Mer & Heath's

Suspirei e deixei este assunto ir. Ele estava ansioso por casar, eu queria estender o noivado o máximo possível mas talvez não ganhasse desta vez. Já tinha a casa - ok - respondi-lhe - mas se não tivermos dinheiro dentro de um mes, vamos só ao registo civil e ao restaurante, nada de casamento no parque - avisei-o - aceito se aceitares este compromisso - cruzei os braços, olhando-o seriamente. Não nos ia colocar cheios de dividas só por um papel assinado. Nós já faziamos tudo o que um casal fazia. Viviamos juntos, partilhavamos contas. qual seria a diferença depois ?

Como enfermeiro que eu até era até parecía ridiculo precisar de ajuda com uma ligeira queimadura, mas significou muito para mim que ela tivesse vindo em meu auxílio mesmo que ainda me dando aquele ar de indiferença - Obrigado - agradeci quando ela excelentemente ligou a minha mão. - Eu também não te queria magoar. - voltei a mencionar. Era a última coisa. - Desculpa- Sei que não resolve nada mas...desculpa - admiti derrotado, sentando-me do outro lado da pequena mesa da cozinha, fechando os olhos porque toda aquela choradeira e conversa me dera uma enorme dor de cabeça.

Nao era um pedido de desculpas que ia resolver as coisas mas eu nao podia deixar um ano de casamento ir pelo cano abaixo - Estou desiludida Mason. Nao pensei que me fosses mentir em algo tao grande como isto mesmo que as tuas intenções sejam boas. Era o mesmo que se eu engravidasse e fizesse um aborto sem te dizer nada. E demasiado grande para ser mantido em segredo - sei que nao faria isso mas era o unico exemplo grande o suficiente para me lembrar - nao que eu alguma vez faça isso! Nunca abortaria o nosso bebé mas como e que te sentirias ? - perguntei. Acabei de cuidar da sua mao - Vais ficar bem, tens so de ter cuidado nos proximos dias - disse, apesar dele ja saber estas coisas

Se não bastava o meu peso na consciência com a situação de Heath, quando ela mencionou aquele exemplo senti um enorme e pesado baque na minha consicência pelos placebos que ela andava a tomar sem saber. Devia aprar, devia retomar os comprimidos originais e garantir que tinhamos os preservatvos certos... mas o pânico de a perder continuava a ser maior. E não é como se andássemos a fazer sexo este dias. Engoli a seco. - Tens razão - Aclaareei a voz - Eu entendo - Assenti sem consgeur dizer mais nada, o meu olhar baixo, magoado e enveergonhado. - Obrigdo - disse uma vez mais - Com isto tudo... amanhã ainda vamos almoçar com a tua familia?

Suspirei - Sim, vamos. Já disse que iamos e a minha mãe disse que era algo demasiado grande para adiar mais - encolhi os ombros - Vamos dormir e depois logo se vê como as coisas ficam - olhei para ele e parei por momentos. Porque é que eu não conseguia ama-lo como amava Heath ? Ele era bom para mim mas era como se Heath tivesse um iman que eu não conseguia afastar. Levantei-me e comecei a arrumar a cozinha, sem dizer mais nada. Precisava de espaço e tempo para processar tudo

Agradeci-lhe mentalmente por me deixar sozinha. Deixei-me cair para o chao e tapei a boca para abafar o sim do choro. Como e que as coisas iriam ficar daqui para a frente ? Sentia que o meu mundo tinha sido novamente abalado e nao sabia o que fazer. Depois de uns momentos, recompus-me e arrumei tudo, acabando por dormir no sofa. Na manhã seguinte subi ate ao quarto para tomar um duche e despachar-me - Mason - sentei-me a beira da cama e chamei o seu nome para o acordar - É melhor acordares para podermos ir embora - tinha-o deixado dormir porque se foi como eu, ele tambem tinha dormido mal. 

Desistira de esperar por ela por adormecer e quando de manhã ela me despertou era muito claro que nunca se juntara a mim e isso explicava como eu sentia que tinha dormido mal. Isto nunca tinha acontecido, nem mesmo antes do nosso casamento, quando começáramos a dormir juntos. - Vou despachar-me -  anunciei com pouco ânimo. Mas ocmo íamos para casa dos seus pais aprumei-me, vesti-me bem e tentei que a minha aaparência fosse boa dentro do normal. Fomos a vaigem toda até casa deles praticamernte em silencio.

