como sentira falta dos seus lábios contra os meus, do seu doce sabor, da sua petite figura contra a imensão dos meus músculos, do seu cheiro intoxicante. EU sentira falta de tudo, eu precisava de tudo. Estarei eu agora a sonhar? Lágrimas também me caiam pelo rosto.

Toda eu ardia por dentro. A chama que estava apagada a dois anos, voltara a acender-se no momento em que percebera que ele estava vivo e à minha frente. Apertei os meus braços em roda do seu pescoço e rodeei a sua cintura com as minhas pernas, era incrivel como a sua presença era intoxicante. Não me lembrava da ultima vez que me sentira tão viva como me sentia agora - Tu estás vivo - disse entre beijos, agarrando-o mais contra mim. Agora que o tinha nos meus braços, nunca mais o queria largar - Como ? - beijo - Porque ? - beijo - Quando ? - beijo. Não conseguia parar, não conseguia pensar coerentemente. Não o conseguia deixar

Aceitei completamente quando ela enroscou as suas pernas ao redor de minha cintura com ousadia, com uma lúxuria já por nós bem conhecida. Também eu queria senti-la mais próxima. ABracei-a bem e suportei o seu peso como se nada fosse enquanto aprofundava o nosso beijo.

Era difícil permitir-me sentir tamanha felidade com esta reação porque há mais de dois anos que não a tinha e não sabia o que iria acontecer se ela ma fosse retirada novamente.

- Estava em missão no Afeganistão. Não te posso revelar os detalhes, mas tive que simular a minha morte. Ninguém sabia, nem mesmo o Jordan, nem mesmo a minha mãe - informei entre beijos sôfregos. - Voltei a acabar num hospital, desta vez não amnésico. Foram meses de reabilitação - expliquei sumariamente. - Estou aqui num período de licença sem vencimento. Tinha que te ver - E com isto as várias farpas que tinha no coração abriram feridas não saradas novamente - Dei um louco desde que me abandonaste - Parei os nossos beijso desenfreados por momentos e forcei-os a cruzar o olhar.

Passei a maos no seu rosto, eu ainda nao acreditava que estava com ele. Depois de ter ficado de coração partido, ele estava comigo - Porque e que.. - levei a mao ao peito onde tinha o seu anel pendurado no fio. Tirei-o de debaixo da camisola para ele ver - Porque e que tinhas uma aliança ? - olhei para a minha mao, vendo a minha aliança brilhar na luz - Heath, passaram dois anos. Eu.. - nao conseguia olhar para ele e dizer-lhe que tinha casado. Tentei sair do seu colo - Eu sou casada. Eu casei o ano passado.. eu pensei que tinhas morrido

Não esperava ver aquilo, e sobretudo não com ela. Podia perceber que ela usava o anel de noivado que estava há gerações na minha família como um amuleto que guardava junto do coração todos os dias, juntamente com a minha inicial H. Como é que ela me podia ter abandonado se tudo isto indicava que ela me amava? Estava tão confuso.

- Porquê que achas? Ainda nós estávos em Londres e eu já tinha decidido que te ia fazer o pedido. Ia fazê-lo naquela semana em Cape Cod - confessei num tom amargurado por nada daquilo ter acontecido, antes o oposto, o pior que ela me poderia ter feito. 

Quando ela se tentou afastar, eu não forcei e deixei-a sair dos meus braços. Como doeu, foda-se. Aqui estava o banho de realidade. Eu não a tinha. Ela já não me amava. Tentei controlar as minhas lágrimas para que não caíssem novamente. Tentei voltar a gelar o meu coração mas não conseguia. - Passaram-se dois anos sem que tu tentasses retomar contacto. Eu liguei-te, eu escrevi-te, eu... Se ao menos tu... - a minha voz quebrou, angustiado - Eu sei que és. Com o Mason de entre todos? - disse num tom desapontado - Deveria dar-te os parabéns não é? Primeiro aniversário de casamento há umas semanas. Que pontaria a minha bater à porta da nos.. da vossa casa nesse dia. Parabéns América, ao menos tens um marido que sabe muito bem declarar a sua possessividade quanto a ti - o meu tom começava a se rmauzinho. Aquilo estava a dilacerar-me. - Eu só quero saber porquê, Mer. Há dois anos que ando a bater mal sem entender como é que me cortaste da tua vida daquela maneira quando nós tinhamos passado pelo céu e pelo inferno durante mais de um ano. Porquê? - exigi saber - E dizes que te cases com ele há um ano a achar que eu tinha morrido mas e todo o ano antes disso, hein? Todo esse ano em que estive a apodrecer numa depressão e depois na merda do Afeganistão só para tentar enterrar a dor de não ter comigo.

