Mer & Heath's

Não queria que ele me largasse mas também não devia estar confortável. Soltei uma risada seca quando ele fez o comentário do calor humano, aconchegando-me mais a ele - Isso só funciona porque tu és.. bem, tu - fechei os olhos - Não podes ficar doente, tens de ficar bem - apertei-o contra mim, suspirando. Não podia que algo acontecesse a ele por minha causa, a mais ninguém

- Sim.. tu és tipo o meu sol, sempre foste o meu porto seguro e sei que é ciência pele contra pele aquecer mas contigo é diferente - suspirei, sentindo o meu corpo começar a relaxar - é bom - murmurei

Era engraçado que ela me visse assim agora pois nos últimos dois anos sentira que quase deixara de fazer parte da sua vida. Embora não fosse de todo saudável nem por razões merecidas, estas últimas semanas intesamente ao lado dela tinham-me voltado a fazer sentir uma parte insubstituível da sua vida. - ... é bom? - Tal como um abraço amigo era bom? Ou? Odiava pensar nisto nesta altura mas havia sempre uma aprte de mim que, por muito que quisesse bloquear, desejava-a e a amava mais do que a uma amiga.

Assenti - hmm hmm - murmurei e deixei-me ficar em silencio. Talvez se eu ficasse ali, quando acordasse, tudo o que estava a acontecer seria apenas um pesadelo e eu acordaria com Mason e teriamos de ir para a escola. Heath, a gravidez, o estagio, tudo um sonho

- Ainda bem porque não tenciono largar-te - Aconcheguei-a mais no meu abraço. Ela ainda estava fria, mas começava a aquecer, podia senti-lo. No que dependesse de mim não soltava aquele abraço. Sobretudo porque receava muito o amanhã e o dia depois desse e tê-la a lidar com um luto recente. 

Deitada nos seus braços em silencio era quase como se o mundo e os problemas desaparecessem. Com o passar do tempo, o meu corpo começou a aquecer e a relaxar, fazendo com que adormecesse mesmo toda torcida nos seus braços. Por muito que quisesse, era impossível fugir a realidade e nem nos meus sonhos eu me livrava de reviver as horas anteriores. Acordei aos gritos, desembaraçando-me dos braços de Mason

Não estava a dormir que nem uma pedra apesar do cansaço, mas ainda assim dormitava devido ao cansaço e às emoções fortes do dia. Até ela me acordar com os seus gritos. Tinha que fazer alguma coisa e depressa. - America, sou apenas eu, o Mason!  -  Ela parecia estar quase em transe. Tentei aproximar-me - Mer diz-me o que se passa por favor!

- Não. Não. - Por muito que tentasse salvar Heath, Haven era impossivel. Eu tentava e tentava mas no ultimo momento ambos morriam a minha verde. Tudo por minha culpa. Tentei acordar daquele pesadelo mas estava presa num loop em que eles morriam uma e outra vez. Eu sabia que estava no meu quarto com Mason mas ver o amor da minha vida e a minha filha a morrer a minha frente, prendia-me no sono.

Tentei recordar oq ue aprenderamos a fazer quando pacientes se encontravam neste estado mas com ela à minha frente a gritar não conseguia reagir racionalmente. Tentei aproximar-me enquanto falava calmamente com ela apesar de não ter nenhuma resposta, era como se ela não me visse. - Mer, deixa-me ajudar-te. Mer, conta-me o que estás a sentir. Mer, acordo, por favor - Mas nada. Restava-me apenas tentar despertá-la com reaçºao física e meio desesperado e assustado por a ver naquele estado fiz a primeira coisa que me ocorreu: agarrei no seu rosto e beijei-a fortemente.

Uma e outra vez e o cenário era sempre o mesmo até que senti o meu corpo reagir a algo fisico. Abri os olhos e Mason tinha as suas maos na minha cara enquanto me beijava, ainda meio confusa deixei-me ir pelo beijo - Mason ? - pousei a mão no seu peito - Foi horrivel. Eu não conseguia acordar

Isto é errado. Isto é tão errado, disse a mim próprio. Mas quero tanto isto, pensei quando retribuiu o beijo, pelo menos dentro dos possiveis que tinha sido o seu despertar do transe. Dei-nos alguma distância - Já acabou. Estás acordada - Tentei examinar o seu olhar para pereber se ela estava completamente acordada.