- ok, tens tempo - deixei que ele se fosse despachar e dei um jeito ao quarto. Eu ia causal, com um simples vestido, já ele ia sempre muito bem vestido quando ia a casa dos meus pais - Estas muito bonito - comentei quando saimos do carro. A viagem tinha sido dolorosamente silenciosa e os meus pais iam logo notar o constrangimento - Estas pronto ? - perguntei. Não queria fingir que estava tudo bem entre nos mas as perguntas iam ser feitas e como poderia explicar que o meu ex namorado morto voltou a vida e o meu marido mentiu-me sobre isso e como estamos no mes que a minha filha e o seu pai morreu, estou ainda mais sensivel. Era surreal e eles nao sabiam de nada, so Mason.

Aclarrei a garganta e olhei para ela tentando estar mais composto antes de tocarmos à campainha. Assenti que estava pronto. Algo comum, entrarmos de mãos dadas, nem sequer aconteceu. - Dona Singer, Sr. Singer, como é bom vê-los - disse num tom animado apesar de tudo porque efetivamente era uma boa distração estar ali e não em casa com America sem saber como estava a nossa relação. Deixei-os a falar com America e passei para a sala que também era sala de jantar, notando logo que havia seis ao invés de seis pratos. Marlee apareceu nesse momento e veio logo abraçar-me - Olá cunhadinho, bons olhos te vejam. Novidades em relação ao hum-hum? -  Mesmo que America nao tivesse uma boa relação com a sua irmã, eu tentara ter e dávamos-nos relativamente bem, ao ponto de no ultimo almoço de familia lhe ter confessado apenas a ela que esperava crescer a família em breve. - Nada, Marlee. Nem vai ser para breve, parece-me - disse já mais desanimado mas ela deu-me só uma palmadinha nas costas mas parecia-me absorta com outra coisa que a estavaa  deixar muito animada hoje - O que é isto de um sexto prato na mesa? - Nesse momento, quando America tambem já estava a entrar na sala com os pais, a campainha tocou. O guincho de Marlee foi tal - Eu vou abrir a porta!! - Exclamou ela indo quase a correr. Ajetou o mini vestido que tinha antes de o fazer e dali, no meio da sala mas com alguma vista apra o hall através de uma porta de vidro, vimos Heath Prescott entrar e ser engolido - ou quase, dado que o tamanho não batia certo - por Marlee que o abraçou e tentou puxar para um beijo que ele pareceu gentilmente desviar. 

- Querida, está tudo bem com vocês ? - a minha mãe perguntou, percebendo logo que o ambiente entre nós estava tenso. Mason seguiu para dentro de casa, começando a falar com Marlee e eu apenas sorri

- Sim mãe, sabes como as coisas são. Tivemos um desentendimento mas está tudo bem - tentei acalmá-la - Precisas de ajuda com o almoço ?

- Se eu te contasse histórias do teu pai mas vais ver quando tiveres o teu primeiro filho, esses desentendimentos vão passar - baixei o olhar, assentindo. Exceto que eu não queria ter filhos, não depois de Haven. - Junta-te a eles, o almoço está feito - descansou-me e eu assenti, tentando não me deixar afetar pelo tópico que tinha surgido. Para um simples almoço de familia, estava tudo muito aprimorado

- Eu vou abrir a porta!! - Marlee saiu a correr de junto de Mason, dando oportunidade de me aproximar

- Já sabes do que se trata este almoço ? Está tudo muito animado - perguntei, arqueando a sobrancelha - Que se passa ? - a sua cara tinha ficado dois tons mais pálidos e os seus punhos estavam fechados. Olhei para onde ele estava a olhar e arregalei os olhos, sustendo a respiração. Heath tinha entrado pela porta da frente e Marlee estava a tentar trepá-lo como se se tratasse de uma macaca. Engoli em seco, desviando o olhar, tendo vontade de me enfiar num buraco

Por muito que eu explicasse a Marlee que não estávamos numa relação, ela fizera a decisão na sua cabeça. Do meu ponto de vista, nós andávamos a foder  há uns tempos e era isso porque eu era um masoquista e a ter nada, preferia ter alguém com traços faciais muito semelhantes à mulher que eu amava, e que quando sob o extremo efeito do álcool quase parecia a mesma pessoa. Tu estás doente, Heath. Eu sabia que o que estava a fazer era asqueroso, errado, cruel, mas não era de todo com o objetivo de magoar Mer. Era para me magoar a mim, para me vergar na humilhação e na vergonha de um homem que não tinha nada na vida.