Eu nao lhe podia dizer o que realmente tinha acontecido. Ele ja estava a sofrer o suficiente - Porque tu beijaste a Catherine! - senti as lagrimas cairem novamente quando me lembrei do quao feliz estava por saber da gravidez e por lhe contar - Porque tu me deixaste na praia a espera e quando voltei para casa, tu e a Catherine estavam aos beijos. Sabes o que passei naquela casa com a tua mae sempre a desprezar-me, a por-me a dormir no quarto dos empregados ? As tuas saidas com o Jordan e os avanços da Catherine mas eu aguentei tudo e estava rao feliz por te contar - calei-me. Quase me descaia e lhe contava de Haven - Entao decidi vir-me embora. Eu estava a mais - a minha cabeça começou a andar a roda ao ponto de ter de me sentar. O que e que ele tinha dito ? Mason tinha contado do casamento ? Era por causa de Heath que ele estava tao nervoso naquele dia ? - Estas a dizer que.. tu falaste com o Mason no dia em que fizemos um ano de casados ? Tu foste la a casa ? Tu viste o Mason ? Tu falaste com o Mason ? - tentei perceber bem tudo. Ele sabia da festa entao tinha estado la mas Mason nao me tinha dito nada porque ele sabia dos meus sentimentos por Heath - Nao tens o direito de me atirar isso a cara! Nao foi tudo unicornios e arco iris para mim. Eu atirei-me para frente de um autocarro quando soube que tu morreste! Eu tambem nao estava bem! - gritei com ele, soluçando - Eu sentia-me culpada por tudo p que tinha acontecido 

Se havia algo que pesava naquela salinha de fisioterapia era mágia e dor e arrependimentos. Quantas e quantas vezes não pensara eu sobre o que se tinha passado em Boston quando eu sabia que ela não se sentia bem e mesmo assim insistira para que ficasse - Tu mal me deste uma oportunidade para me explicar. Eu nunca te dei razões para duvidar dos meus sentimentos nem intenções. Eu diss-te naquele momento, à prota daquele maldito táxi, que eu apanhava o voo para Londres contigo naquela maldita hora! - relembrei, tentando conter o meu tom de voz mas já estavas quase aos gritos nesta troca de acusações. Não eram estas as respostas que eu itnha vindo à procura. Pelo contrário, eram as ferias que andavam a remoer a minha mente há dois anos. - Fui há casa que escolhemos os dois e dei-me de caras com o teu marido, no dia da vossa festa. Eu decidi que não te importunaria, que continuaria morto e enterrado se assim fosse mas não consegui, está? Não consegui não te ver, não te pedir justificações, não te ouvir dizer pelas tuas próprias palavras que tudo isto não passou de um erro gigante - aqui já me caíam lágrimas de raiva e de remorsos - TU FIZESTE O QUÊ? - Exclamei horrizado quando imagens começaram a reproduzir-se na minha mente de ela a tentar suicidar-se. Não podia aguentar se isso se tivesse passado. Voltei a aproximar-me dela, lágrimas tantas que custava ter os olhos abertos - Porquê que nos causámos tanta dor? Como? Como é que o nosso amor não chegou? Como é que se transformou nisto? Eu achava que o que nós tinhamos era único, puro. 

- Eu nao estava bem, o Mason e que andava a manter-me viva. Obrigava-me a comer e a cuidar de mim mas depois o Jordan apareceu e disse que tu tinhas morrido. Tinhas ido para o Afeganistao por minha causa e tinhas morrido - deixei que ele me reconfortasse - Eu nao aguentei. O peso da culpa. Eu conseguia viver comigo mesma se soubesse que tu estavas bem, estavas nos Estados Unidos com a Catherine mas saber que tinhas ido de volta para aquele sitio e tinhas morrido ? - abanei a cabeça. Tinha sido demasiado. Haven. Heath. O meu coração tinha morrido completamente - Eu simplesmente sai de casa a correr. Estava a chover, eu estava descalça e so com um pijama mas eu nao quis saber. Eu so queria acabar com a dor e quase que o fazia mas Mason chegou e viu tudo e atirou-se para a estrada. Ele arriscou a sua vida por mim e salvou-me - limpei os olhos - Ele podia ter morrido mas nao quis saber. Uns meses depois eu dei-lhe uma oportunidade. Tu estavas morto e eu ja nao tinha nada a perder. - abanei a cabeça. Nao sabia quando uma história de amor como a nossa, um sonho se tinha tornado um pesadelo - Eu sempre te amei

Não sabia como processar toda aquela informação. O meu coração dilacerava-se a pensar no desespero que ela sentira ao potno de se tentar matar. Jordan nunca a deveria ter culpado da minha ida para o Afeganistão. Todas estas formas de falta de comunicação tinham fodido tudo, tinham arruínado até as memórias do que nós tinhamos. Tentei respirar fundo e parar com as lágrimas que não me levavam a lado nenhum.

- Eu nunca, nunca, deixei de te amar - disse mas num tom desolado de quem sabia que isso de nada servia porque ela estava casada e resolvida com a sua vida. - Nem nunca irei. Nunca te quis magoar.