Sala

Ainda bem que a sua cama não era daquelas que rangia. Menos uma preocupação para nós, que já tínhamos de conter os gemidos. Mas ela calava-nos colando os nossos lábios. E assim continuámos, entrelaçados um no outro, amando-nos de maneiras que até ali não tivéramos muito tempo para fazer, entregando-nos um ao outro incondicionalmente.

Estar com ele era como se finalmente tudo fizesse sentido. Os nossos movimentos coordenavam.se por si mesmos, os nossos corpos encaixavam como duas peças de puzzle, tudo fazia sentido - Amo-te Heath - disse entre beijos - tanto - continuei a dizer palavras de adoraçao

O que nós tínhamos sabia tão bem no meu coração que duvidava que alguma vez na minha vida anterior tivesse sentido o mesmo por alguém. - E eu amo-te, America Singer. A minha salvadora - Cada letra carregada de sentimentos. Não tardámos a encontrar o prazer juntos uns minutos depois.

- Eu posso ser a tua salvadora mas tu es a minha luz - quem nos ouvisse, deveria ficar enjoado com tanto mel mas ouvi.lo dizer aquelas palavras, enchiam.me o coraçao. Nao demorou ate que ambos tivessemos o nosso auge, uma onda de prazer que nos arrebatou a ambos

Estávamos em pura harmonia. Como que numa bolha só nossa em que, por fim, podíamos ser livres para fazermos o que quisermos - Fazes-me sentir tão bem - admiti um tom saciado e feliz. 

Sorri, passando a mao no seu rosto - conheço essa sensaçao - decorei os seus traços todos, o seu rosto brilhante e suado, as suas bochechas ligeiramente rosadas do calor e os seus olhos azuis brilhantes, azuis como o ceu limpo - agora se quiseres, podemos dormir

- Dormir para amanhã não aparecermos todos esgotados... - Apostava que não seria o caso. Abracei-a melhor contra mim e dei-lhe um último beijo - Boa noite, amor. 

Tinham-se passado quatro dias. Os meus primeiros quatro dias fora do hospital, embora ainda fosse lá que passasse mais tempo por ter treinos de fisioterapia ou mesmo quando ia falar com a agente social. A minha identidade estava perdida, mas tinha-me sido atribuído um número social britânico e pelo menos com isto já me sentia um bocadinho mais normal, pelo menos podia procurar por um emprego...Algo que já fazia, embora não tivesse dito na a America pois sabia que ela não ia apoiar, pelo menos tão cedo. Nós estávamos tão bem, numa bolha de felicidade apesar de já não passarmos os dias juntos, no entanto à noite compensávamos pelo tempo perdido. A sua familia era simpática comigo embora ainda estivesse desconfiados de mim e de America me ter incluído na rotina familiar deles. Por isso é que andávamos a ver casas para alugar. Aliás, estávamos a chegar de metro a uma delas onde a agente nos esperava para fazermos a visita. - Vai ser a segunda que vemos, achas que é desta?

Os dias iam passando e tinhamos criado uma rotina tão facilmente que parecia que estavamos juntos ha anos. Atualmente estavamos a procura de casa e apesar de ainda nao termos encontrado aquela que era A Casa, tinhamos visto bons potenciais - esta pode ser a tal, é em frente a um parque e um dia que queiramos fazer caminhada tem um pequeno penhasco que da para o rio - estava entusiasmada com a hipotese de morarmos juntos

Ainda não tivéramos tempo para explorar a cidade e Londres ainda me era tão real quanto a imagem de um postal com o Big Ben, mas sabia que assim que assentássemos fariamos tudo isso e passeios e idas a restaurantes e a tu o que um casal normal faria. - É realmente um sitio muito bom. Vamos ver então - Subimos até ao T1 que iriamos ver.

- Sim e no site dizia que havia possibilidade de expansao caso quisessemos acrescentar um quarto ou expandir a cozinha - estava entusiasmada com a possibilidade de ser uma casa pequena mas que podia ser modificada com o tempo, tal como a nossa uniao, agora era pequena mas no futuro nunca saberiamos. entramos no T1 e a agente mobiliaria ja nos esperava para vermos a casa - Heath, é isto

Olhei para o layout da casa e como era exatamente o que tinha envisionado para nos. A sala era pequena mas aconchegante, com dois sofas grandes e cheios de almofadas e logo em frente um arco que mostrava a cozinha minimalista e moderna. Ao nosso lado, a escada em L dava para um corredor que possivelmente dava para o quarto e casa de banho - Adoro. Era mesmo isto que tinha imaginado

Podia ver no seu rosto o quanto ela gostava do espaço. Isso para mim era suficiente para querer mudar-me para ali. - Quando é que nos poderíamos mudar? - Perguntei logo à agente. Eu e Mer estávamos abraçados pela cintura e já parecia certo esta naquele espaço. Fomos informados que uma vez os papéis, caução e primeira renda paga, poderíamos mudar-nos no fim de semana. Wow. - Parece que nos arranjámos uma casa!

Estava tudo a acontecer tao rapido que quase parecia mentira - Tens a certeza que gostas ? - perguntei.lhe, nao querendo que ele se mudasse para aqui apenas porque eu gostava da casa - É mesmo esta a nossa casa ? - comecei a sentir os meus olhos inundarem.se de lagrimas de tao entusiasmada que estava

Afaguei as suas costas com a minha mão - Tenho a certeza, Mer - E se não tivesse, ver a emoção na expressão dela confirmava-mo - Fiquei convencido ao ver o tamanho da cama. King size.  - Pisquei.lhe o olho. 

O meu sorriso era tao grande que as minhas bochechas doiam - Entao é isto - abracei.o com força - É a nossa casa. Eu nem acredito que encontramos uma casa! - era surreal como aquilo estava tudo a acontecer

- Não! Quero que me beijes para podermos celebrar a nossa casa - olhei para a casa e depois para ele - Eu acho que eles nao vao gostar mas depois de nos verem tao felizes que, eventualmente, vao ficar felizes por nos. Não estamos assim tao longe e não é uma casa permanente, é uma casa alugada

- Isso também serve - Ri-me e, num jeito à filme, tombei-a no sentido do cão, segurando-a sempre com o meu braço, de modo que o beijo foi todo ele digno de um filme de Hollywwod.

- Espero que compreendam - Pelo menos iam gostar de ter um estranho em casa deles. Por outro lado, esse estranho viveria sozinho com a filha deles. 

Agarrei.me ao seu pescoço, apreciando o momento. Uma casa nova, um namorado perfeito, o que é que eu podia pedir mais - Eles vao entender, não te preocupes. Agora vamos porque tenho de ir assinar papeis e tratar do dinheiro - era tao surreal que nos iamos mudar que eu mal acreditava nisso

A hora seguinte foi tratada a passar da papelada necessárias. Dada a minha falta de identidade, não poderia ser considerado co-arrendatário. Até ao fim do dia recebemos a chave do nosso novo apartamento, embora só pudéssemos começar a mudança no fim de semana. Estávamos agora a regressar para sua casa - Agora que vamos ter a nossa casa vai começar a verdadeira lua de mel - comentei divertido.

- Ate parece que te podes queixar muito. Se a memoria me serve bem, tens tido umas belas noites, ou estou enganada ? - perguntei, rodando uma das chaves na mao - A diferença e que agora podemos fazer barulho