Porém, uma coisa fizera e fora fazer Marlee jurar que America nunca saberia de nós os dois. Fizera-a jurar a pés juntos e ela fizera-o quando percebera que a opção era isso ou pô-la porta fora do quarto de hotel. Por isso quando ela me implorou que eu fosse até casa dela num domingo só para dar olá aos pais dela, eu cedi porque afinal os Singer tinham-me acolhido na casa deles em tempos e, mesmo sabendo que eles não tinham adorado a ideia, a verdade é que aquela fora a minha primeira casa depois do hospital. Eu naquela noite estava tão pedrado que nem me ocorreu perguntar se America ia. Não podia, certo? Marlee tinha prometido que ela nunca saberia de nós os dois...

... Mas aqui estava eu, plantado na porta dos Singer, com uma bela garrafa de vinho e um ramo de flores na mão que segurava com força para não deixar cair porque Marlee atirou-se para mim, mas não sei antes eu estacar ao ver quem mais estava dentro daquela casa. Lancie-lhe um olhar duro e evadi o seu beijo. Por mim teria-me ido embora logo naquele instante mas o Sr. e a Sra. Singer vieram e desta vez eram muito mais amistosos, quaso emocioandos por me verem depois de terem achado que eu estivera morto. Abraçaram-me e receberam com gosto as ofertas que eu tinha trazido e empurram-me para a sala de jantar.

Eu não conseguia respirar por momentos. Vi Mason puxar America contra sim, colocando a mºao na cintura dela. Queria dar-lhe um murro. Pior era a expressao de America. Nada disto devia estar a acontecer mas tu sabias, não sabias Heath seu cabrão de merda? Tu sabias que um dia isto ia acontecer e deixaste-te cair na lama. 
- Bom, quem diria há uns anos que estaríamos todos aqui? Vá, vamos, sentem-se.  - meio que ordenou a Sra. Singer que se recusou a não ser a última a sentar à mesa. Eu entrei em modo automático, sentando-me oposto a Mason, Marlee do meu lado, America à frente dela, e os Singer em cada ponta. - Que bom é ter a casa cheia. E que bom tem sido ver a nossa Marlee tão feliz. Foi um espanto saber que eras tu a origem, Heath, querido - Nem sabbia como reagir à simpatia da mae dela. Em tempos não fora tão assim.

- Somos só amigos. Cruzámos-nos há uns tempos - Esclareci, nem conseguindo tirar o olhar do meu prato ou do meu copo que graciosamente o Sr. Singer encheu com o vinho que eu trouxera. Queria bebe-lo de um trago, queria beber a garrafa toda. Queria ficar tão numb quanto possível porque só a presença de Mer a meros centímetros deixa-me louco.

Deixei que Mason puxasse o meu corpo tenso contra o seu, baixando o olhar. Eu não ia chorar, não em frente ao meu marido ou em frente à minha família porque o amor da minha vida estava com a minha irmã. Agora entendia o prato a mais, era um almoço de introdução do novo namorado à família.

Fui para a mesa como a minha mãe mandou, em modo automático e mantive o olhar preso ao meu prato, evitando ao máximo o olhar na sua direção. Mason mantinha a conversa a fluir, tentando olhar na minha direção mas eu não conseguia olhar para ninguém agora. A simpatia dos meus pais com Heath confudia-me ainda mais. Porque motivo ele não era bom para mim mas para Marlee era? Ou agora era bom porque tinha uma carreira, tinha dinheiro e não era um zé ninguém? Eu nunca quis saber disso, eu não queria o dinheiro dele, eu só queria o seu amor e isso não fora o suficiente para os meus pais, agora não importava.

