Boston

Eu achava que seria apenas uma hora ou duas, mas levou a manhã e parte da tarde. Não se tratava apenas de uma reunião em relação à indemnização, mas também reuniões com antigos chefes comandantes. Quando regressámos a casa já passava das 17th da tarde. Tinha a cabeça num oito e trazia na mão uma fotografia do meu pai que tinha sido recuperada das minhas coisas após a minha presumida morte.
- Já viu filho, sabia que iriam fazer justiça à sua situação.  Uma indemnização com seis zeros e um novo contrato. Ah, tenho que ir recuperar a sua farda da sala de arrumos. É como o seu pai, nasceu para a carreira militar e tenho muito orgulho nisso.
Não queria de imediato contradize-la, até porque ela parecia genuinamente orgulhosa. Tinha sido ela quem fora implacável na mesa de negociações.  Mas seria aquilo que eu queria? E Londres?
Quando  chegámos à casa fui primeiro ao meu quarto onde guardei  o contrato de trabalho que me fora proposto. Fiquei apenas com o documento da indemnização e a fotografia. Fui à procura de Mer para lhe contar o que se passara.

Ela conseguia ler-me num instante. - Não,  não, não fiz asneira nenhuma - garanti. Aclareei a voz - Aliás, ofereceram-me uma indemnização ridícula  - passei-lhe o documento. 1.000.000 dólares.  - desde que assine um NDA.

- São as condições. Eu de qualquer das maneiras não me lembro de nada, nem mesmo dos tempos no Afeganistão excepto o que recordo em pwsadelos - ela sabia do que estava a falar - É uma batelada de dinheiro. Pelo que a minha mãe conta, se eu os processasse podia ganhar muito mais. É ridículo - eu estava verdadeiramente surpreendido - mas não quero processar ninguém - depois passei-lhe a fotografia que mostrava o meu pai mais em novo, na primeira gyerra do Afeganistão - posso não me lembrar de tudo mas sei que pertenço às Forcas Armadas tal como ele. Acho que toda a vida o fiz querer ter orgulho de mim. Não vou processar.

- Porque achas que não devia assinar o NDA? É só uma formalidade, creio - Eu ainda estava a processar tudo - Quanto a esta riqueza não é minha, é da minha mãe.  Não sinto que seja meu - expliquei - Um milhão é muito, mas podia finalmente pagar as dívidas hospitalares que criei em londres. E... e isto é só uma ideia, podiamos comprar a nossa casa? - observei qual era a sua reaçao - nestes últimos meses eu quase nunca tive dinheiro, exceto quando trabalhei. Tens sido tu a arcar com todas as despesas - eu queria fazer alguma coisa para variar.

Ela levantava um ponto interessante no qual eu não pensara ainda - a psiquiatra disse que a memória mais improvável de me surgir é precisamente a do trauma que me deixou assim - eu assumia que esse trauma fosse o que me tinha feito desaprecer da guerra - os militares parecem querer corrigir da maneira que podem, este dinheiro é uma forma de me dar uma base de partida - pelo menos era assim eu eu o entendia - eu sei que não me pediste nada de volda mas eu não me estava a referir a isso. Temos uma vida a dois e eu quero suportar-nos tal como tu tens feito. - fiquei admirado com as suas questões e o tom trémulo da sua voz. - A nossa casa em Londres, ora essa. Nós adoramos aquela casa, mas só temos um contrato de um ano. Seria nossa para sempre se a comprassemos - e eu sabia que ela não tinha o dinheiro para isso, nem o seu salário permitira pedir um empréstimo - Estivessemos onde estivessemos, seria nossa. Se ficarmos por aqui mais um bocado temo esta casa. Não vejo qual é a questão -  ou se calhar não queria ver o problema que ela me estava a apontar. Por isso não quis trazer logo o assunto do contrato de trabalho. Não era como se lhe mentisse, mas custava-me na mesma omitir sabendo que da última vez que o fzera quase nos tínhamos separado. Mas queria aguardar e pensar no assunto antes de falar com ela. Era tudo avssaaldor, tudo ao mesmo tempo - Preciso de tempo para processar tudo isto, Mer. Imaginei que chegava aqui e teria todas as respostas mas só tenho mais perguntas.  Ainda não estou pronto para regressar a Inglaterra.

Não compreendia porquê que ela estava tão inquieta, mas fazia-me perceber que era melhor mesmo não lhe falar já do contrato de trabalho - Mer, eu sei disso tudo e não te estou a pedir para sacrificares mais nada por mim. Mas acho que conseguimos encontrar um equilibrio - queria explicar melhor mas comecei a ve-la perturbada e depois ela desaapreceu para o quarto. Contive a vontade de ir atrás dela. Compreendia que isto também fosse difícil de processar para ela. Frustrado, atirei uma almofada contra a parede. O que é que eu ia fazer? O que é que eu queria?

Não sabia quando nem como America sairia do quarto. Não a queria incomodar se ela precisava de espaço.  Mas fechado em casa sem nada para fazer é que não conseguia. Enviei mensagem a Jordan que prontamente apareceu e me levou até ao outro onde costumavamos ir.

Não sei como mas o álcool subiu-me à cabeca muito rápido,  fazendo Jordan gozar comigo chamando-me light weight. - lembra-me de nunca mais voltar a estar na tua equi0a para berr pong, costumavas ser imbatível - comentiu mas eu só me ria. Não estava de todo habituado a beber álcool. Jordan acabou por me largar em casa mais tarde, não sei antes comentar a questão do contrato qye me tinham oferecido -  devias aceitar, voltavamos a ser uma equipa maravilha. Tu nasceste para seres um Marine - lá isso eu não sabia mas não descartava a hipótese logo à partida.  Meio cambaleante, passei pela porta de Mer e bati à porta.