- Não acabou - não sabia se era pior acordada ou a dormir. ainda me lembrava vivamente do pesadelo e eles ainda estavam morto, os dois - Eu quero que isto acabe - pedi-lhe desesperadamente. Não sabia quanto mais tempo aguentaria com as más noticias a virem

O meu coração doía por ela, doía mesmo. À minha frente estava uma fração da minha Mer, a melhor amiga que tinha uma vida descomplicada antes de um certo comatoso entrar na sua vida. Naquele momento daria tudo para voltarmos atrás no tempo para essa era descomplicada. - Sei que dói, Mer, mas com o tempo vai custar menos - Ou assim diziam. Levantei a mão para lhe afastar o cabelo da cara. - Se me deixares, levo-te ao Dr. Charles - o psiquiatra residente - e ele pode ajudar-te a lidar com isto. Também podemos sair da cidade por uns dias se achares que ajuda. Eu faço o que for preciso para te ajudar neste momento. - era quase uma súplica. Deixa-me ajudar-te.

- Nao. Se eu for ao Dr Charles depois ele nao vai deixar trabalhar e eu preciso disto. - comecei a abanar a cabeça. O trabalho era tudo o que me restava, se perdesse isso perdia tudo. - Eu volto ao trabalho, eu juro. Nao vais ter de tomar conta de mim nem te vou magoar mais, eu prometo - agarrei nos seus braços, olhando-o - eu so preciso de tempo

Questionava-me se podia acreditar nas suas palavras, se podia confiar que ela não voltaria a atentar contra si própria. Não estava cem por cento seguro. - Ok, por agora vamos fazer à tua maneira mas se não for só de tempo que precisas vais procurar ajuda - Queria que ela me prometesse - Promete-me, por favor - Precisava de a ouvir. - E não quero ouvir disparates. Vou estar ao teu lado este tempo todo. -  Olhei em redor - Podemos falar melhor mais tarde mas, se calhar, estava a pensar, podias viver comigo no meu apartamento. Talvez esteja na altura de largares esta casa e o que ela simboliza. 

- Sim - disse, não dizendo propriamente que prometia - Mason eu sou só um fardo. Já viste como ficaste ? - peguei no seu braço - E tudo por minha causa, podias ter partido um braço ou algo pior e depois ? - engoli em seco, tentando conter as lagrimas - O que ? - perguntei confusa - Não, eu não posso sair daqui. Foi a minha primeira casa, a casa onde eu engravidei. a casa onde eu tive a minha filha. Não posso.. o quarto dela - olhei para a porta. Do outro lado do corredor estava o berçário de Haven, tinha-o decorado sozinha mas estava praticamente acabado, não conseguia pensar em alguém a chegar e simplesmente mudar tudo

Sair dali parecia impossível, ainda por cima agora. Esta casa era o unico sitio onde tinha memorias com Heath e Haven - eu nao sei se consigo sair daqui, foi aqui que.. e.. - engoli em seco. O apartamento dele nao era a minha casa, era demasiado desprovido de memorias, de momentos - e iamos para o teu apartamento quanto tempo?

Eu compreendia que ela fosse muito apegada à casa, mas ao mesmo tempo via isso como problemático. Receava que ela não conseguisse seguir em frente. - Por uns dias. Mais se for preciso - Dependeria dela. 

Engoli em seco - Por uns dias só mas depois voltamos ou eu volto - falei no plural porque nao queria estar sozinha mas esta nao era vida para ele. Ele precisava de se concentrar em acabar o curso e eu também. Nem que fosse sozinha

Voltei a deitar-me, agarrando a almofada. Era uma coisa pensar que tinha de sair dali, outra era ser agora - Mason porque é que estás a fazer isto tudo ? - perguntei - Eu sei que és o meu melhor amigo mas fazes mais do que tens de fazer. Levar-me para o teu apartamento, manter-me alimentada.. como é que posso pagar-te por isto ?

Os meus olhos arregaralaram-se. Ela não percebia mesmo, pois não? Olhei-a à distância, estando eu em pé e ela agora deitada na cama. - A sério que tens de perguntar? Não farias o mesmo por mim? -  Questionei mas sem duvidar de qual seria a resposta. E depois, num laivo de egoísmo, talvez, acrescentei à minha resposta - E faço-o porque te amo.