- Eu não diria que somos só amigos até porque eu tenho uma novidade para dar. - ouvi a minha irmã dizer. Fechei as mãos em punho debaixo da mesa, tentando respirar lentamente. Sentia-me a entrar em pânico, a perder o pouco controlo que tinha e a minha visão desfocava - Como todos sabemos, a minha querida irmã casou à um ano e eles estão a trabalhar para me dar um sobrinho ou uma sobrinha, quem sabe. Não é Mason ? - ouvi o seu riso e queria dizer que não era um tópico engraçado mas a sua voz estava a fugir-me e as suas palavras estavam a distorcer. Por favor, não digas o que estou a pensar. Por favor, que isto seja um pesadelo e eu acorde. - Eu convidei-os aqui hoje para este almoço, feito pela mãe. Obrigada mãe. Porque tenho uma grande novidade e já não aguentava manter este segredo. Mãe. Pai. Eu sei que isto é inesperado mas eu e o Heath... - chegou-se a ele para lhe pegar na mão - Nós vamos ser pais e vocês vão ser avós! - virou-se para Heath com um sorriso rasgado - Surpresa!

- O QUE ? - arregalei os olhos, olhando agora diretamente para Heath. Isto não podia estar a acontecer. Não com ele. Senti os meus olhos encherem-se de lágrimas. Este era provavelmente o meu pior pesadelo.

Tudo aquilo era inesperado. Tudo aquilo não tinha sido o que eu esperara. Mas nada, NADA, podia ter-me abalado como quando Marlee pegou na minha mãe e anunciou que estava grávida. O meu - O QUÊ! - revribrou na sala de jantar ao mesmo tempo que o de America. E eu não consegui evitar se não olhar para ela, enquanto Marlee me abraçava e os seus pais e Mason se levantavam para abraçar e dar os parabéns. Eu estava mudo, em choque, em negação.

Como? Cpmo é que eu tinha deixado isto acontecer? Não é díficil, estás bêbado ou pedrado sempre que se enrolam, disse uma voz na minha cabeça, admoestando. Eu ia jurar que punha sempre um preservativo. Aliás, tinha uma data deles mesmo em cima da cómoda do hotel. Além de que só há um mês, ou quase nem tanto, é que nos tinhamos começado a comer. 

Parte de mim que negar tudo aquilo, renunciar tudo aquilo. Queria recusava-me a partilhar um filho pelo qual tinha esperado tanto tempo com uma completa lunática, e muito menos a irmã da mulher que amava. Mas ao mesmo tempo, era o meu filho. Porra, porra, porra. 

Como é que eu conseguira foder tudo de vez?

- Marlee, porquê que não me disseste nada? Eu achei que estavas protegida - Bom, aquilo não era tema para levantar em frente aos seus pais - Eu preciso de apanhar ar, desculpem-me - levei a garrafa de vinho comigo, pouco importado com a impressão que dava. Saí porta fora e dei uns passos, encostando-me contra o muro exterior da casa. 

- Oh mana para a proxima es tu - disse-me quando lhe dei os parabéns. - Eu posso ser a primeira a ter um filho mas tu e o Mason andam a treinar, se nao conseguires eu posso sempre ser a tua barriga de aluguer, até faço isso por um preço de familia - estava furiosa, a ver vermelho com a sua sugestão . Fechei as maos em punho e estava pronta para lhe bater quando Mason me agarrou na mao e me levou para a cozinha com a desculpa fe que queria ajuda com a sobremesa

- Nao e justo Mace - deixei as lagrimas cair que tinha segurado tanto tempo. Eu tinha perdido a minha filha com ele e agora, pouco depois dele voltar, engravida a minha irmã como se nada fosse

- Talvez esteja na hora de nós aumentarmos a nossa familia. Podemos ter o nosso bebe - ele tentou acalmar-me mas eu afastei-o

- EU JA TIVE UMA FILHA A DOIS ANOS. EU NAO QUERO OUTRA - gritei, percebendo depois o que tinha dito e que toda a gente tinha ouvido

És completamente patético, Prescott. 

Olhei para a garrafa de vinho mas não lhe toquei. Ia ter de engolir a situação e assumir as minhas responsabilidades. Fizera merda da grossa e agora tinha que a enfrentar. Ainda era tudo demasiado para processar, mas se havia uma vida inocente envolvida, eu teria que dar o meu melhor. Recompus-me e regressei para o interior à procura de Marlee porque sentia que lhe devia algo, mas o ambiente estava tenso e foi quando ouvi o grito de America. Uma nova onda de choco ecoou pelo meu corpo, desta vez ainda mais brutal, mais aterradora. Quase que em modo automático, como se nada tivesse acontecido, entrei dentro da cozinha e pousei a garrafa de vinho no balcão ainda meio cheia e olhei para America, colocando-me entre ela e o seu marido - O que é que disseste? - perguntava como se não tivesse entendido as suas palavras, mas eu ouvira cada uma deleas. Cada. Uma. Delas. "Eu já tive uma filha há dois anos". Há dois anos tinhamos-nos nós separado. Isto não podia querer dizer... não.

Heath invadiu o meu espaço enquanto as minhas lágrimas caiam. Era como se mais ninguém tivesse a nossa volta, todos tinham desaparecido. Como é que eu lhe ia dizer que eu tinha perdido a nossa filha. Abanei a cabeça, soltando um soluço com o choro - Heath.. aqui não - limpei a cara e fechei os olhos, respirando fundo - Vem comigo - aproximei-me de Mason e beijei a sua bochecha - Desculpa. eu tenho de fazer isto - peguei na manga de Heath e puxei-o. Eu diria tudo a caminho do cemitério, talvez a andar fosse mais fácil -Heath eu nao sei como te dizer isto, talvez seja mais fácil mostrar-te, talvez não mas antes de dizer seja o que for eu tenho de pedir desculpa

Apesar dos protestos de todos, incluindo Marlee e Mason, America arrastou-me para fora de casa. Arrastar era a palavra certa porque eu estava completamente em choque e a tentar não pensar no pior cenário, mas sabendo no meu coração que não havia anda de bom que ela me pudesse dizer. - Mer, Mer, Mer -  mordio o meu lábio, confuso e a precisar de respostas mas ao mesmo tempo a querer prolongar enqaunto desse para não receber notícias que não queria. Eu sabia no meu intimo, sentia-o,  que isto ia ser muito mau. - Desculpa? - gora e não depois da cofnusão da nossa conversa do outro dia? Então passados quinze minutos a andar viramos a esquina e demos com a entrada de um cemitério. Não, não, não.

- Desculpa por te ter escondido a gravidez. Desculpa por ter vindo embora sem te dizer a verdade e.. - O maior pedido de desculpas de todos era o mais difícil porque por muito tempo que passasse, eu sentia a mesma culpa de sempre. Culpa por não ter protegido a nossa filha - Desculpa por ter perdido a nossa filha. Eu não a consegui proteger e foi tudo culpa minha - disse entre lágrimas, parando finalmente em frente da campa de Heath e Haven. Sabia o caminho de cor com tanta visita, a visão turva não me afetava porque eu já conhecia cada pormenor daquela lápide branca. - Eu entendo que nunca mais me queiras ver ou sequer queiras ouvir a história do que aconteceu porque é muito difícil e nada justifica o que eu fiz. O meu coração ainda se parte por nunca a poderes conhecer. - Tirei o meu fio com o medalhão com H e o anel de noivado dele. Pousei-o na sua mão para ele o ver. - H. H de Haven e Heath, os dois amores da minha vida que eu perdi. - Olhei para ele à espera de uma reação, uma vez que ele tinha vindo calado o caminho todo.

As palavras dela entravam na minha mente como se adagas se tratassem. Não fosse pelo choque, não sei como me conseguira manter impávido, tenso como tudo, a processar tudo o que ela me dizia. Como? Como? Como? Porquê? Porquê? Porquê? Não, não, não...

Agora que isto começava a cair em mim, toda a imensidade da perda - não fora só perder America, fora perder todo um futuro com uma filha nossa. A dor que deflagrou do meu coração para o resto do meu corpo foi súbita e arrasadora. As minhas mãos tremiam quando ela posou o fio na minha mão e foi aí que rebentei. Caí de joelhos em frente à campa que indicava Haven Singer Prescott e desabei por completo. Mal conseguia respirar entre os soluços e as lágrimas. 

O meu coração partiu-se quabdo ele caiu no chão a chorar e soluçar - Desculpa. Desculpa. Desculpa. - Fui pedindo, abraçando-o. Passei a mão nas suas costas para o tentar acalmar - Respira fundo amor. Preciso que respires - pedi. Eu tinha tido muito tempo para processar a perda da nossa filha e mesmo assim custava, custava pensar em todas as milestones que tinha perdido e ia perder. Os aniversários. Os sorrisos. Tudo.

Levou tempo e foi preciso reagir ao toque de America, esquecendo tudo o resto, para acalmar a minha respiração. As minhas lágrimas não deixaram de rolar, no entanto. O meu coração doía pela minha perda, pela perda dos dois, mas doía também pela perda que ela tivera de enfrentar sozinha. Esta era a extensão do quanto eu a amava, só a perspetiva da dor pela qual ela passara então ainda me quebrava mais do que a minha própria dor. Ainda em soluços e a olhar para a campa questionei - Como? Porquê? O que se passou? -  Precisava de compreender como é que tinhamos fodido tudo.

Respirei fundo e ainda abraçada a ele comecei-lhe a contar tudo desde o inicio - Eu ia contar-te, no dia do piquenique. Eu tinha descoberto uns dias antes e quis fazer-te uma surpresa, até um babygrow comprei e uma t-shirt para te dar - limpei uma lágrima que caiu - Depois descobri-te aos beijos com a Catherine e encontrei o contrato e não contei mas eu não me ia embora, não para Londres. Eu ia para um hotel para termos espaço e depois voltava mas recebi uma chamada a ameaçar-me e à bebé. Não te quis contar porque tinhas acabado de encontrar a tua família e não te ia separar deles e decidi que o melhor era vir embora de vez. Tu ficavas com a tua família e eu conseguia viver sem ti porque tinha a nossa filha, tinha um pedaço de ti comigo. Então voltei e não contei a ninguém da minha gravidez até ter tido um acidente, o acidente que me fez perder a Haven. Eu tinha ido buscar um bebé a uma clínica fora da cidade e havia uma tempestade, quando estavamos a voltar houve um acidente e a ambulância andou a virar-se connosco lá dentro sem cinto então depois de várias horas, ou o que pareceu horas, a nova ambulância chegou para nos vir buscar mas aí já eu estava a sangrar e em trabalho de parto, o que me forçou a contar a Mason. Como podes perceber, quando ela nasceu já não havia nada a fazer e eles tentaram mas não a conseguiram salvar. O Jordan apareceu umas semanas, no dia do suposto parto e disse-me que tu estavas morto. Foi nesse dia que eu tentei.. - engoli em seco - eu me atirei para frente do camião mas o Mason salvou-me - expliquei. Precisava que ele soubesse que eu não me envolvera com Mason antes da sua morte - Eu não me envolvi com ele até depois da tua morte. Até depois de me embebedar e fazer uma tatuagem e atirar-me a ele porque não queria morrer sozinha e nunca te poderia ter de volta

Não sabia quanto mais podia aguentar. Quanto mais dor sabendo por tudo o que ela passara sozinha,  enquanto eu estava a quilómetros de distância e só queria estar com ela. As minhas lágrimas eram também por América, eram por Haven, era pela família que podíamos ter sido não fosse aquela tragédia, e não fosse ela ter-me abandonado. No entanto naquele momento não conseguia sentir ódio, só dor e perda, e por muito que custasse, também só sentia o meu amor por Mer e pela nossa filha que eu nunca chegara a conhecer. - Lamento que tenhas passado por isto sozinha - lá consegui dizer, assim que tentei acalmar a minha respiração. Ainda estava a processar tudo mas retribuí o seu abraço e agarrei-a bem fortemente entre os meus braços. - Tudo o que podia ter sido... - engoli novamente um soluço que me impedia de respirar. 

- Shhhh, a culpa não foi tua. - fechei os olhos, acariciando as suas costas e os seus cabelos. Já tinha pensado muito no que podia ter sido, nos “e ses” de nós os dois - pensei muito nisso depois da tua morte mas se calhar era assim que era suposto acontecer, se calhar o teu filho não era suposto ser meu. - deixei-me ficar nos seus braços o máximo de tempo possível porque depois de estar privada do seu toque durante tanto tempo, sentia-me finalmente em casa

Perdemos conta ao minutos em que ficámos assim, simplesmente abraçado sno chão em frente à campa da nossa filha. Nossa filha, meu deus. Como podia o mundo ser cruel a este ponto. Depois disto não sabia como sair do buraco negro onde estava enfiado desde que ela me abandonara em Cape Cod. Mais recomposto, quebrei o nosso abraço. Voltei a observar a campa de Haven - Haven é um nome bonito. Não sei porquê que o destino nos lixou desta maneira, mas se houvessem finais felizes estávamos juntos aqui com ela - a minha mente estava a mil porque agora havia o anúncio de Marlee - acho que precisamos de conversar melhor e não aqui -  eu tinha tantas questoes e tanto para dizer que achava que ia rebentar.